![C09_SalaEmbaixadores.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/10143069C09_SalaEmbaixadores.jpg)
Cenário Sala dos Embaixadores
“É uma peça única, acho que posso dizer que nunca se fez nada como isto a nível mundial, um concerto virtual com esta duração, detalhe e riqueza.” As palavras são de Nuno Maya do ateliê OCUBO, a produtora de Regresso ao Palácio – A Viagem Concerto, um espetáculo de vídeo mapping que a partir desta sexta-feira, 20, e até domingo, 22, vai ser exibido na fachada do Palácio Nacional de Queluz, em três sessões diárias gratuitas, às 19h, 21h e 22 e 30. A iniciativa assinala o fim da primeira fase do projeto de recuperação dos Jardins e Palácio, monumento nacional desde 1910, gerido há seis anos pela Parques de Sintra – Monte da Lua, e que lhe devolveu a cor azul de origem.
“A ideia era fazer algo com a orquestra, que se apresenta com regularidade no Palácio, e trabalhar esta ligação à música. O que acabámos por fazer foi projetar cá fora o que acontece lá dentro com uma abordagem mais abrangente, pois apresentamos, além da música, as salas, personagens históricas, os jardins e detalhes do interior”, explica Nuno Maya.
De raiz, o ateliê OCUBO desenvolveu o primeiro concerto virtual em vídeo mapping feito em Portugal, um espetáculo de 45 minutos em que participa a orquestra barroca Divino Sospiro – uma atuação de mais de 20 músicos, gravada num estúdio de cinema durante três dias –, e vários atores adultos e crianças, filmados vestidos à época (século XVIII). O grau de detalhe foi tanto que só a rainha esteve três horas na caracterização.
Regresso ao Palácio – A Viagem Concerto, projetado na fachada do Palácio Nacional de Queluz, numa extensão de 200 metros, é um trabalho minucioso de sincronização de som e imagem, onde se sente a música, o movimento das personagens e a vida dos cenários.
![C09_SalaTrono 2.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/10160067C09_SalaTrono-2.jpg)
Sala do Trono
A animação, inspirada pela história do Palácio e por quem lá viveu, faz mexer arbustos ao som da música, põe pratos a dançar, água a sair dos azulejos e uma fachada a ganhar vida. A ação começa ao som de Händel, com a orquestra a atuar no mundo contemporâneo, e em tom de homenagem à nova cor do palácio, o azul. Há uma personagem feminina, Rosa, uma espécie de bobo da corte/dama de companhia, que brinca com os músicos e leva o público a viajar através de um pórtico (o próprio Palácio), que suga tudo, para a vida no Palácio no século XVIII. Os músicos vão viver e tocar em vários cenários do palácio – da Sala dos Embaixadores, com o seu chão em xadrez preto e branco, à Sala do Trono, cujos lustres ganham vida como se fossem caleidoscópios.
Os efeitos de imagem e cor são muitos, é preciso estar atento para captar toda a ação que vai decorrendo ao longo da fachada. Ao som de Bocherini, o público viaja, ao estilo de Alice no País das Maravilhas, entre os jardins, de grande importância à época, e os aposentos reais. Vê-se a princesa a ser vestida, o príncipe a aprender matemática e navegação, os infantes a brincarem ao peão. Descobre-se o dia e a noite, enquanto as damas se arranjam e se fazem os banquetes. O fogo-de-artifício cria um final apoteótico, feito ao som do último andamento da primeira música de Händel, escrita para fogos-de-artifício.
O trabalho criativo revelou-se muito exigente e feito por uma equipa mais alargada do que o costume. “Criámos milhares de peças, pois estamos a falar de uma fachada com 200 metros. Os desafios maiores foram a sincronização e conseguir desenvolver em apenas três meses um espetáculo com esta duração”, explica Nuno Maya. Não se deixe intimidar pelo frio, a viagem vale mesmo a pena.
![5_Fachadas_interior_creditos_PSML-Wilson_Pereira.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/101431115_Fachadas_interior_creditos_PSML-Wilson_Pereira.jpg)
Fachada interior do Palácio Nacional de Queluz
Wilson Pereira
As obras do Palácio Nacional de Queluz
A mudança mais visível é a cor. O Palácio Nacional de Queluz passou a estar pintado de azul, cor original e que há muito não era vista nas fachadas deste monumento nacional, aberto ao público para visitas e com funções de residência dos Chefes de Estado estrangeiros em visita oficial a Portugal. “Focámo-nos primeiro no exterior e começámos pela fachada e coberturas, onde resolvemos problemas, como as infiltrações”, explica Vanessa Ferreira, Diretora Técnica para o Património Construído da Parques de Sintra. O tom azul original foi devolvido às fachadas depois de uma pesquisa histórica profunda que indicava que o reboco tradicional de cal e areia e pigmento “azul de esmalte” era a cor verdadeira. E acrescentaram-se as molduras em relevo com painéis de cor amarela. Quanto às coberturas, recuperaram-se as da Sala de Jantar, Pavilhão Robillion e Pavilhão D. Maria. Em paralelo, arranjaram-se as caixilharias e os gradeamentos, dos quais tinham desaparecido os douramentos, agora visíveis em todo o seu esplendor, e limparam-se e fixaram-se cantarias, devolvendo a beleza original ao Palácio Nacional de Queluz.
![7_Escadaria_Robilion_Credits_PSML-WP_16-30.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/101632457_Escadaria_Robilion_Credits_PSML-WP_16-30.jpg)
Escadaria Robillion
PSML
O Pavilhão Robillion, até agora inacabado, foi transformado em cafetaria, auditório e sala de eventos, criando novas valências e serviços. “O mais difícil foi fazer a intervenção com o palácio em funcionamento, procurar forma de gerar o menor impacto possível para os visitantes”, diz a Diretora Técnica. Também foram realizados trabalhos no Jardim Botânico, onde se reconstruíram quatro novas estufas, com a reintegração das cantarias originais, recuperaram-se painéis de azulejos, caminhos e estatuaria. A fase seguinte do projeto incluirá, no exterior, a plantação da coleção botânica e dos ananases, uma cultura exótica para à época e cujo fruto era considerado uma iguaria. No interior, serão intervencionadas aos poucos as várias salas do Palácio Nacional de Queluz, que manterá as portas abertas ao público, como acontece com os projetos de conservação promovidos pela Parques de Sintra.
Regresso ao Palácio – A Viagem Concerto > Palácio Nacional de Queluz > Lg. do Palácio de Queluz, Sintra > T. 21 21 923 73 50 > 20-22 jan, sex-dom 19h, 21, 22h30 > grátis > entrada no Palácio: ter-dom 9h-18h > €8,50 (palácio+jardim), €3,50 (jardim)