A Fica – Oficina Criativa, na LX Factory, em Lisboa, são 120 metros quadrados de oficina dedicados às artes e ofícios, 35 dos quais às madeiras
José Carlos Carvalho
1. Marcenaria, Lisboa
Como um puzzle
Não é preciso saber nada sobre marcenaria para frequentar um dos workshops da Fica – Oficina Criativa, na LX Factory, em Lisboa. O projeto é da responsabilidade de Rita Daniel e Gonçalo Almeida e começou por chamar-se Volta. “São 120 metros quadrados de oficina, dos quais 35 inteiramente dedicados às madeiras”, explica Gonçalo. À volta da mesa, podem estar a trabalhar entre oito a dez pessoas, cada uma a produzir o seu objeto, básico, se estivermos a falar do workshop Flash de Marcenaria, três horas para iniciados onde se ficam a conhecer as ferramentas e as madeiras. O resultado pode ser um simples suporte de fotografia ou um pequeno puzzle feito numa máquina de contornos. Gonçalo Almeida mexe-se bem entre serras de mesa, plainas, serrotes e limas, um gosto que lhe foi passado pelo pai, enquanto faziam carrinhos de rolamentos e outras coisas. No dia da visita da VISÃO Se7e, decorria um workshop de serigrafia orientado por Rita, mas, mais à frente, na zona das madeiras, Gonçalo preparava já o material para um workshop conjunto de marcenaria e tecelagem (3 de fevereiro).
Fica – Oficina Criativa > LX Factory, R. Rodrigues Faria, 103, Ed. 1, Piso 1, Espaço 1.17A, Lisboa > T. 93 282 6402 > Marcenaria 8 fev, qui 19h-22h (€30), Flash Marcenaria 10 fev, sáb 15h-18h (€30) > €8/hora (para utilizar a oficina)
Os workshops de macramé da Oficina 166, de Diana Cunha, realizam-se com dez participantes e têm a duração de quatro horas, onde se aprende do nó para pendurar o cordão à volta fiel, um dos mais difíceis
José Carlos Carvalho
2. Macramé, Cascais
De nó em nó
É num armazém de grandes dimensões, na Estrada de Manique, que Diana Meneses Cunha tem agora a sua Oficina 166. Lá dentro, com a ajuda de Joana e Cátia, prepara o material para o curso de macramé do fim de semana – cordões de algodão, varão e um saco de tecido reciclado de cortesia para levar o trabalho. “Só nos faltam os aquecedores porque o espaço é grande e frio”, diz Diana. Por estes dias, ainda se sente o entusiasmo da participação na Feira Têxtil de Frankfurt, onde a Oficina 166 decorou um stand com 28 metros quadrados de trabalho em macramé. “Um orgulho, foram 26 quilómetros de corda para a execução e mais ajudantes”, confessa Diana.
Nos workshops de macramé, Diana ensina tudo o que aprendeu ao longo dos anos. Desde pequena que gosta de trabalhar com as mãos, embora o macramé tenha aparecido mais tarde. “Fiz um retiro artístico na Tailândia onde aprendi macramé com a Natalie Miller e ainda fui a Brooklyn, numa visita-relâmpago planeada à última da hora, para fazer um workshop com a Maryanne Moodie, uma especialista em macramé”, explica.
Habitualmente, os workshops de macramé da Oficina 166 realizam-se com dez participantes. “Duram quatro horas, eu falo muito e gosto de ter tempo para explicar e ensinar tudo, do nó para pendurar o cordão, que é logo o início, à volta fiel, um dos mais difíceis. Com 20 centímetros feitos, os formandos já experimentaram todos os nós”, conta Diana.
