AS MINHAS MÃOS SÃO O MEU MEIO DE AJUDA
Ponto 1 – Um menino que nasce é sempre motivo de alegria. Assim me ensinaram, assim fui aprendendo ao longo da vida. Porém, não foi o que vi nas atitudes e comentários daquela mãe e daquele avô que reivindicam sei lá o quê porque a criança linda que nasceu não tem um pezinho.
Motivo para pensarmos na construção de uma nova lixeira – proponho que a céu aberto – para servir de berço a estes pequeninos que vão surgindo na vida com quebras nas possíveis esperanças dos que lhes quiseram dar vida. E ofereço-me para ajudar a abrir tais espaços de sobras humanas pedindo a gente de boa vontade que me acompanhe em tarefa tão nobre.
Como é evidente, este último parágrafo foi uma provocação feita para que todos pensemos em vez de estarmos a “bater no peito” e a dizer que somos católicos porque vamos ali à missa e confessamos pecados que fizemos esquecendo os outros que também fizemos quando por egoísmo e preguiça não nos envolvemos na salvação do mundo que nunca foi nem é nossa única e própria salvação.
Porque me pareceu que aquelas pessoas que reivindicavam uma criança sem defeito o que queriam era uma boa quantia em dinheiro para se calarem e levarem o bebé para casa, proponho que observemos um pouco do tanto e tão mau que este País tem andado a fazer criando com isso mentes deturpadas e perversas, aproveitadoras de ocasiões várias e menores numa semelhança a quem os encaminha ou finge encaminhar.
E comecemos pelos cortes contínuos e continuados nos pequenos rendimentos do povo. E pela vergonhosa riqueza que está a ser acumulada por alguns privilegiados a coberto de governantes e detentores de cargos de confiança desses mesmos que ditam as leis a cumprir pelo tal povo de miseráveis rendimentos.
Quem tem duas reformas, mesmo que baixas, perde uma delas. São transferidos serviços de apoio médico para longe dos utentes ao mesmo tempo que se lhes retiram transportes gratuitos e aumentam taxas moderadoras. Sobem-se transportes, alimentação, portagens, rendas de casa, impostos sobre todos os bens e serviços, e por aí fora…
Falta-nos só um trabalho – dividir o País em duas partes, uma para os que têm poder económico e outra (maior, como é evidente) para viverem os outros. Os governantes reuniam e legislavam, os ricos viviam como entendiam fazê-lo e os outros iam desaparecendo progressivamente de acordo com a idade e os meios que tivessem para prover às suas vidas.
Concluo – podem desaparecer os pequenos que os grandes agradecem.
Ponto 2 – Fui sabendo por estes dias que a falta de medicamentos urgentes no Hospital do Divino Espírito Santo tem sido uma constante. Também me informaram de casos em que doentes preparados para cirurgias têm regressado a casa, sendo-lhes informado que no mês seguinte serão atendidos.
Bem entregues estamos nós a esta gente!
Embora haja males que não têm remédio, pergunto-me se quem andou a gastar rios de dinheiro em estradas, empresas públicas e municipais, elefantes brancos para eventos que raramente aconteceram, acontecem ou acontecerão, nunca pensou que a Saúde é o maior bem que se pode ter e oferecer a um povo que trabalha e merece todo o apoio em situação de doença em particular quando a mesma é grave e apresenta risco de perda de vida.
Há prioridades, senhores da política que tomam decisões. E não me refiro ao Partido A, B, ou C. Estão a parecer-se cada vez mais todos eles. Quem gere as finanças não pode descurar áreas como a da Saúde. Há muita gente que não pode ir à procura de serviços médicos fora da RAA.
Este trabalho contem alertas, como bem se vê. Uso o meio que tenho nas mãos, que é o da escrita, para ajudar a despertar consciências. Quem tem outros que faça coro comigo. Agradeço.
Dra. Maria da Conceição Brasil
09/01/2012