De chapéu de feltro, blazer de xadrez e o habitual charuto na mão, Pedro Cabrita Reis é uma personagem singular a circular no armazém da Corticeira Amorim, em Mozelos, Santa Maria da Feira, mas afasta a estranheza da sua presença com uma frase: “Gosto de trabalhar em sítios diferentes… O atelier é o cérebro do artista.” Ali são dados os últimos retoques na sua mais recente obra, As Três Graças, antes de partir para o Jardim das Tulherias, no Museu do Louvre, onde estará exposta, de 13 de fevereiro a 7 de junho.
A tríade de esculturas é pintada de branco-marfim, à exceção de uma faixa na base, que revela a cortiça de que é feita. “Estas peças têm de ter um halo à sua volta, aquilo a que Monet chamava um envelope luminoso, que é dado pela refração da luz do dia sobre este branco e lhes confere leveza e elegância. Quis que dialogassem com a estatuária que as rodeia nas Tulherias e que se integrassem no fluxo da História de Arte… Isto vai, muito rapidamente, tornar-se uma obra clássica”, explica Cabrita Reis; ele que, apesar de todas as polémicas, controvérsias e debates protagonizados a partir da sua obra, se define como “um artista clássico”, mais interessado em seguir uma linhagem do que em provocar ruturas. “Estas Três Graças nascem de todas as Três Graças que eu vi, isto é o que eu trago para esta história longa”, diz o artista, de 65 anos.