
O pianista e compositor canadiano Darcy James Argue e a sua big band, a Secret Society, trazem o espetáculo ‘Real Enemies’ ao Centro Cultural Vila Flor
James Matthew Daniel
É um verdadeiro caso de estudo pela longevidade e filosofia, este Guimarães Jazz, que desde o início, já lá vão mais de 25 anos, se assumiu sempre como um espaço de liberdade criativa, onde o jazz serve sempre de ponto de partida para uma celebração da diversidade musical. Um compromisso entre tradição e vanguarda, sem qualquer tipo de barreiras estéticas e musicais, mais uma vez é materializado num cartaz de excelência, que em 2017 tem como objetivo assinalar e festejar os 100 anos decorridos desde a gravação do primeiro registo discográfico de jazz, pela Original Dixieland Jass Band. “Um momento simbólico”, segundo a organização do festival, pelo modo como “mudaria para sempre a história desta música”, cuja efeméride acabou por orientar a 26ª edição do Guimarães Jazz, na qual sobressai a transversalidade de gerações e idiomas musicais.
Depois do concerto inaugural de quarta, 8, pelo guitarrista e compositor americano Nels Cline, o centenário deste primeiro disco é efetivamente celebrado esta quinta, 9, com o espetáculo Jazz – The Story, pelo coletivo americano All Star Orchestra, que conduzirá o público por uma viagem musical ao longo de 100 anos de gravações de jazz. Na sexta, 10, e no sábado, 11, o palco do Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor recebe dois dos momentos mais aguardados da edição deste ano do Guimarães Jazz. O primeiro será o concerto de Andrew Cyrille, um histórico e vanguardista baterista americano de free jazz, que virá interpretar o álbum The Declaration of Musical Independence, aclamado como um dos melhores discos de jazz de 2016. No dia seguinte, 11, é a vez da banda nova-iorquina Mostly Other People Do The Killing, que se apresentará pela primeira vez em septeto em Portugal, mostrar porque é considerada um dos “mais relevantes e desafiantes projetos de jazz” deste novo século. Igualmente de luxo é a programação da segunda semana de festival, que ficará não só marcada pelo regresso do mítico saxofonista norueguês Jan Garbarek a Guimarães, no dia 16, num concerto que contará com a presença do percussionista indiano Trilok Gurtu, mas também pelos espetáculos da baterista norte-americana Allison Miller, a 17, e pela apresentação, a 18, de Real Enemies, um espetáculo concebido pelo pianista e compositor canadiano Darcy James Argue e executado pela sua big band, a Secret Society, em mais uma estreia em território nacional.
Além dos espetáculos no Grande Auditório, a programação inclui ainda dois concertos no Pequeno Auditório, a cargo dos suíços VEIN, a 11 de novembro, e do quarteto americano liderado pelo saxofonista Jeff Lederer e pelo trombonista Joe Fiedler, a 18, dupla que será também responsável pelas já tradicionais jam sessions e pelas oficinas de jazz, bem como pela direção da Big Band e do Ensemble de Cordas da ESMAE, com atuação marcada para domingo, 12.
O projeto de parceria entre o Guimarães Jazz e o Porta-Jazz volta este ano a conhecer um novo capítulo, com um cruzamento disciplinar entre música e teatro, que contará com a colaboração do dramaturgo Jorge Louraço Figueira, da atriz Catarina Lacerda e dos músicos Nuno Trocado, Tom Ward, Sérgio Tavares e Acácio Salero.
Guimarães Jazz > Centro Cultural Vila Flor > Av. D. Afonso Henriques 701, Guimarães > T. 253 424700 > até 18 nov, 17h, 18h30 e 21h30 > €10 a €70 (passe)