Um rock menos sombrio e mais festivaleiro. Quatro anos depois, Bruce Springsteen regressa esta quinta-feira, 19, ao palco do Rock in Rio, no parque da Bela Vista, em Lisboa, com a promessa de aligeirar a carga melancólica transmitida pelo álbum duplo The River, que celebra 35 anos e serviu de mote à sequência de 73 concertos que o Boss tem agendados para 2016.
Nos espetáculos já realizados em território norte-americano, Bruce e a sua E Street Band tocaram as 20 músicas do álbum de 1980, reeditado em Dezembro passado, fortemente influenciado pela recessão que se vivia à época nos Estados Unidos – e que o artista retratou de forma dura. “Foram tempos difíceis. Escrevi a canção que dá nome ao álbum para a minha irmã e o meu cunhado, que perdeu o seu trabalho na indústria da construção e teve de lutar muito durante os anos 70”, revelou o cantor num concerto de 2009.
Para a digressão europeia, que arrancou este sábado no estádio do Barcelona, com uma enchente de 65 mil pessoas, e prossegue hoje em San Sabastián, The River continuará a ser peça central dos concertos, mas nem todas as canções estarão presentes, ao contrário do que sucedeu na América. Bruce Springsteen receia que oferecer todo o lado sombrio do álbum aos europeus os possa entediar e deprimir, e decidiu reduzir os temas a tocar do álbum de The River – na Catalunha ficou-se pelos 12.
No terceiro concerto europeu da The River Tour, em Lisboa, os fãs podem esperar um repertório semelhante, com um rock mais alegre e menos dramático no alinhamento do Boss, que adora entrelaçar os dois lados da vida nas músicas que faz. “O rock and roll sempre foi alegria, uma certa felicidade que à sua maneira é a melhor coisa da vida. Mas também é sobre dificuldades, frieza e solidão. Cheguei a um ponto em que percebi que a vida está cheia de paradoxos e tens de saber viver com eles”, diz na biografia que Dave Marsh lhe dedicou, em 2004.
Em Lisboa, e em toda a digressão europeia – que só acaba em 31 de Julho, na Suíça -, haverá mais do primeiro ingrediente, com o intuito de agradar aos fãs. Aos 66 anos, Bruce continua com essa prioridade sempre em mente e não se estranhe que, como aconteceu em Barcelona, a determinado momento do concerto dê a escolher que música vão querer ouvir a seguir. À Boss.