O centro abriu com a mostra “O Surrealismo na Coleção Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian”
Lucilia Monteiro
Ainda não é a concretização total do projeto anunciado em 2013, mas é um passo significativo que justifica a revisão do nome, de Centro de Estudos para Centro Português do Surrealismo (CPS), inaugurado no passado dia 1 em Vila Nova de Famalicão. O edifício da Fundação Cupertino de Miranda (FCM), datado de 1972, viu o interior reformulado pelo arquiteto João Mendes Ribeiro, mudando o espaço museológico e o serviço educativo para os primeiros dos dez pisos da emblemática torre, revestida pelos painéis de azulejos assinados por Charters de Almeida (cuja reabilitação está a ser pensada). A construção de uma segunda torre, projetada por Eduardo Souto de Moura, não foi abandonada, aguardando dotação financeira.
A mostra inclui desenhos, pinturas, fotografias e esculturas de algumas das figuras mais conhecidas do surrealismo português
Lucilia Monteiro
O crescimento da coleção da FCM, com mais de três mil obras, exigia outra sala de exposições que permitisse “fazer parcerias, nacionais e internacionais, e apresentar exposições itinerantes ou de raiz sobre a amplitude do surrealismo”, adianta António Gonçalves, o diretor artístico do CPS. Seguindo uma lógica de inventariação, pretende-se calcorrear as instituições portuguesas com uma ligação a este movimento artístico. A mostra inaugural, O Surrealismo na Coleção Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, permite “revisitar um dos núcleos mais expressivos de obras surrealistas [cerca de 60, selecionadas para esta ocasião] e fazer uma apreciação global do que é surrealismo no contexto nacional”, sublinha António Gonçalves. Peças singulares, entre desenho, pintura, fotografia e escultura, complementadas nesta exposição por outras (50) do acervo da FCM, cujos núcleos mais expressivos são dedicados a Cesariny, Cruzeiro Seixas, Fernando Lemos, Eurico Gonçalves e Júlio (que doaram ou venderam o seu espólio à instituição). “Tivemos o privilégio de lidar com parte dos artistas em vida e foi muito bom poder transmitir-lhes o que era este projeto, acarinhado por eles”, conta António Gonçalves.
Está prevista a realização no Centro Português do Surrealismo de duas a três exposições anuais, revisitando um contexto político e artístico, dos anos 20 aos 50 do século XX, em que se conseguiu ultrapassar a repressão à liberdade em Portugal.
Fundação Cupertino de Miranda > Pç. D. Maria II, Vila Nova de Famalicão > T. 252 301 650 > seg-sex 10h-12h30, 14h-18h, sáb 14h-18h > grátis