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Feeding David Hockney Grey Poupon until he pukes in his own Pool (2016), de DeAlmeida ESilva
É o chão azul, a primeira coisa que se vê quando se entra na Balcony, a galeria de arte que abriu recentemente nas traseiras da Avenida Estados Unidos da América, em Lisboa. Sinal de irreverência, perceberemos mais à frente, quando falarmos com os seus fundadores, os colecionadores Pedro Magalhães, Luís Neiva e Paulo Caetano. Não fosse essa cor forte e olharíamos logo para as galinhas embalsamadas, muito firmes e pesarosas, à volta de um pequeno caixão – a maqueta para as fotografias The King is dead! Vive de roi (2007), do artista angolano Binelde Hyrcan.
A ironia há de ser uma constante na exposição New Work, a coletiva com que se inaugurou a Balcony e que quer ser uma espécie de “aperitivo” de tudo o que a nova galeria e os jovens artistas representados pretendem fazer. Ao lado de Binelde Hyrcan, que aqui mostra algumas das suas fotografias e o delicioso vídeo Cambeck, estão os portugueses Tiago Alexandre, DeAlmeida ESilva e Horácio Frutuoso, e o português de origem russa Nikolai Nekh.
“Fomo-nos conhecendo sem ideia de que isto podia dar qualquer coisa. Juntámos esta pool de artistas de quem, antes de mais, somos amigos. No final do dia, uma galeria de arte são relações humanas”, diz Pedro Magalhães, diretor da Balcony. A ideia, afirmam, é lançar jovens artistas, sub 40, que também tenham afinidades entre si. “Ser Balcony”, explica Luís Neiva, é “ter uma vontade de internacionalização e uma grande dose de irreverência, sem medo de arriscar e de quebrar convenções, sem aniquilar as características da arte contemporânea, mas querendo fazer parte de um movimento de transgressão”.
Nos dois pisos da Balcony, mostram-se agora trabalhos inéditos dos cinco artistas representados pela galeria (o objetivo é ampliar o portefólio), que ali terão exposições individuais nos próximos meses: o cruzamento hábil de grafismo e poesia, feito por Horácio Frutuoso nas suas obras; a pintura carregada de simbologias dos subúrbios do “rich kid from Sacavém” Tiago Alexandre; o estudo sobre arte clássica da pintura de DeAlmeida ESilva; as preocupações ambientais e a denúncia do capitalismo desenfreado dos trabalhos de Nikolai Nekh.
E se apenas este último utiliza um espelho para compor as suas imagens (a série National Geographic Notes merece um olhar atento), a verdade é que cada uma das obras expostas é um reflexo do mundo que rodeia estes cinco – com toda a irreverência da juventude, claro.
![New Work_5.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/11358461New-Work_5.jpg)
No piso de cima da Balcony, veem-se trabalhos de Nikolai Nekh, Binelde Hyrcan e Horácio Frutuoso
Depois da coletiva de inauguração, a Balcony receberá exposições a solo de Binelde Hyrcan, a partir de meados de novembro, Tiago Alexandre, em janeiro e fevereiro de 2018, Nikolai Nekh, em março e abril, e, em setembro, DeAlmeida ESilva, que trará com ele Philipp Schwalb.
New Work > Balcony > R. Coronel Bento Roma, 12A, Lisboa > T. 21 133 9866 > até 11 nov, seg-sex 14h-19h30, sáb 11h-15h