
Catalisador do orgulho nacional, porta para o mundo, projeto faraónico… Muito se diz, ainda, sobre os efeitos da Expo’98, agora que se cumprem duas décadas da realização dessa Exposição Mundial dedicada aos oceanos. A estes argumentos, acrescenta-se o triunfo de esta iniciativa ter estimulado a criação, em tempo recorde, de uma chamada “cidade dentro da cidade”. O Parque das Nações transfigurou a negligenciada zona oriental da capital, naquele tempo entregue a rotinas industriais, fazendo emergir uma nova e (então) cintilante zona urbana, toda ela apostada em vidros aparatosos e tecnologias que contrastavam com o charme sossegado de Lisboa. A memória é curta, e muitos, já habituados a usufruir desta nova margem ribeirinha, desconhecerão essa paisagem esquecida.
O fotógrafo Bruno Portela chamou a si uma tarefa arqueológica: a de documentar o passado urbano e a criação do Parque das Nações, os seus protagonistas e operários, na exposição Você Não Está Aqui. Testemunho social, documento sociológico, este espírito de viagem ao passado coletivo é acentuado pelo facto de esta mostra com 78 fotografias de grande formato estar patente no espaço público. As imagens captadas por Bruno Portela ao longo do tempo vão estar dispostas em sete núcleos, cada um deles instalado numa determinada área da antiga Expo’98. A saber: Oceanário, Pavilhão Atlântico, Pavilhão de Portugal, Torre Vasco da Gama, Torre Galp, Centro Comercial Vasco da Gama e até na Ponte Vasco da Gama. Lugares emblemáticos, investidos pela carga simbólica da nova urbe que se desejava reluzente e exemplificativa das aspirações cosmopolitas à beira do novo milénio. Para ajudar a recordar esta construção coletiva, estão previstas visitas ao circuito expositivo no primeiro domingo de cada mês, na companhia do fotógrafo e de convidados, por esta ordem: Rui Cardoso Martins, João Paulo Velez e Ana Sousa Dias.
Você Não Está Aqui > Parque das Nações (vários locais) > T. 21 882 0090 (Festas de Lisboa) > 9 jun-30 set > grátis