Se nunca ouviu falar em NFT, não se preocupe, e continue a ler. Se sabe o que são, já terá entendido como podem mudar radicalmente muitas regras e práticas, tanto no mundo digital como no físico – continue a ler, também. Quem fala em mudança de regras, pode falar em mudança de vidas. “Havia duas equipas de filmagem comigo e eu estou num Clubhouse com umas mil pessoas. Estou literalmente sentado com toda a minha família”, contou Mike Winkelmann, mais conhecido como Beeple no mundo da arte digital. “Estamos a ver o leilão e as pessoas começam a dizer que houve um grande salto de 25 para 50 [milhões de dólares]. O nosso écran não atualizou, portanto achei que estavam a gozar. Quando passou mesmo para os 50 milhões, eu só pensei ‘oh meu deus!’. Levantei-me e afastei-me. Foi uma loucura.”
Esta é a descrição que Beeple faz do momento em que soube que se iria tornar milionário, há pouco mais de um mês. O valor acabaria por escalar até aos 69 milhões de dólares (57,1 milhões de euros) por uma obra de arte que nunca saiu de um computador. Ele não estava a vender um quadro ou uma escultura, mas sim um ficheiro digital com o título Everydays: The First 5,000 Days. Há mais de uma década que Beeple cria, diariamente, uma obra digital e aqui estão todas reunidas numa gigantesca colagem (também digital, claro). Entrou, assim, para o superexclusivo “top 3” dos artistas com obras mais caras vendidas em vida (ao lado de Jeff Koons e David Hockney). A tecnologia que permite que haja gente disposta a pagar milhões por esse ficheiro está a gerar amplo entusiasmo, da arte ao desporto. Chama-se NFT e ajudou a criar novos mercados, desafiando, na era digital, o que entendemos como propriedade.