1. Bambino a Roma
Chico Buarque
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Revisitação emocionante dos dois anos em que o cantor e romancista Chico Buarque viveu na capital italiana, entre 1953 e 1955, onde a memória é exercício de finíssima literatura. Filho de exilado, Francisco aprendeu as primeiras palavras de italiano através do dicionário universalista do futebol: pallone, fuorigioco, và a fancullo… A esta obsessão desportiva, ainda presente aos 80 anos, juntam-se outras, também germinadas em Roma: a bicicleta recebida de presente, a música popular, a escrita encorajada pela professora de literatura, a mundivisão… Companhia das Letras, 176 págs., €16,45
2. Origami
José Gardeazabal
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Máquina narrativa em que a ferocidade da ironia esmaga os leitores desavisados. Gardeazabal continua a explorar a fraqueza humana em fundo sociológico neste seu sétimo romance. Origami tem um narrador solitário, filho de uma família disfuncional pontificada por um alcoólico dado à violência. “Eu sou o avião de papel, o meu próprio corpo papel. Os braços são importantes porque são as asas. Quando a dor aperta, faço um origami de mim mesmo.” Entre provocação e realidade, esta é uma catarse literária contínua. Companhia das Letras, 144 págs., €15,95
3. Melhor Não Contar
Tatiana Salem Levy
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“Era preciso que estivessem todos mortos para eu escrever? Não ter escrito antes foi falta de coragem? (…) Quanta coragem é preciso para se tornar mulher? Quantas vezes ao longo de uma vida nos tornamos mulher?”, lê-se. Neste romance, a escritora aprofunda os laços com a (sua) biografia e o questionamento sobre o poder da escrita, expondo acontecimentos familiares traumáticos: o assédio do padrasto; a morte precoce da mãe Helena, vítima de linfoma: o seu próprio silêncio protetor; o percurso de um aborto. Uma via-crúcis feminina, aliviada, aqui e ali, por lirismo, cartas de família e até humor. Elsinore, 224 págs., €15,95
4. Toda a Gente Tem um Plano
Bruno Vieira Amaral
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Uma vida portuguesa, com certeza, mas das que não costumamos encontrar nos romances. Carlos, Calita, ou noutras formas em que será apresentado ao longo destas páginas, cresceu sem pais, teve vários trabalhos, tentou a sua sorte lá por fora, regressou a casa e voltou a começar do zero. Em todas as etapas da vida esteve perto da felicidade, mas houve sempre qualquer coisa que o impediu de lá chegar. Tão perto e tão longe. Toda a Gente Tem um Plano é o novo romance de Bruno Vieira Amaral, sete anos depois de Hoje Estarás Comigo no Paraíso. Quetzal, 216 págs., €18,80
5. Visitar Amigos e Outros Contos
Luísa Costa Gomes
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Primeiro livro de contos inéditos da autora excelentíssima, Visitar Amigos conta com 13 narrativas que revisitam um Portugal a braços com o passado, presente e futuro do 25 de Abril. As ferramentas são as de sempre: elegância, inteligência, sátira subtil, linguagem burilada até à aparência do não esforço, e um microscópio apontado aos personagens. Aqui, o tempo faz-se juiz e carrasco. Ilusões houve muitas, entre estes amigos, amantes e camaradas de lutas. D. Quixote, 232 págs., €18,80
6. Os Dias do Ruído
David Machado
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A premissa do romance é contemporânea, cinematográfica, capaz de pano para mangas: dois anos depois de evitar um atentado em Paris, ao matar um terrorista islâmico, uma fotojornalista transforma-se em celebridade mundial e vicia-se no buraco negro das redes sociais, até que uma ameaça de morte a obriga ao regresso às raízes familiares. O ruído virtual, ensurdecedor, é dissecado com grande eficácia e contenção por David Machado, num livro perfeito para oferecer, debater e… inspirar a mudar? D. Quixote, 264 págs., €17,70
7. Os Dias Contados
João Tordo
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Os Dias Contados é o terceiro thriller de João Tordo protagonizado por Pilar Benamor, que conhecemos em Águas Passadas e Cem Anos de Perdão. A subcomissário da PSP tem de lidar agora com novas investigações, mas sobretudo com o seu passado. Um antigo caso, que influenciou o fim de vida do seu pai, e a consciência do horror que um ser humano é capaz de infligir a outro marcam a sua corrida contra o tempo, na tentativa de inocentar uma família envolvida num crime macabro. Uma narrativa de leitura voraz. Companhia das Letras, 464 págs., €21,95
8. Último Capítulo
Machado de Assis
