1. Inventing Anna
Chegou a Nova Iorque decidida a conquistar a cidade que nunca dorme. Adotou o nome de Anna Delvey e fez-se passar por uma alemã herdeira de uma fortuna de cerca de 60 milhões de dólares. Nas redes sociais exibiu o seu estilo de vida faustoso. Dormiu e comeu nos melhores hotéis e restaurantes, viajou em jatos privados, vestiu as marcas mais conceituadas, distribuiu gorjetas generosas e, acima de tudo, conviveu e conquistou a confiança da elite nova-iorquina, que lhe abriu a casa e a bolsa. O maior feito da burlona terá sido convencer muitos homens de negócios a apoiar o seu projeto, a Fundação Anna Delvey, um clube de artes privado que pretendia instalar num edifício emblemático da Big Apple. Até as contas se acumularem de tal forma que era insustentável continuar a manter o seu sonho americano. As dívidas exorbitantes levaram-na à cadeia e o caso fez furor na imprensa, com a publicação do artigo na revista New York How Anna Delvey Tricked New York’s Party People, de Jessica Pressler.
Foi com base nesta reportagem que Shonda Rhimes, a popular produtora televisiva, comprou os direitos da história e criou a série que tem estado no topo das visualizações da Netflix. Com algumas liberdades criativas. No início de cada um dos 9 episódios de Inventing Anna é feito o aviso: “Esta é uma história totalmente verdadeira, exceto as partes que são completamente inventadas”. A série acompanha, em grande parte, a investigação feita pela jornalista (a actriz Anna Chlumsky), que a assume como decisiva para salvar a sua carreira. Anna Delvey (interpretada por Julia Garner), revela-se uma mulher de muitas caras e a reflexão sobre as suas motivações alimenta parte da trama.
2. O Impostor do Tinder
Nas redes sociais, Simon Leviev ostentava as inúmeras viagens pelo mundo, as roupas de marca, as estadias em hotéis de luxo e os jantares sumptuosos. Com as conquistas que fazia no Tinder, o galã mostrava-se generoso. Apresentava-se como filho de um magnata ligado ao negócio dos diamantes e não olhava a custos, distribuindo a riqueza por quem o rodeava. A sua vida não era, como contava a essas mulheres, isenta de riscos. Temia a ameaça de rivais e vivia rodeado de seguranças. Até que, efetivamente, sofria um ataque e tinha de se esconder dos seus inimigos, sem poder aceder à sua fortuna. Com uma ou outra variação, este era o esquema com que ludibriava as vítimas que conhecia na app de encontros. Convencidas de estarem perante um milionário, emprestavam-lhe avultadas quantias de dinheiro nesses momentos de aflição, certas de que seriam ressarcidas. Mas os contornos do conto do vigário tornavam-se cada vez mais rocambolescos e o dinheiro nunca lhes era devolvido. Episódios sumarentos não faltam no documentário O Impostor do Tinder. A narrativa desenrola-se tendo por base a investigação jornalística feita pelo jornal norueguês VG, que consegue descobrir a verdadeira identidade do homem, um israelita com um cadastro de fraudes. O filme (de quase duas horas) conta com os depoimentos de três mulheres que caíram no esquema e emprestaram as imagens feitas por elas durante os encontros e as gravações trocadas por WhatsApp com o vigarista. A credulidade com que acreditam no príncipe encantado dá lugar ao desejo de vingança. Será que é feita justiça?
3. Arte do Engano – Caça aos Grandes Impostores
Robert Freegard é um mestre da manipulação, com um historial de vigarices impressionante. Sabe-se que, ao longo de uma década, o britânico controlou e enganou, pelo menos, sete mulheres e um homem, roubando quase um milhão de libras. Fazia-se passar por agente secreto do MI5 e envolvia as vítimas nas suas histórias de espionagem, fazendo-as temer por si e pelas suas famílias. Era tão convincente que estas não se atreviam a fugir ou sequer a duvidar das suas palavras, mantendo-se à sua guarda durante anos, convencidas de estarem a colaborar em operações dos serviços secretos. A série documental, de três episódios, cruza reconstituições com fotografias e depoimentos de vítimas e familiares. Um dos casos, que inclui o desaparecimento de uma mãe de família, continua por resolver.
4. Fyre, O Grande Evento que Nunca Aconteceu
Os vídeos de promoção do festival de música Fyre prometiam, com supermodelos em biquíni numa ilha paradisíaca nas Bahamas (que teria pertencido a Pablo Escobar), infraestruturas de luxo e artistas de renome. Mas, apesar da excelente campanha de marketing, a realidade revelou um cenário completamente diferente. Organizado por Billy McFarland e pelo rapper Ja Rule, todo o planeamento foi um pesadelo, como mostra o documentário, realizado por Chris Smith, com gravações dos caóticos preparativos e do dececionante resultado final. Os festivaleiros, convencidos que iriam viver alguns dos melhores dias das suas vidas (e pagaram muito bem por um bilhete), depararam-se com concertos cancelados, logística desastrosa, recinto e alojamento miserável. As redes sociais rapidamente foram inundadas com relatos e imagens do fiasco. Conclusão: o Fyre tornou-se uma grande anedota e McFarland teve de cumprir pena de prisão por fraude.
5. Operação Varsity Blues: O Escândalo no Acesso à Universidade nos EUA
O esquema criado por Rick Singer para facilitar o acesso a conceituadas universidades norte-americanas foi um imenso escândalo mediático, que explodiu em 2019 aquando da investigação do FBI. O facto de estarem envolvidas estrelas de Hollywood, como a atriz Felicity Huffman (conhecida pela série Donas de Casa Desesperadas), ansiosas por garantir uma educação de elite aos seus rebentos, a qualquer preço, só fez aumentar os cabeçalhos. O documentário, produzido pela Netflix e realizado também por Chris Smith, combina imagens e depoimentos reais, com a encenação de parte da história, tendo sido escolhido o ator Matthew Modine para desempenhar o papel de Singer. O filme revela o perfil e os métodos deste modesto treinador de basquetebol, que convenceu dezenas de clientes abastados a dar a volta ao sistema de admissão ao ensino universitário, com doações avultadas (que, aliás, são permitidas), falsificação de testes e a inclusão dos candidatos em equipas de desportos que nunca chegaram a praticar. Resta dizer que alguns destes alunos nem sequer sabiam do envolvimento dos pais neste esquema.