É com mais de uma centena de filmes, entre curtas e longas-metragens, de 60 países, que a festa do cinema regressa ao Teatro Municipal Rivoli, no Porto, entre esta terça-feira, 20, e 4 de março. À 38ª edição, o Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto, que tem o orçamento mais curto da sua história, cortou no “dispensável” e mantém o objetivo de trazer “o grande cinema do mundo ao Porto”, diz Beatriz Pacheco Pereira, diretora e co-fundadora da Cooperativa Cinema Novo, responsável pela organização. “Não é uma festa de terror, é de fantástico, com grandes filmes que abordam os problemas de hoje”, acrescenta. Daí, não se estranhe ver uma história de monstros e sangue ser exibida a par de um filme de autor, um drama atual ou mesmo de um documentário. “Vive-se aqui o cinema”, remata a responsável.
1. Lauro António é o homenageado desta edição
Cineasta, argumentista e grande divulgador do cinema, Lauro António é homenageado com o Prémio Carreira Fantasporto 2018, justificado por se tratar de um “autor ímpar”, que marcou o panorama cinematográfico nacional através de obras “invulgarmente bem concebidas, escritas e realizadas”. Dele, será possível ver apenas Manhã Submersa (3 mar, sáb 18h30), a primeira longa-metragem adaptada do romance com o mesmo nome de Vergílio Ferreira, que terá apresentado pelo realizador. O filme, que foi um êxito no festival de Cannes em 1980, é o mais conhecido de Lauro António, 75 anos, realizador que deu origem a Lauro Dérmio, uma das mais populares personagens de Herman José. E não só. “Para a minha geração é o crítico de cinema que preparou o caminho para a cultura cinematográfica no País”, reforça Beatriz Pacheco Pereira.
2. A abertura oficial e a competitiva
A abrir o festival está o filme Marrowbone (20 fev, ter 21h15), do espanhol Sérgio G. Sanchez, com Charlie Heaton de Stranger Things, que foi nomeado para os Prémios Goyas e fez parte da seleção dos festivais de San Sebastian e Toronto. Do sinistro palacete onde vivem três irmãos ameaçados por uma presença estranha passa-se para o drama da aristocracia russa do século XIX, na abertura das secções competitivas, com a projeção de Anna Karenina: Vronsky’s Story (23 fev, sex 20h30), de Karen Shakhnazarov, cineasta distinguido pelo festival em 2012. A fechar o Fantas, exibir-se-á uma trágica história de amor no mundo das corridas de automóveis em Le Fidèle (3 mar, sáb 21h), de Michael R. Roskam. Candidata belga ao Óscar de melhor filme estrangeiro, a produção tem no papel principal a atriz francesa Adèle Exarchopulos (La Vie de Adèle).
3. Para fãs de sombras e sangue
Apesar de atento aos dramas e questões da atualidade, o Fantasporto não passa ao lado do fantástico onde abundam assustadoras sombras e muito sangue. Assim, e só para os mais corajosos, celebram-se os 30 anos de um clássico do cinema de horror britânico: Dream Demon, filme de culto restaurado pelo British Film Institute, será projetado na presença do realizador Harley Cokeliss no próximo sábado, 24 fev, às 23 horas.
4. A produção nacional
Para abrir o apetite registam-se as antestreias mundiais de duas longas-metragens portuguesas na Semana dos Realizadores: Uma Vida Sublime, de Luís Diogo (25 fev, dom 19h), e Aparição, de Fernando Vendrell (1 mar, qui 19h). Se, na primeira, o terror vai andar à solta pela mão de um protagonista com a melhor das intenções, na segunda, o romance entre uma jovem sedutora, interpretada por Victória Guerra, e um professor de latim, inspirado na obra de Vergílio Ferreira com o mesmo nome, vai embalar este drama.
5. Tony Ramos e Rodrigo Lombardi
Tal como na edição anterior, o Fantasporto exibe filmes da mais recente produção da TV Globo, na qual destacam Meio Expediente, de Santiago Dellape; Vade Retro, de Mauro Mendonça Filho, André Filipe Binder e Rodrigo Meirelles, que tem no papel principal Tony Ramos (Abel Zebu); e ainda o episódio piloto da série Carcereiros, de José Eduardo Belmonte e Fernando Grostein Andrade, com grande interpretação de Rodrigo Lombardi e premiada em Cannes. Para ver no no dia 2 de março, a partir das 17 horas.
6. A ética no grande ecrã
Inicialmente sugerido como tema de discussão, a ética ganhou destaque de subtema nesta 38ª edição. Além de uma conferência (26 fev, seg 17h) e de um debate (1 mar, qui 11h), há dez filmes onde a temática é abordada de forma transversal. Da genética às notícias falsas, da vigilância nas cidades ao drama da imigração, sem esquecer o poder absoluto da política. Entre as produções que abordam os problemas do nosso mundo alinham Al Asleyeen, de Marwan Hamed (28 fev, qua 19h), Biquini Moon, de Milcho Manchevski (26 fev, seg 19h), e True Fiction, de Jin-Mook Kim (27 fev, ter 19h).
7. O novo cinema de Taiwan
É entre o cinema de autor e a produção popular que se conta a história de Taiwan, desde a separação do país da China que provocou uma revolução de costumes, da sociedade e das artes, até às lutas de artes marciais encenadas. Além da retrospetiva imperdível dos B-Movies de Taiwan (23 fev, sex 18h30), o festival mostra filmes do polémico cineasta Chang Tso-Chi. Premiado em diversos festivais, mestre do cinema realista, de Chang o Fantas passa, entre outros, Darkness and Light (26 fev, seg 21h15), The Best of Times (27 fev, ter 18h45) e When the Loves Comes (1 mar, qui 21h15).
Fantasporto – Festival Internacional de Cinema do Porto > Teatro Municipal Rivoli, Pç. D. João I, Porto > Inf 22 205 8819 > 20 fev-4 mar > €3,75 a €5