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Eis a primeira edição portuguesa com os contos completos de Machado de Assis, um dos maiores escritores da língua portuguesa. Além de grande romancista, o escritor foi um exímio contista, assinando narrativas curtas que moldaram a literatura brasileira e que popularizaram o género no país. Amândio Reis optou por uma cronologia inversa, começando neste primeiro volume já publicado com a fase mais madura do autor de Dom Casmurro (de 1884 a 1907), recuando nos outros três volumes previstos até aos escritos de juventude. E-Primatur, 752 págs., €26,90
9. Tudo-Está-Ligado
Pepetela
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Regresso ao romance de Pepetela, nome cimeiro da literatura angolana. Tudo-Está-Ligado põe lado a lado a efervescência de Luanda e os saberes e costumes mais antigos do Planalto Central de Angola. É entre esses dois mundos que se movem Santiago, major a viver a reforma na sua cidade natal, Benguela, e Ofeka, neta de uma adivinhadora e grande dona de feitiços. Os dois vão empreender uma jornada conjunta em busca de um sentido e da salvaguarda do que está ameaçado na voragem da velocidade contemporânea. D. Quixote, 416 págs., €21,10
10. O que a Chama Iluminou
Afonso Cruz
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Terceiro volume da série Geografias que Afonso Cruz tem vindo a publicar com ficções e relatos criados a partir de viagens e histórias de outros países. Situado no Chile, O Que a Chama Iluminou assume a dimensão de um ensaio sobre o luto. Em 2019, o escritor viajou até ao Chile e viu-se em situações inesperadas. Primeiro, encurralado por dois blindados durante uma manifestação, mais tarde no hospital devido a um acidente de automóvel. Uma reflexão sobre o desaparecimento que passa pela ditadura de Pinochet e pelo saque às populações indígenas. Companhia das Letras, 160 págs., €16,65
11. Aqui Onde Canto e Ardo
Francisco Mota Saraiva
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Francisco Mota Saraiva é uma das figuras literárias de 2024. Não só ganhou a última edição do Prémio José Saramago como viu este seu primeiro romance publicado, também ele distinguido com um importante galardão (o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís). Aqui Onde Canto e Ardo é uma narrativa polifónica, com oito vozes que dão conta das suas dores e perdas, numa torrencial recordação do passado. Tudo é contado a partir de uns papéis que se encontram no sótão e que revelam as personagens mais extraordinárias. Gradiva, 288 págs., €18
12. A Cegueira do Rio
Mia Couto
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A reinvenção da língua portuguesa tem sido uma das marcas mais fortes do percurso literário de Mia Couto e o escritor moçambicano volta a dar uma volta à sua obra para lhe integrar outros elementos, como línguas locais, dialetos e pictogramas. Além dessa pluralidade, A Cegueira do Rio é, ainda, uma narrativa sobre a memória e o relato histórico (ou o seu apagamento), a partir de um episódio pouco conhecido da Primeira Guerra Mundial, quando uma pequena guarnição do exército alemão atacou o norte de Moçambique. Caminho, 328 págs., €18,90
13. Vida e Morte nas Cidades Geminadas
Sérgio Godinho
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Terceiro romance de Sérgio Godinho, que replica na prosa a mestria que se lhe reconhece nas letras de canções. Uma história de encontros e desencontros, em duas cidade, uma portuguesa, outra francesa, com muitas andanças entre cá e lá. Em primeiro plano, um casal, ela Amália Rodrigues, como a fadista e com a mesma vocação, ele Cédric, a lidar todos os dias com a morte (trabalha numa morgue). Um relato irónico e bem-humorado, com muitos jogos amorosos e de palavras. Quetzal, 272 págs., €18,80
14. A Palavra que Resta
Stênio Gardel
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Uma das grandes revelações do ano vinda do outro lado do Atlântico. A Palavra que Resta é o primeiro romance de língua portuguesa a ganhar, nos EUA, o prestigiado National Book Award para melhor tradução e justifica totalmente a distinção. Na sua estreia literária, Stênio Gardel oferece-nos uma personagem que guarda há quase 50 anos uma carta por ler. E é o caminho de Raimundo Gaudêncio até à leitura (e sua aprendizagem) que acompanhamos, num romance que também vai evoluindo da oralidade para a escrita. Em pano de fundo, as questões da violência e da orientação sexual. D. Quixote, 176 págs., €16,60
15. Emídio e Ermelinda
Sandro William Junqueira
