São sete da tarde e ainda está calor. O vento começou a levantar, mas não o suficiente para correr com quem quis vir espreitar este terraço cheio de propriedades, aberto desde 14 de julho, no antigo edifício do Entreposto, na fronteira entre os Olivais e Moscavide.
Quando se passa a porta lá em baixo, antes de se apanhar o elevador para o quinto andar, não se espera desaguar numa área de três mil metros quadrados, em que cabe uma pista de running (concebida pelo artista Kampus), cinco rampas de skate (pintadas pelos Crack Kids), uma exposição de letreiros luminosos (do projeto Letreiro Galeria), um mural artístico de 40 metros (da dupla Los Pepes), um baloiço para os mais novos, uma carrinha de street food de assinatura, um bar, muitos lugares para nos sentarmos e vistas para a ainda esquecida zona oriental de Lisboa.
A culpa disto tudo é da empresa de gestão imobiliária Jamestown – há um ano investiu 98 milhões de euros na recuperação deste prédio emblemático dos anos 1960 e, à semelhança do que tem feito nos EUA e um pouco pela Europa, apostou no aproveitamento desta área a céu aberto que antes era apenas um sítio para estacionar carros (ainda há vestígios disso no chão).
Agora, e até novembro, a comunidade ganhou o Innovation and Design Building Rooftop, que, para ser mais fácil, se chama apenas pela sigla IDB. Além de se poder entrar de skate ou de patins debaixo do braço, há comida do chefe brasileiro Dedé (dos cafés Dede’s na Estrela e na Lapa), 38 anos, para se provar durante todo o dia. Da carrinha, tanto podem sair umas deliciosas panquecas japonesas (okonomiyaki), como um bem aviado hambúrguer com cebola caramelizada (€7,50), um fish and chips com massa de cerveja (€8,50) ou um pão de queijo (€1). Aqui come-se à mão, bebe-se em copos de plástico reutilizável e os talheres, quando são precisos, são de madeira. A ementa ainda está em construção: “A ideia é ter cinco ou seis bases e ir acrescentando um ou dois especiais por semana”, conta o cozinheiro, mostrando entusiasmo por estar aqui, num ambiente tão colorido quanto este, com boa música ambiente, em que todos têm um cantinho para se sentirem bem.
Dentro de portas
Antes de se entrar para o terraço, pode visitar-se a nova exposição MUDE Fora de Portas. Desta vez, os objetos são do universo gráfico, pois a mostra O Mundo Vai Continuar a não Ser Como Era! – 100 Anos de Design Gráfico na Coleção Carlos Rocha reúne uma seleção de obras que assinalam as grandes mudanças em Portugal desde 1930 até ao início deste século. Trata-se de uma parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e com o MUDE – Museu do Design e da Moda e estará de portas abertas até novembro – mas atenção que depois das seis já não dá para entrar.
IDB > Pç. José Queirós, 1, Lisboa > qui 12h-21h, sex-sáb 12h-22h, dom 12h-20h