As estrelas são verdadeiras ‘fábricas’ cósmicas que absorvem elementos do ambiente à sua volta e os fundem, o que dá origem a novos materiais. Quando chegam ao fim do seu ciclo de vida, espalham os resquícios deste trabalho pelo Universo e fornecem à próxima geração de estrelas um ponto de partida mais avançado.
Agora, um estudo de investigadores da Universidade Estatal da Carolina do Norte, nos EUA, quis perceber qual o limite para este processo e quão pesados podem ser os elementos gerados desta forma. A massa atómica (representada pelo símbolo u) define quão pesados ou leves os elementos químicos podem ser, tendo em conta o número de protões e neutrões no núcleo de cada átomo singular. O elemento mais pesado de que há registo, a acontecer de forma natural, é o urânio (238 u). No entanto, nas estrelas, há agora pistas que apontam para a existência de elementos com massas superiores a 260 u, noticia o New Atlas.
Estas massas acontecem pelo chamado processo-r, que só pode ocorrer em ambientes extremos das estrelas. Ian Roederer, que lidera o estudo, conta que “o processo-r é necessário se queremos fazer elementos que sejam mais pesados do que, por exemplo, ferro ou bismuto. Podemos ter de adicionar muitos neutrões muito rapidamente, mas o desafio é que precisamos de muita energia e muitos neutrões para o fazer. O melhor sítio para encontrar ambos é no nascimento ou na morte de estrelas de neutrões, ou quando estas colidem e produzem ingredientes em bruto no processo”.
O estudo teve em conta a análise a 42 estrelas da Via Láctea que contêm elementos pesados forjados na geração inicial e a abundância destes elementos coletivamente, encontrando padrões que foram negligenciados até agora. Depois numa lógica reversa, ou seja, partindo da massa atual dos elementos observados, os cientistas calcularam uma possível taxa de decaimento e calcularam a massa dos elementos químicos mais pesados que lhes terão dado origem.
“Estes 260 u [valor de massa atómica] são interessantes porque não detetamos previamente nada tão pesado no Espaço ou naturalmente na Terra, nem mesmo em testes de armas nucleares. Vendo-os no Espaço dá-nos uma orientação de como pensar em modelos e na fissão – e pode dar-nos mais visão sobre como é que a diversidade rica de elementos aconteceu”, conclui o investigador.
Leia o estudo completo publicado no Science.