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Escritor, dramaturgo e encenador, responsável também pelo programa PANOS do Teatro D. Maria II, Sandro William Junqueira tem alargado as fronteiras do romance, e moldado as suas narrativas e personagens com a liberdade do teatro. Emídio e Ermelinda começou, aliás, por ser uma peça e ganha nova vida em livro. Conta-nos o amor que manteve os avós do escritor unidos para lá de todas as circunstâncias. Um retrato de duas figuras únicas e um olhar para o século XX português. Caminho, 160 págs., €14,90
16. Faina
Marta Pais Oliveira
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Depois de um romance em que a ficção escavava a terra, a ligação a um lugar, Marta Pais Oliveira faz-se ao mar no seu segundo romance. Faina é uma ode aos viveres e às tradições de muitas comunidades costeiras, assim como uma indagação dos seus muitos mistérios. É uma trova de gente que navega, que parte e regressa, nem sempre da mesma maneira, e do impacto que tudo isso tem em quem fica em terra. É, ainda, um fresco de dois mundos que se encontram, convivem e confrontam: o dos pescadores e o dos que lançam rede a outros ofícios, incluindo os artísticos. Gradiva, 368 págs., €19,50
17. Autobiografia de Jesus
Miguel Real
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É longa a tradição literária, incluindo a portuguesa, que tenta reinterpretar e reinventar a vida de Jesus Cristo. Na linha de Saramago, Miguel Real imagina a existência terrena do fundador do cristianismo, separando-a da sua dimensão divina e sobretudo da Ressurreição. Além da interpretação da figura histórica e dos grandes episódios bíblicos, o que se destaca neste romance é o ajuste de contas que o escritor, ensaísta e crítico literário faz com a sua educação católica, sintetizada numa nota inicial. D. Quixote, 288 págs., €18,80
18. Matarás um Culpado e Dois Inocentes
Rodrigo Guedes de Carvalho
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Para ser lido como sequela de As Cinco Mães de Serafim, lançado no ano passado, ou de forma autónoma, Matarás Um Culpado e Dois Inocentes é uma viagem por 50 anos de democracia a partir de uma pequena localidade. Foi aí que numa noite de abril de 1974 três irmãs foram encontradas mortas e uma outra desapareceu. Os acontecimentos são agora revisitados, revelando segredos há muitos escondidos. Nesta nova narrativa, Rodrigo Guedes de Carvalho regressa ao norte do país e à indagação do passado para iluminar os desafios do presente. D. Quixote, 352 págs., €19,90
19. Teoria das Catástrofes Elementares
Rita Canas Mendes
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Apanha-nos desprevenidos, este romance fragmentário e de linguagem ágil que retrata os subentendidos e as histórias de uma família. Há uma mãe algo alheada, um pai alcoólico com passado na guerra colonial, avós com manias, mas sobretudo uma narradora (não autobiográfica) que traduz no seu discurso as contradições e memórias humanas em eterna (re)construção. Elsinore, 208 págs., €16,65
20. Vermelho Delicado
Teresa Veiga
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Vai-se a meio do conto Betânia quando lemos que os personagens exibem a “marca funesta de uma criatura que se evadiu para uma região inacessível, cortada da realidade.” É uma definição que serviria bem para os sete contos de Vermelho Delicado, assombrados pela literatura gótica e por temas contemporâneos como o das vidas virtuais, as fobias antienvelhecimento, as traições e as tradições patriarcais. É uma mão sábia e experiente a que conduz o leitor para estes territórios movediços entre fantasia e realidade. Tinta-da-china, 136 págs., €15,90
21. Autobiografia não escrita de Martha Freud
Teolinda Gersão
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Poderia dizer-se que é um gesto político, este romance que resgata Martha Bernays, mulher do psicanalista Freud, ao silenciamento. Mas Teolinda Gersão não criou, diz, um romance histórico. Esta é uma evocação meticulosa e intimista de uma mulher que tenta reconstituir o seu percurso face ao “multifacetado homem da sua vida”. A matéria-prima são as muitas cartas trocadas por Sigmund e Martha, entre 1882 e 1886. Vozes distantes que ganham assim leituras novas. Porto Editora, 420 págs., €19,99
22. Canção para Ninar Menino Grande
Conceição Evaristo
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A Orfeu Negro inaugurou-se na edição de ficção com duas obras de Conceição Evaristo, autora e ativista afro-brasileira que trabalha os temas da discriminação racial, classista e de género: a reunião de contos Olhos de Água e este romance. Por trás da bela capa assinada por Susa Monteiro, este livro cria uma tapeçaria narrativa sobre as complexidades e contradições da masculinidade, através das aventuras amorosas do trabalhador ferroviário Fio Jasmim. Orfeu Negro, 160 págs., €13,50
