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O historiador inglês Lawrence James é considerado um especialista em história narrativa
Agora, que tanto se fala da expansão europeia para outros continentes, das modalidades que assumiu e do que representou para os povos colonizados, não podia surgir livro mais oportuno relacionado com o tema. Os conceitos sempre mutantes de “descobrimento”, “missão civilizadora”, “civilização africana”, “exploração” (tanto na aceção geográfica como na económica) ou “luta de libertação”, a que devemos adicionar o drama da escravatura, são outras tantas personagens desta história verdadeira cujo protagonista é o continente africano desde que os seus destinos se cruzaram de forma mais intrincada com os da Europa – ou seja, desde a primeira metade do século XIX.
“Impérios ao Sol – A Luta pelo Domínio de África” (Desassossego, 446 págs., €18,80) é o mais recente livro do autor de trabalhos como “Ascensão e Queda do Império Britânico” e as biografias de Wellington e Lawrence da Arábia
Portugal, com ligações a África muito anteriores, remontando ao século XV, desempenha forçosamente um papel destacado nesta narrativa apaixonante, mas são sobretudo os lances da conquista do “continente negro” na era vitoriana do Império Britânico e sob os diversos regimes políticos que a França viveu em Oitocentos, bem como o auge do colonialismo na primeira metade do século XX, que o autor nos descreve de forma colorida, envolvendo-nos numa tela feita de curiosidade, paixão e cobiça.
Particularmente interessante é a reflexão sobre os choques de interesses das potências colonialistas, cujo exemplo maior é o incidente franco-britânico de Fachoda, em 1898, quando Londres e Paris estiveram à beira do confronto militar, desentendimento que se transformaria na Entente Cordiale quando se tratou de fazer face a uma outsider Alemanha em ascensão. Como não poderia deixar de ser, boa parte do livro debruça-se sobre o longo e atribulado processo de descolonização, já no quadro da Guerra Fria.
O historiador inglês Lawrence James (cujo nome de batismo é Edwin James Lawrence), de 73 anos, foi, em 1963, um dos fundadores da Universidade de York e é considerado um especialista em história narrativa. Impérios ao Sol é um excelente exemplo desse talento.