Oficina 166 > Estr. de Manique (entre o km 8 e 9), Cascais > info@oficina166.com > macramé €79,95

Os workshops de Alice Bernardo, do Saber Fazer, têm uma forte componente técnica. Além de serem feitos com a lã, o linho e as plantas tintureiras por ela cultivados, os alunos não levam um produto final para casa. Saem, antes, com um guia técnico, sobre feltragem, tecelagem, tapeçaria ou tinturaria natural
Lucília Monteiro
3. Tecelagem/ tinturaria natural, Porto e Lisboa
Da origem das lãs
Este não é um ateliê igual aos outros. Os workshops de Alice Bernardo têm uma forte componente técnica e, além de serem feitos com materiais por ela cultivados, os alunos não levam um produto final para casa. Saem, antes, com um guia técnico, sobre feltragem, tecelagem, tapeçaria ou tinturaria natural. “Se quiser brincar um bocadinho com o tear, esta não é a oficina certa”, alerta a investigadora, no seu ateliê, em Matosinhos, rodeada de lãs das 16 raças autóctones portuguesas, teares, rodas de fiar e tintas naturais. As oficinas do Saber Fazer são diferentes “para quem procura algo próximo da origem”, resume Alice Bernardo que, este ano, lançará Guia Prático para as Lãs Portuguesas. Com os ateliês, a investigadora, de 37 anos, quer “distribuir conhecimento”, criando, ao mesmo tempo, “uma pequena comunidade”. E, de modo a respeitar os recursos locais, as oficinas acompanham a época, como a da sementeira do linho ou a da tosquia (na primavera). Alice produz lã ou linho para ensinar e cultiva plantas tintureiras, como cravos túnicos, calêndulas. Trabalhar “a lã da ovelha ao fio” tem sido um dos princípios destas oficinas, que recebem, maioritariamente, “alunos com objetivos muito específicos”.
Saber Fazer > R. Brito Capelo, 245, Porto > T. 96 885 1237 > A Feltragem e as Lãs Portuguesas > 24 fev, 10h-18h (€80) > Teatro Nacional D. Maria II > Pç. D. Pedro IV, Lisboa > O Trabalho da Lã: do Velo ao Tecido > 10 mar, 10h-18h (€5)
Desde 2012 que há workshops de Caligrafia Japonesa no Museu do Oriente, em Lisboa
José Carlos Carvalho
4. Caligrafia japonesa, Lisboa
Mais do que uma escrita, uma forma de ver a vida
Antes de começar a atividade, Osvaldo Neto distribui, por cada um dos alunos, uma pitada de pó de incenso para que a esfreguem nas palmas das mãos. “Ajuda a acalmar”, explica o formador, um brasileiro de 62 anos. Desde 2012 que há workshops de Caligrafia Japonesa no Museu do Oriente. “Devemos ir na 40ª edição”, diz Osvaldo. “A caligrafia é uma maneira de ter um contacto mais próximo com a cultura japonesa, que está extremamente ligada à natureza e ao belo.” O mote para todos os workshops é sempre tirado de um poema japonês, a partir do qual se extrai uma palavra. No próximo, a 31, é de um haiku que sai a palavra “sorte grande”. Em português, são duas, mas, como os alunos vão escrever em japonês, será daikichi, palavra formada por um caráter e duas kana (sílabas, em japonês). Osvaldo é cuidadoso na preparação das sessões, para além do fude (pincel), da tinta da China e do papel especial de arroz (o washi), para se orientar, escreve placas com os nomes dos participantes em japonês. Que, no fim, claro, acabam por ser levadas para casa como lembrança.
Museu do Oriente > Av. Brasília, Doca de Alcântara, Lisboa > T. 21 358 5244 > 31 jan, qua 15h-17h > €12
Com a duração de duas horas, o workshop de pintura de azulejo permite experimentar uma das técnicas utilizadas nas oficinas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, em Lisboa
José Carlos Carvalho
5. Pintura de azulejo, Lisboa
Uma técnica portuguesa
Quando o tempo o permite, os kits de trabalho – com pincéis, recipientes de água e tintas de alto fogo, azulejo, tento (para apoiar o braço), os desenhos e a boneca de carvão para marcar a imagem – são montados no pátio ao ar livre do Museu de Artes Decorativas Portuguesas, em Lisboa. “Os azulejos à volta até servem de inspiração e estão na moda”, diz Cidália Bento, técnica de conservação e restauro na Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva (FRESS) e uma das orientadores do workshop de Pintura de Azulejo.
