Será um hotel dentro de uma cave ou uma cave no interior de um hotel? A dúvida fica a pairar quando entrarmos no parque de estacionamento do novíssimo Tivoli Kopke Porto Gaia (abriu a 1 de fevereiro) e, do lado esquerdo, observamos centenas de barricas com vinho do Porto a envelhecer. Mais tarde, visitaremos essa adega (há outra e bem mais antiga), onde existe um balseiro gigante com mais de 103 mil litros de vinho que, contam-nos, teve de ser construído ali mesmo por não caber na porta.
O hotel de cinco estrelas, em Vila Nova de Gaia, resulta da parceria entre a marca hoteleira Tivoli, que há quase 20 anos não tinha presença no Porto, e a Kopke, a casa mais antiga de vinho do Porto (data de 1638), pertencente à Sogevinus. Chegados ao lobby, a garrafeira do wine bar espelha a aposta vínica com dezenas de prateleiras cheias de garrafas do portefólio do grupo: Kopke, Calém, Velhotes, Barros, Burmester e Quinta da Boavista.

Da janela avistam-se os dois telhados cor de tijolo da antiga cave da Kopke (acredita-se ter mais de 200 anos), que se encontra a ser requalificada, devendo abrir no fim de março, tanto a hóspedes como a passantes. Foi à volta desta cave de envelhecimento em pleno funcionamento, com vista desafogada para o Porto e Vila Nova de Gaia, que nasceram os novos edifícios deste hotel com 150 quartos de diferentes tipologias, entre elas, quatro suítes com 100 m². “Este legado da Kopke, que sempre foi a marca mais prestigiada do grupo Sogevinus, alia-se ao grupo Tivoli, com 91 anos de experiência na hospitalidade de luxo. Há uma vontade de ambas as partes de elevar a experiência hoteleira do turista”, diz Francisco Viana Brito, diretor da unidade, durante uma visita guiada.
Fotografias de Domingos Alvão, obras de Picasso
Neste projeto do arquiteto José Carlos Cruz somos abraçados pelo vinho do Porto e pela sua História, desde as áreas comuns aos corredores (alguns têm janelas para a tal cave antiga) e aos quartos, decorados com fotografias a preto e branco de Domingos Alvão, fundador da Casa Alvão e pioneiro em imagens do território duriense no século XX.
No exterior, encontram-se nove mil metros quadrados de jardins construídos em socalco, que atravessam a zona do spa e da piscina exterior (terá um bar a funcionar no verão) e hão de desembocar numa pequena vinha ainda em construção.

A espanhola Isabel López Vilalta, responsável pela decoração de interiores, apostou em tons sóbrios e no bordeaux (a remeter para a cor do vinho) em cadeiras, almofadas, tapetes ou fundos de cama. Uma galeria de arte atravessa grande parte das áreas comuns, com obras da coleção privada da Fundação Abanca (de Picasso a Dalí e Miró), o banco espanhol que detém a totalidade do grupo Sogevinus.
Restaurantes com chefe premiado
Atrair os locais e não hóspedes ao hotel é um dos objetivos através “de uma oferta cultural com concertos, provas de vinho e a exposição permanente” ou dos dois restaurantes com “uma cozinha atlântica desnuda [nua, genuína]” do chefe Nacho Manzano (três Estrelas Michelin no restaurante Casa Marcial, em Arriondas, nas Astúrias): o Boa Vista Terrace, mais tradicional, e o 1638 Restaurante & Wine Bar, este último de alta-cozinha, que abrirá em meados de março com um menu de 11 momentos apenas ao jantar. “Transformar este hotel em algo mais do que um hotel” é, sublinha Francisco Viana Brito, o objetivo do Tivoli Kopke. Em nome do vinho do Porto, claro.
Tivoli Kopke Porto Gaia > R. Barão de Forrester, 69, Vila Nova de Gaia > T. 22 410 5600 > a partir €300
Spa e restaurante abertos a passantes
Tivoli Shape Com entrada separada do hotel, o spa conta com sauna, piscina interior com água aquecida e vista panorâmica. As cinco salas de tratamentos de rosto e corpo, feitos com produtos da Natura Bissé, têm vista para um espelho de água exterior. Na massagem The Essence of Kopke (80 min., €190) utilizam-se pedras de xisto aquecidas e uma manta feita com rolhas de cortiça, numa viagem pelo Douro que finaliza com chá aromatizado com vinho do Porto. Seg-dom 9h-19h30

Boa Vista Terrace by Nacho Manzano Com vista para os jardins e o casario do Porto, o restaurante mais tradicional do hotel serve uma cozinha portuguesa com influências asturianas, do pequeno-almoço ao jantar. Um dos pratos-estrela é o arroz de capão (€29), idêntico ao que o chefe Nacho Manzano serve na Casa Marcial. Nas entradas, destaque para o brioche de bacon grelhado com mozzarella, a couve-flor com sardinhas fumadas e ovas de arenque e a tortilha de bacalhau e, na sobremesa, a rabanada de coco caramelizado. Seg-dom 7h-11h, 12h-15h30, 19h-23h