No passado dia 5 de março, a Comissão Política do PS Oeiras reuniu para discutir e votar o nome de Ana Sofia Antunes como candidata à Presidência da Câmara Municipal de Oeiras. O resultado foi uma aprovação inequívoca, um momento que não apenas agregou as diferentes vozes da concelhia, mas que também marcou um ponto de viragem, creio.
Depois de anos de desaires, o PS de Oeiras parece finalmente encontrar um rumo, uma liderança capaz de galvanizar as suas bases e de oferecer uma alternativa real aos munícipes. Uma alternativa competente, experiente e agregadora, de modo a colocar o PS Oeiras como a única solução possível de quem quer um executivo diferente neste concelho.
Este não foi apenas um voto num nome; foi um voto na possibilidade de um futuro diferente já em 2025, e de vitória em 2029.
Ana Sofia Antunes chega a esta candidatura com um currículo que fala por si.
Deputada do Partido Socialista, antiga Secretária de Estado da Inclusão durante três governos socialistas, entre 2015 e 2024 – não é mero acaso ter sido reconduzida sucessivas vezes durante 9 anos. Tem experiência autárquica em Lisboa e em Coimbra, traz consigo, uma bagagem política sólida e diversificada, que há muito faltava em Oeiras.
Integra a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e a Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, além de ser coordenadora do PS na Comissão de Assuntos Europeus. Sob o lema “Em Oeiras todos contam”, a socialista apresenta uma candidatura que se descreve como “jovem, arrojada, de futuro e corajosa” – palavras que refletem não só a sua visão, mas também o seu percurso. Ana Sofia é uma líder testada, com provas dadas na defesa da inclusão e dos direitos fundamentais, qualidades essenciais para um concelho que precisa de se reinventar.
Não sou dado a alimentar episódios lamentáveis como o que ocorreu na Assembleia da República, quando Ana Sofia Antunes (e não só) foi insultada por deputados do Chega – correndo o risco de, mais uma vez, dar voz a quem não merece ser mencionado.
Mas há coisas que não podemos deixar passar. Para além do insulto, acusaram-na de só saber falar de um tema, numa sessão em que, ironicamente, abordava esse assunto pela primeira vez em plenário. Acusaram-na de limitação, quando ela coordena os Assuntos Europeus do PS e integra inúmeras comissões, provando uma versatilidade que os seus detratores jamais compreenderão.
Não me surpreende: a compreensão básica e a convivência democrática não habitam nas mentes daqueles para quem a mediocridade intelectual é um troféu.
Quem só sabe falar de um tema, são aqueles que abrem a boca e ligam os microfones para destilar ódio e roçarem a mediocridade. Por isso, nunca vencerão.
Mas há algo inspirador na Ana Sofia Antunes, que teve de lutar o dobro – ou até o triplo – do que qualquer outra pessoa para chegar onde está. Nada lhe foi dado de mão beijada. Cada conquista foi fruto de resiliência, determinação e uma vontade inabalável de ultrapassar barreiras.
Esta candidatura é mais um capítulo dessa jornada, um desafio que não será fácil num concelho onde o culto da personalidade (como já cantavam os Living Colour) é prática quotidiana. Oeiras tem sido dominada há demasiado tempo por um homem – Isaltino Morais – que, na reta final da sua carreira (felizmente), parece mais focado no mediatismo e nas poses para o Instagram do que nas necessidades de quem aqui vive.
Esta eleição coloca-nos perante um contraste claro: de um lado, um líder que se deixou esmorecer, que perdeu ambição, que não entende o que tem de perdurar; do outro, uma mulher corajosa que quer devolver a voz a todos, que acredita que Oeiras pode ser mais do que um palco para vaidades pessoais.
Para que o PS seja a força que Oeiras precisa, é essencial que saiamos da armadilha dos 10% que nos atormentam desde 2021. Os sucessivos desaires eleitorais mostram que precisamos de alargar a nossa base, de falar para além do núcleo duro e reconquistar os socialistas que, sim, existem em grande número neste concelho.
Com a possibilidade cada vez mais concreta de um “casamento” entre Isaltino e o PSD – uma aliança que parece saída de um filme siciliano, uma vendeta política onde o PSD se ajoelha para recuperar relevância – o PS tem uma oportunidade única.
Há uma percentagem considerável de eleitores em Oeiras que, eleição após eleição, votam PS a nível nacional, mas que nas autárquicas se refugiam no regaço de Isaltino. São eleitores que acreditam nos valores socialistas – mas que ainda não encontraram nas nossas propostas locais o reflexo dessas ideias. Cabe-nos agora construir uma plataforma agregadora, de futuro e ambição, que os traga de volta.
Ana Sofia Antunes é a pessoa certa para liderar essa missão. A sua candidatura não é apenas uma aposta num nome, não se esgota aí; é um sinal de que o PS está pronto para virar a página em Oeiras.
Estou certo de que estamos a assistir a um ponto de viragem histórico. Este é o momento de provar que, em Oeiras, o futuro pode ser bem mais do que o eco de um passado gasto.
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