Com a duração de duas horas, este workshop permite experimentar uma das técnicas utilizadas nas oficinas da FRESS. “A partir dos cinco anos, já podem participar. Um dos públicos mais interessados têm sido os estrangeiros, em grupo ou em casal”, explica Margarida Serra, responsável pelo Serviço Educativo. A pintura de azulejo começa com a passagem do motivo (com a boneca de carvão) para a peça e, em seguida, com o pincel fino, traça-se o contorno a tinta de alto fogo. “Normalmente pintamos quase sempre a azul, é a cor que se associa imediatamente ao azulejo português”, diz Margarida. Ninguém sai daqui a saber pintar um exemplar de forma impecável, mas fica pelo menos a saber a técnica original da azulejaria.
Museu de Artes Decorativas Portuguesas > Palácio Azurara, Lg. das Portas do Sol, 2, Lisboa > T. 21 881 4600 (seg-sex), 21 888 19 91 (sáb-dom) > seg-sex 10h-13h, 14h30-17h > €25 (por pessoa num grupo de oito)
O workshop Da Ovelha ao Novelo, na loja Retrosaria, em Lisboa, “é prático e teórico porque tem também como objetivo dar a conhecer as raças de ovelhas autóctones do nosso país e as várias formas de fiar e as ferramentas, que variam de região para região”, diz Rosa Pomar, a proprietária
José Carlos Carvalho
6. Fiação, Lisboa
Sem ovelha não há novelo
“O trabalho é feito mais ao colo do que à mesa”, diz Rosa Pomar, proprietária da Retrosaria, referindo-se às tarefas do Da Ovelha ao Novelo. A loja onde se vendem novelos de uma só cor ou matizados, feitos a partir de lãs de raças autóctones portuguesas, funciona desde 2008, na Rua do Loreto, em Lisboa. É aqui que desde 2012 é possível participar no workshop onde se aprende a fiação manual de lã. “É teórico ou prático, porque tem também como objetivo dar a conhecer as raças de ovelhas autóctones do nosso país e as várias formas de fiar e as ferramentas, que variam de região para região”, justifica. Da Ovelha ao Novelo começa com a separação das fibras à mão, o carpear. De seguida, é preciso cardar para alinhar as fibras e, só depois, se começa a fiar com a ajuda do fuso. “As pessoas que se interessam pela forma como se fabrica a matéria (principiantes, quem tem projetos ligados ao campo ou possui estilos de vida sustentáveis…) são alguns dos nossos alunos”, explica Rosa, que é muitas vezes chamada para passar o seu conhecimento noutros locais do País.
Retrosaria > R. do Loreto, 61, 2º drt, Lisboa > T. 21 347 3090 > Da Ovelha ao Novelo, 17 fev, sáb 10h-14h > €55

É para tentar que a encadernação do livro antigo não caia no esquecimento que a livraria alfarrabista In-Libris, no Porto, organiza workshops
Lucília Monteiro
7. Encadernação antiga, Porto
O livro como laboratório de ideias
Há artes que se perderam, e esta pode bem ter sido uma delas. É para tentar que a encadernação do livro antigo não caia no esquecimento que a livraria alfarrabista In-Libris, no Porto, organiza workshops que podem envolver artífices, encadernadores e, até, marceneiros. O objetivo é fazer da oficina – entre prensas, guilhotinas, ferros de dourar e outras máquinas do século XIX – um “laboratório de ideias” que contribua para a noção do livro como um objeto, diz o fotógrafo e alfarrabista Paulo Ferreira. “Estamos a trabalhar artesanato, são peças únicas.” E que é necessário entender como se fizeram. Daí que o workshop passe, por exemplo, por descoser e limpar as páginas, restaurando-as se necessário, para depois as voltar a coser como antigamente. “É preciso desmontar a ideia do livro, que, afinal, já foi feito com carapaças de tartaruga, folhas de bananeira, peles…”, lembra. Além disso, a oficina da In-Libris está disponível a quem queira nela trabalhar, sempre com o tal desígnio “de troca de ideias”.
