Boris Johnson, um dos principais rostos da campanha pelo Brexit no Reino Unido, é mestre em diplomacia internacional. Ou, se calhar, não. O homem que estava na linha da frente para suceder a David Cameron à frente do Partido Conversador e do país não quis ficar com a batata quente de negociar a saída da União Europeia, não fosse a decisão provocar um ciclo de recessão económica e comprometer a sua carreira política. Mas a sucessora de Cameron, Theresa May, vê nele um talento das relações internacionais e chamou-o para liderar o Ministério dos Negócios Estrangeiros, no Governo que vai tratar de passar o Brexit à prática. Foi a surpresa geral e os jornais britânicos não perderam tempo a mostrar porque é que o ex-mayor de Londres talvez não seja a pessoa mais indicada para o cargo.
Ao longo dos últimos anos, Boris Johnson teve tantas intervenções políticas desastrosas, indelicadas, insultuosas – and so on – para com países e governantes estrangeiros que a maioria dos jornais está a optar por apresentar listas em vez de textos corridos. Como uma lista de supermercado, só para facilitar a vida ao leitor. Também nos parece melhor.
1 – Quando Barack Obama decidiu retirar um busto de Winston Churchill da Casa Branca, “um de vários”, Johnson insinuou que a ação “simbolizava o lado queniano do Presidente e o seu ancestral desagrado para com o império britânico, do qual Churchill era um defensor fervoroso”.
2 – Escreveu um poema sobre Recep Tayyip Erdogan – o “masturbador”, como lhe chamou -, que falava sobre a atividade sexual do Presidente da Turquia com uma cabra.
3 – Os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, tinham acabado quando se lembrou desta: “Todos os desportos internacionais foram inventados ou codificados pelos britânicos. Digo isto com respeito pelos nossos anfitriões chineses, que tão bem se superaram no pingue-pongue. O pingue-pongue foi inventado nas mesas de jantar inglesas no século XIX e chamava-se wiff-waff.”
4 – Num artigo de 2007 a defender a candidatura de Hillary Clinton à presidência dos Estados Unidos, escreveu sobre ela: “Tem cabelo loiro pintado e lábios carnudos, olhar azul de aço, como uma enfermeira sádica num hospício.”
5 – Um anos antes, descreveu a Papua Nova Guiné como um país de “orgias estilosas de canibalismo e matança de chefs.”
6 – “Tecnicamente falando, posso ser Presidente dos Estados Unidos“, afirmou na TV norte-americana, em alusão ao facto de ter nascido em Nova Iorque, em 1964.
7 – Numa visita a Tóquio, em 2015, é filmado a atropelar uma criança japonesa de 10 anos numa demonstração supostamente amigável de um jogo de râguebi.
8 – Na Palestina, foi recebido com protestos e teve de ir embora mais cedo do que o previsto, depois de dizer coisas como esta: “Um embargo comercial a Israel é algo completamente doido, só defendido no Reino Unido por académicos de esquerda emproados e com dentes tortos.”
9 – De passagem pelo Curdistão iraquiano, além de não ter recebido autorização para visitar a linha da frente dos militares britânicos em combate com o Estado Islâmico, partiu sem ter pago a conta num bar.
10 – Mensagem sobre a ameaça chinesa: “Não precisamos de temer os chineses. A China não vai dominar o mundo, não precisamos de ensinar mandarim aos nossos bebés.”
11 – Declaração pró-Brexit, sobre as más intenções da União Europeia (UE): “Napoleão, Hitler, várias pessoas tentaram isto. E acabou em tragédia. A UE é uma tentativa de fazer o mesmo com métodos diferentes.”
12 – “A única razão pela qual nunca iria a algumas zonas de Nova Iorque é o risco de encontrar Donald Trump.”
13 – Nicolas Sturgeon, primeira-ministra da Escócia e opositora do Brexit, não passa de “uma doninha voraz.”