1. WoW – World of Wine
Não é à toa que se fala no WoW como o novo quarteirão cultural e turístico de Vila Nova de Gaia. O grupo The Fladgate Partnership transformou o centro histórico, apesar de a reconversão dos antigos armazéns de vinho do Porto respeitar a traça arquitetónica e manter uma ligação direta à zona ribeirinha. A ambição era prolongar a estada dos turistas no Grande Porto, oferecendo novos museus: Porto Region Across the Ages, sobre a cidade e as suas gentes; Wine Experience, com informações descomplicadas sobre terroir, castas e vinhos portugueses; The Bridge Collection, onde estão expostos copos e taças de vinho da coleção privada de Adrian Bridge (CEO do grupo); Planet Cork, dedicado à cortiça; e The Chocolate Story, sobre o cacau e o chocolate.
A pandemia refreou as visitas, e por abrir estão ainda a Escola de Vinho, assim como o Museu da Moda e dos Têxteis. Em compensação, há uma série de lojas, bares e restaurantes, para todos os gostos e bolsos, desde as sugestões vegetarianas do Root & Vine ao peixe e marisco do Golden Catch, passando pela doçaria do Suspiro. Na praça central, com uma vista fabulosa da Ribeira do Porto, a animação é frequente e merece a visita. R. do Choupelo, 39, Vila Nova de Gaia > T. 22 012 1200 > museus: seg-sex 12h-19h, sáb-dom 9h-12h > €14 a €17
2. Fundação Marques da Silva
A arquitetura ganhou um novo lugar no Porto, com a abertura ao público da Fundação Marques da Silva (FMS), em outubro, dando a conhecer tanto o Palacete Lopes Martins, casa de 1870 que pertenceu à família do arquiteto Marques da Silva, como a sua Casa-Atelier (1909). Ali, mostra-se parte do acervo de cerca de 20 arquitetos, como Fernando Távora, José Carlos Loureiro, Alcino Soutinho, Manuel Graça Dias, entre outros, à guarda da FMS, naquele que “é o maior arquivo privado de arquitetura do País”, assegura Fátima Vieira, vice-reitora da Universidade do Porto e presidente da fundação. A Casa-Atelier, onde o arquiteto da Estação de São Bento, do Teatro Nacional São João ou da Casa de Serralves gizou as suas obras, revela até meados de janeiro desenhos inéditos de Siza Vieira, a quem foi entregue o projeto para o novo Centro de Documentação de Arquitetura que há de nascer nos jardins da fundação. Pç. do Marquês de Pombal, 30, Porto > T. 22 551 8557 > seg-sáb 14h-18h > €3, €1,50 (estudantes, mais de 65 anos)
3. Fonoteca Municipal do Porto
Há muito que se aguardava a abertura deste arquivo sonoro. Desde finais de setembro que a Fonoteca Municipal do Porto se instalou numa sala com dois pisos, no estúdio da Arda Recorders, em Campanhã, com a promessa de nos levar pela história da música, entre os anos 1950 e 1995. Será difícil escutar todos os 35 mil vinis doados à Câmara Municipal pelos estúdios do Porto da Rádio Renascença e da Rádio Difusão Portuguesa, mas no site da Fonoteca encontram-se novidades todas as semanas, com conteúdos produzidos a partir desse espólio. Do arquivo de discos aos podcasts e artigos temáticos (caso de O Alentejo e o seu Cante ou Brahms: Sinfonia nº1 op. 68), muito há para ouvir e aprender. Arda Recorders > R. Pinto Bessa, 122, Porto > T. 22 114 6789 > ter-sáb 14h-19h > grátis (marcação prévia, entrada limitada a uma pessoa) > www.fonoteca.cm-porto.pt
4. Kug
A reinvenção foi uma constante da restauração neste último ano e, se houve espaço preparado para cumprir as regras de distanciamento foi este jardim de dois mil metros quadrados e árvores centenárias, escondido no centro do Porto. Em dias de sol, ninguém bate o Kug, mas o inverno é inclemente e duas convidativas pérgulas oferecem agora o abrigo necessário. A carta assinada pelo chefe Rui Paula, desde agosto, garantiu um interesse acrescido, com sugestões descontraídas, de partilha, bem acompanhadas pelos cocktails criados por Tatiana Cardoso, uma das melhores barmaids do País. E souberam contornar o confinamento, com takeaway e entregas ao domicílio – aos fins de semana, os dois menus de brunch (€19 e €25), bem caprichados, são os mais requisitados. R. D. Manuel II, 178, Porto > T. 22 600 0744 > ter-sex 12h-22h30, sáb-dom 9h30-13h
5. Farro Padaria
Este foi o ano em que toda a gente se desafiou, em casa, a amassar farinha, água e sal, pelo prazer de poder saborear pão, acabado de sair do forno. Durante o confinamento em março, até mesmo o madeirense João Figueira da Silva, 28 anos, com currículo na cozinha de vários restaurantes – 1300 Taberna (Lisboa), Lasai (Rio de Janeiro, uma Estrela Michelin), Corrutela, Tuju e Mangiare (São Paulo) e ainda Herdade do Esporão (Reguengos de Monsaraz) –, mudou de rumo. Ele, que já andava a fermentar a ideia de se dedicar a fazer pão, decidiu largar os tachos e panelas para abrir uma padaria no Porto. Por ora, a Farro entrega pão de fermentação lenta em casa – trigo/centeio, bolo do caco (feito com batata-doce), broa de milho e brioche (leva aguardente de cana e mel de cana na cobertura) –, mas muito em breve há de ter porta aberta na Rua de São Bento da Vitória, junto aos Clérigos. Aí, João espera alargar a oferta e servir petiscos com alma madeirense, como o bolo do caco com peixe-espada preto. Uma última dica: com o pão da Farro, peça também a manteiga temperada com alho, salsa e curcuma. T. 96 661 7195 > Entregas ter-dom, no Porto, Matosinhos e Vila Nova de Gaia
6. The Cave Photography
Na Casa Vicent abriu, em fevereiro, o The Cave Photography, um arquivo de fotografia contemporânea que é também uma loja, com livros de autor, provas de exposição e postais assinados por 12 fotógrafos do Porto, que podem manusear-se sem restrições. O objetivo passa sobretudo por criar uma maior proximidade do público com a fotografia. Entre as parcerias, que já levaram o The Cave a correr o País, em exposições, contam-se os Encontros da Imagem, em Braga, alguns museus e escolas, o festival de cinema Porto/Post/Doc e o MIP – Mês da Imagem do Porto, iniciativa de um coletivo de galerias da cidade, ainda a decorrer. Casa Vicent > R. 31 de Janeiro, 174, Porto > seg-sex 15h-19h, sáb 10h-12h30
7. Torel Palace
Não foi um ano fácil para a nova unidade do Torel Boutiques – nem para nenhum outro grupo hoteleiro, de resto –, mas a belíssima recuperação do Palacete Campos Navarro que reconverteu o edifício do século XIX num hotel de cinco estrelas augura-lhe um futuro promissor. Aos 24 quartos temáticos do Torel Palace, com nomes de escritores e poetas portugueses e decoração de Isabel Sá Nogueira, soma-se a arquitetura romântica que tem o seu expoente máximo na claraboia com oito painéis (restaurada pelo Museu do Estuque) e na escadaria original de madeira. Se a tudo isto acrescentarmos o restaurante gastrobar Blind, com o dedo do chefe Vítor Matos e cujo nome é dedicado ao livro Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, apostamos que este hotel dará boas narrativas. R. de Entreparedes, 40, Porto > T. 22 609 0559 > a partir de €160