In-Libris Officina > R. do Carvalhido, 194, Porto > T. 22 323 4518 / 91 999 1597 > workshops sáb 15h-19h, €130 (quatro sessões)

“A talha é uma arte minuciosa, tem muito de meditação”, diz Frederico Burmester que abriu em outubro passado, no Porto, a oficina Bancada 9
Lucília Monteiro
8. Talha e marcenaria, Porto
(Também) um modo de meditar
Nada falta à oficina que Frederico Burmester abriu, em outubro, em Ramalde, no Porto. Goivas, esgaches, formões, serrotes são algumas das ferramentas arrumadas junto às bancadas, juntamente com máquinas de corte e pedaços de madeira – reciclada, indígena, carvalho, faia – de vários tamanhos. Apaixonado por escultura, decidiu, aos 60 anos, transmitir aos outros o gosto pelas madeiras e pela talha, arte onde se especializou juntamente com a de marcenaria, e na qual trabalhou durante 12 anos na Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva. “A talha é um processo relativamente lento”, por isso, Frederico começa por ensinar os “baixos-relevos” preferindo as figuras geométricas. É uma arte minuciosa que, diz, “tem muito de meditação”. “A meditação faz a mão”, compara. E pela sua oficina passam alunos de várias gerações e setores, de designers a arquitetos, até profissões que nada têm a ver com artes. “As pessoas querem fazer coisas diferentes”, remata.
Bancada 9 > R. de Pereiró, 229, Porto > Iniciação à Talha > a partir 22 jan (oito sessões/mês) 18h30-20h30 > €160 (material incluído) > Iniciação à Marcenaria > 27-28 jan, sáb-dom 9h-18h > €160 (material incluído)
Na loja/ateliê d’A Avó Veio Trabalhar, em Lisboa, pode dar-se largas à imaginação a fazer flores de papel, sejam de seda ou crepe, mas sempre coloridas. “Estas flores pelo menos não murcham, dão alegria e saem mais barato”, diz Patrícia Soldadelli, uma das 70 avós inscritas neste projeto social
José Carlos Carvalho
9. Flores de papel, Lisboa
Natureza que não murcha
“É bacana fazer flores de papel, por causa da textura, eu gosto de sentir o papel”, diz a brasileira Patrícia Soraya Soldatelli, uma das 70 avós inscritas (32 são mais ou menos assíduas e vêm todas as semanas) no projeto A Avó Veio Trabalhar.
É na loja/ateliê na Rua do Poço dos Negros, em Lisboa, que pode dar-se largas à imaginação a fazer flores de papel, sejam de seda ou crepe, mas sempre coloridas. “Estas flores pelo menos não murcham, dão alegria e saem mais barato”, comenta Patrícia, entre uma gargalhada. Nem sempre os workshops de flores de papel são dados por esta avó,
pode ser outra, estão todas aptas para a tarefa.
O material, básico, consiste num alicate, vários tipos
de tesouras, arames de diversas grossuras, cola
(de preferência que não borre) e papel, muito papel, para dar cor às flores. Ao iniciar o workshop, já existe um kit preparado de antemão. Caso seja a avó Patrícia a ensinar, começa por uma breve explicação sobre os papéis e, de seguida, é pensar sobre o tipo de flor que se quer fazer. “A escolha da cor depende muito do estado de espírito da pessoa”, diz. Patrícia conheceu o projeto A Avó Veio Trabalhar num passeio, entrou e conversou com Susana António e Ângelo Campota, os responsáveis por esta casa onde as avós ensinam flores e, do bordado ao patchwork, tantas outras coisas bonitas.
A Avó Veio Trabalhar > R. do Poço dos Negros, 124, Lisboa > T. 93 624 3762 > Flores de Papel, por marcação, €15 a €20 (mínimo 4 pessoas)

O Curso de Modelação, Corte e Costura de Vestuário Feminino do Atelier de Costura Portuense, no Porto, decorre todos os meses
Lucília Monteiro