23. Augusta B.
Joana Bértholo
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Duas amigas, a literária Raquel e uma Augusta mais dada a aventuras virtuais, que apenas lera A Sibila em resumos e fotocópias, resolvem mimetizar o excêntrico gesto da escritora Agustina Bessa-Luís que, aos 21 anos, publicou um anúncio discreto num jornal, de que resultou um casamento que duraria sete décadas. Estamos em 2024, e o gesto paraliterário destas meninas da Póvoa de Varzim cai no vazio, sem matrimónios na volta do jornal, mas este livrinho escalpeliza, ligeirinho, uma nova “sociedade do espetáculo”. Caminho, 104 págs., €14,90
24. Deus na Escuridão
Valter Hugo Mãe
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Depois de percorrer as geografias distantes da Islândia, Japão e Brasil, o autor conclui a sua tetralogia na ilha da Madeira, “terra vertical”, lugar que induz à narrativa em plongé, o abismo a olhar de volta os protagonistas. Os afetos e as epifanias, Deus e a solidão, a dureza dos elementos e as orfandades familiares, contam-se, aqui, através do amor fraterno entre dois irmãos: Paulo, criatura feliz, e Serafim, o denominado “Pouquinho.” Porto Editora, 288 págs., €18,85
25. Chiquinho
Baltasar Lopes
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Novamente disponível um livro central na literatura cabo-verdiana peça fundamental na consolidação da identidade do país e da sua luta pela independência. Um verdadeiro clássico. Baltazar Lopes publicou Chiquinho em 1947, descrevendo a dura vida das ilhas de São Nicolau e São Vicente. Ao correr das páginas acompanhamos o crescimento do protagonista, rodeado por tudo o que marcou a história do país durante a ocupação colonial: pobreza, exploração e emigração. Caminho, 304 págs., €17,90
26. Mestre dos Batuques
José Eduardo Agualusa
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O novo romance de José Eduardo Agualusa agarra-nos como um policial quando lemos que, nos territórios do Bailundo, soldados portugueses aparecem misteriosamente mortos. Este é, nas palavras do autor, um “falso romance histórico”, que deixa no leitor a vontade de querer investigar o que ali é real ou ficção. Quem nos conta esta história é uma descendente das personagens do início do século XX que aqui nos são apresentadas. Só perto do fim somos transportados para anos mais recentes, quando essa narradora, a percussionista Leila Pinto, nos fala da sua vida atual, diretamente ligada aos mistérios do reino do Bailundo, que durante anos gozou de autonomia dentro da colónia portuguesa de Angola. Quetzal, 272 págs., €18,80
27. As Melhoras da Morte
Rui Cardoso Martins
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Quem leu E Se Eu Gostasse Muito de Morrer, romance de estreia de Rui Cardoso Martins, em 2006, sente-se transportado para lá. As Melhoras da Morte começa com um reencontro de velhos amigos num funeral, pretexto não só para Cruzeta (alter ego do autor e real alcunha por que é conhecido em Portalegre, a sua cidade) pôr a conversa em dia com esse grupo mas também consigo próprio, com os leitores, com o mundo. Do humor à tragédia, do amor à morte, do sublime ao escatológico vão poucos passos na prosa de Rui Cardoso Martins. Tinta-da-china, 256 págs., €18,90
28. Morro da Pena Ventosa
Rui Couceiro
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É oficial: o editor fez-se escritor. Rui Couceiro, responsável pela chancela Contraponto, regressa à ficção, depois de Baiôa Sem Data Para Morrer (de 2022). Mas há muita realidade nesta “ficção”, e isso começa logo no título do livro, familiar a quem conhece bem a geografia de um Porto antigo. “Aqui, na Sé, ainda moram alguns dos de cá”, lê-se. Quem fala connosco é Beta, que, depois da morte da avó, se comprometeu a continuar a passar para a escrita os seus dias e reflexões – como fazia antes, para contar (quase) tudo à avó, analfabeta. Porto Editora, 384 págs., €19,99
29. O Protocolo Caos
José Rodrigues dos Santos
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O jornalista da RTP e autor de best-sellers sempre conectados com temas da atualidade continua a publicar com uma impressionante cadência praticamente anual. No centro do novo livro, mais uma vez com Tomás de Noronha como protagonista, está a Rússia e os seus “cavalos de Troia” no Ocidente que usam, entre outras armas, o poder das redes sociais. Planeta, 624 págs., €22,50
30. Cadente
Mário Rufino
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“Na manhã em que levei a minha avó a enterrar, há muito que ela me tinha morrido. Somente o seu invólucro entrou na terra. Foi vazio de histórias. De um segundo para o outro, até de respirar o corto se esqueceu.” Assim começa Cadente, romance em que Mário Rufino explora os caminhos da desmemória e da perda da identidade. É também romance sobre a culpa, a de um neto que tem de lidar com a avó e a sua doença de Alzheimer, mas sobretudo de alguém que tem de se confrontar com o passado quando ele parece estar a escapar à pessoa mais importante da sua vida. Quetzal, 224 págs., €17,70