
Quando surgiram, em 2010, pouco passavam de uma excentricidade musical, das boas, é certo, materializada por um grupo de amigos, vindos dos mais variados universos sonoros que, tendo como ponto de partida a memória da música negra dos anos 60 e 70, construiu à sua volta uma verdadeira máquina instrumental de funk, soul, jazz e hip-hop. Com João Gomes nas teclas, Francisco Rebelo no baixo, Sam The Kid nos samplers, Cruzfader no gira-discos e Fred Ferreira na bateria, os Orelha Negra são uma espécie de supergrupo que, quando se junta, tem o condão de fazer magia. Foi assim com o primeiro álbum homónimo, que continha pérolas como M.I.R.I.A.M, A Força Da Razão ou We’re Superfly. Em 2012, quando regressaram com o segundo disco, também ele homónimo, que os transformou num verdadeiro fenómeno de popularidade, ao som de temas como Throwback ou 24/7. E volta a acontecer agora, nestes concertos em Lisboa e no Porto, que servem para apresentar o novo álbum, com saída apenas prevista para a primavera. E no espetáculo da capital, esgotado há várias semanas, mostraram porque são também uma das melhores bandas portuguesas ao vivo, capazes de empolgar o público apresentando um alinhamento completamente novo – só no encore tocaram temas antigos. Quanto ao novo trabalho, percebe-se que a identidade está lá, mas vai muito mais além, seja nas piscadelas de olho a referências mais atuais, como Kendrick Lamar ou Drake, ou nos ambientes psicadélicos, por vezes mais próximos do rock, entre doses massivas de soul, funk, jazz e hip-hop. Ainda nem existe fisicamente, mas é caso para dizer que o novo álbum dos Orelha Negra é já um dos melhores do ano, como se poderá comprovar, uma vez mais, ao vivo, neste sábado, 30, no palco do Hard Club.
Hard Club > Mercado Ferreira Borges > R. Infante D. Henrique, 95, Porto > T. 22 010 1186 > 30 jan, sáb 22h > €15