A dias de começarem as obras de ampliação do Museu de Arte Contemporânea de Serralves – o novo edifício poente, da autoria do arquiteto Álvaro Siza, aumentará em 40% a área expositiva e deverá estar concluído em junho de 2023 –, a Fundação de Serralves apresentou, nesta segunda, 24, a linha programática para este ano. A ocasião serviu ainda para Ana Pinho, presidente do Conselho de Administração da fundação, fazer alguns balanços, nomeadamente no que respeita à Coleção de Serralves “cada vez mais central e enriquecida com novas aquisições, doações e depósitos”, o que se traduziu em 12 milhões de euros de novas obras só no último triénio.
Numa altura em que se encontra “a ser ultimada” a parceria com a Fundação EDP para a gestão programática do MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, Ana Pinho sublinha que Serralves dará continuidade a “exposições de grande impacto internacional”, além de uma “grande atenção aos artistas portugueses”, ao mesmo tempo que quer levar “muitas exposições a vários países”, como Espanha, França e a Macau.
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O artista plástico libanês Tarek Atoui toma conta do museu e do parque já em fevereiro, com obras escultóricas e sonoras que mostram o som dos portos das diferentes cidades que visita desde 2014. Em Serralves, o artista e compositor inaugura duas produções sobre o Porto e Singapura.
Em março, chegam trabalhos do primeiro brasileiro na programação deste ano: José Leonilson, artista que se destacou na geração de 80, cuja obra é apresentada pela primeira vez na Europa. Já em setembro será a vez da artista brasileira Rivane Neuenschwander, conhecida por explorar linguagem, Natureza e geografia, na reinterpretação de histórias coletivas, e cujo trabalho foi comparado aos de Lygia Clark e Hélio Oiticica pelo The New York Times.
Este ano, a partir de abril, a Coleção de Serralves dará destaque ao trabalho de Ana Jotta, através de uma mostra de vídeo e fotografia da artista plástica lisboeta. No Parterre Central, no Parque, há de nascer em maio o pavilhão temporário do compositor e artista visual japonês Ryoji Ikeda, “uma lenda da música experimental e da arte no Japão”, sublinha o diretor do museu, Philippe Vergne.
Mas a grande exposição do ano, que unirá o parque ao museu, será uma retrospetiva do escultor Rui Chafes (de julho a janeiro de 2023) que “incidirá sobre alguns dos trabalhos mais fenomenológicos do artista, revelando como a escultura é essencialmente uma experiência de espaço, tempo, luz e volumes, assim como uma experiência humana”. A mostra de Chafes há de cruzar-se com a da coreógrafa Vera Mantero (inaugura em junho), bailarina com uma carreira com mais de 30 anos, cuja retrospetiva inaugurará precisamente com a escultura/performance Comer o Coração, que juntou os dois artistas em 2004.
Já em julho, a Biblioteca de Serralves dará a ver desenhos de Maria Antónia Siza (mulher de Álvaro Siza), provenientes do seu espólio em depósito na Fundação de Serralves, e, em outubro, inaugura-se a exposição Pas de Deux que junta obras de Juan Miró em diálogo com artistas contemporâneos.
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Numa altura em que se avança com a digitalização integral da obra de Manoel de Oliveira, a Casa do Cinema Manoel de Oliveira recebe, em junho, uma grande exposição e um ciclo de cinema da cineasta Agnès Varda (integrados na Temporada Cruzada Portugal-França). Até lá, continua em exposição O Princípio da Incerteza que explora a parceria criativa entre Manoel de Oliveira e Agustina Bessa-Luís.
O Serralves em Festa (em junho) deverá voltar à forma presencial, assim como a Festa de Outono e o Bioblitz, depois de um interregno no último ano. Nas artes performativas, o destaque vai para a nova peça coreográfica de Adam Linder (já em março) e, depois do verão, para vários trabalhos resultantes da doação do Arquivo Atelier Re.al, de João Fiadeiro, ao Museu de Serralves.
No Parque, agora sob a direção de Helena Freitas, continua a apostar-se na educação ambiental e na sustentabilidade com a reabilitação do Roseiral, a construção de uma nova estufa e uma série de conferências e exposições à volta dos fungos.
Destaques na agenda para 2022
Fevereiro
Water’s Witness, de Tarek Atoui (fev-ago)
Março
José Leonilson (mar-set)
Adam Linder
Abril
Ana Jotta (abril-out)
Joana Castro (Festival DDD)
Gustavo Ciríaco (Festival DDD)
Beatrice Dillon + Zinc & Copper
Maio
Ryoji Ikeda (mai-mai 2023)
David Douard (mai-nov)
Junho
“O que a Minha Dança Diz”, de Vera Mantero (jun-jan 2023)
Agnès Varda (jun-set)
Julho
Rui Chafes (jul-jan 2023)
Maria Antónia Siza (jul-jan 2023)
31º Jazz no Parque (2, 9 e 16 jul)
Setembro
Rivane Neuenschwander (set-março 2023
O Museu como Performance
Outubro
The Garden of Earthly Delights: A Tale of Digital Entropy (out-abril 2023)
Joan Miró: Pas de Deux (out-abr 2023)
Novembro
Vera Mota (nov-maio 2023)
João Fiadeiro