Portugal é o segundo país da União Europeia (depois de Espanha) com menos proporção de jovens empregados e o quarto com a força de trabalho mais envelhecida (atrás de Bulgária, Letónia e Itália). Um cenário que se tem estado a acentuar: em 2023, havia menos 40% de jovens trabalhadores do que 20 anos antes, ao passo que o escalão dos 55 aos 64 anos cresceu 66%; e a faixa etária dos 44 aos 64 anos subiu de um terço para metade do total.
O envelhecimento dos nossos trabalhadores é uma das conclusões mais relevantes da análise da Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a uma série de indicadores que ajudam a caracterizar a população empregada – e empregadora – do País.
Os dados mostram, também, que Portugal se encontra abaixo da média europeia no trabalho em part-time, com apenas oito em cada 100 pessoas empregadas a ter este regime, o que nos torna o 10º da UE com uma proporção mais baixa. No caso das mulheres, é ainda pior, em termos comparativos: apesar de haver mais mulheres a trabalhar em part-time (dez em cada 100), o País é o 9º com a proporção mais baixa. Na Áustria e nos Países Baixos, campeões europeus neste indicador, mais de metade das mulheres trabalham em part-time.
Portugal é ainda o terceiro país europeu com maior percentagem de contratos a prazo: 17,4%, contra 13,4% da média europeia.
Uns mal pagos, outros mal instruídos
Onde, sem surpresas, também ficamos mal posicionados é nos salários. O salário médio anual de um português é de €20.483, quando a média da UE é €35.329, o que nos deixa numa pouco invejável 10ª posição (e ocupamos exatamente a mesma posição quanto ao salário mínimo). O ordenado médio mensal, incluindo subsídios de férias e de Natal, horas extraordinárias e prémios de desempenho, encontrava-se, em 2022, nos €1.368.
Levando em consideração o custo de vida, as coisas são ainda piores: passamos a ter o 5º salário médio mais baixo. Os países com melhores salários são Luxemburgo (€75.409), Dinamarca (€65.666) e Bélgica (€52.466). Os piores salários encontram-se na Bulgária (€11.850), Hungria (€13.705) e Roménia (€14.064).
A hotelaria e a restauração são os setores com os empregos mais mal pagos (€872,7), seguidos da agricultura, produção animal, caça, silvicultura e pesca (€916,2), da construção (€973,2), da saúde e ação social (€1.004,8) e da administração pública, defesa e segurança social obrigatória (€1.035,5).
Por outro lado, os empregos mais bem pagos encontravam-se nas empresas e organismos internacionais (€3.156,8), na eletricidade, gás e água (€2 243,1) e nas atividades financeiras e dos seguros (€1.705,2).
A análise da Pordata dedica ainda um pequeno espaço ao patronato nacional, que fica igualmente a perder face ao resto da UE. Portugal é o que tem maior proporção de patrões (trabalhadores por conta própria empregadores) sem instrução ou apenas com o ensino básico; 44% não têm mais que o 9º ano. Ainda assim, o cenário está a melhorar: há dez anos, eram 60%.