“Não vale a pena matar o pai”, defende à VISÃO Se7e o arquiteto Nuno Grande. O contexto é importante para entender a frase edipiana q.b.: a arquitetura portuguesa foi feita por profissionais que incorporaram a herança e a experiência da geração anterior, defende o curador de Os Universalistas. Um ciclo que, suspeita este académico, autor e programador, está a findar, já que os arquitetos nascidos pós-1960 organizam-se de outra forma, fundando coletivos autónomos. Revisitando cinco décadas de práticas, produção e pensamento da arquitetura nacional, a presente exposição ambiciona testemunhar tanto o modo como a disciplina foi marcada pela história política, social e cultural do País, como, inversamente, a sua influência na sociedade. E mostrar ainda que há um “universalismo particular” na maneira como os arquitetos portugueses têm criado a sua obra: uma dialética entre autoria e tradição arquitetónica e as culturas e contextos dos lugares – ou seja, uma articulação entre global e local. Um universalismo que, aqui, reclama o mesmo reconhecimento dado, por exemplo, à vocação universalista da diáspora e da literatura portuguesas.
Os Universalistas assume, assim, uma dimensão multimédia e aberta: entre os materiais referentes a 50 projetos (maquetas, desenhos técnicos e fac-símiles de esquissos e esboços), alinham-se textos tutelares de Eduardo Lourenço, cartoons politizados de João Abel Manta, fotografias-testemunhos de Alfredo Cunha. “Há um desejo de quebrar todos os muros e paredes”, confirma o curador. Organizada em cinco fases – a influência do internacionalismo moderno e do nacionalismo no fim da ditadura (1960-1974); o colonialismo (1961-1975); a Revolução dos Cravos (1974-1979); a integração de Portugal na Comunidade Europeia (1980-2000); o impacto da globalização (desde 2001) – a exposição abrange referências como Álvaro Siza (o “grande pai”), Fernando Távora, Souto de Moura, Carrilho da Graça, e nomes das últimas décadas, nomeadamente a dupla Aires Mateus.
Os Universalistas > Casa da Arquitetura > Av. Menéres, 456, Matosinhos > T. 22 240 4663 > 13 abr-19 ago, ter-sex 10h-19h, sáb-dom 10h-20h > €5