Foi depois de ter conhecido o projeto Family Portraits, do fotógrafo alemão Thomas Struth, que Cláudia Varejão partiu para este documentário. Desde miúda que a realizadora portuense reparava nas semelhanças entre os casais: “Olhava para os amigos dos meus pais e achava-os iguais entre eles”, recordou à VISÃO. “E, ao longo da vida, fui sempre reparando nisso, numa obsessão quase infantil. Estava convencida de que, com o tempo, as pessoas ficavam parecidas.”
Para a realização de Amor Fati, expressão latina que significa “amor ao destino” ou “aceitação do real”, Cláudia Varejão (Ama-San, entre outros) viajou por Portugal para recolher retratos daqueles que se amam. E escolheu personagens que nem sempre cabem no cinema: uma família de imigrantes arménios que são músicos clássicos, duas irmãs idosas a morarem juntas numa aldeia, um travesti com o seu cão, uma mãe cigana à espera do nascimento de uma filha…

“Atravessei todo o País, do continente às ilhas, e procurei pares ou grupos de pessoas que, para lá da ligação afetiva ou familiar, tivessem também traços físicos semelhantes”, conta a realizadora num dos trailers. “Como se fossem duplos, eles mesmos.” O filme, coprodução entre a portuguesa Terratreme, a suíça Mira Film e a francesa La Belle Affaire, estreou-se em 2020 no festival suíço Visions du Réel, passou pelas salas de cinema e venceu a melhor longa-metragem nos prémios suíços Basel Film e Media Art. Acrescente-se-lhe o facto de retratar “um coro de afetos e da memória coletiva de um país” e teremos bons motivos para o (re)ver.
Amor Fati > 11 fev, qui 23h05 > RTP2