A lista dos nomes de músicos que cantam na nova versão da canção Loucos de Lisboa neste disco chegariam para encher esta página (57 vozes ao todo: de Carminho a Quim Barreiros, de Carlos do Carmo a João Pedro Pais, de Luísa Sobral a Sérgio Godinho e muitos mais…). Este álbum duplo, João Gil Por…, recorda-nos como é longa e variada a carreira do músico nascido na Covilhã há 61 anos (fez-se à cidade de Lisboa aos catorze).
Olhando para os 26 temas aqui recriados percebe- -se que há um nome recorrente, verdadeira parceria (e amizade) ao longo dos anos: João Monge que escreveu letras musicadas por João Gil nos seus vários projetos (Trovante, Ala dos Namorados, Rio Grande…). O próprio Gil enquanto letrista também está presente em canções tão reconhecidas como Fim do Mundo, Saudade.
Estes tipo de discos de versões, sobretudo quando o homenageado ainda está aí para as curvas e até é participante, só fazem sentido quando se acrescenta algo ou se consegue surpreender quem ouve. A primeira faixa dá logo boas indicações nesse sentido: 125 Azul, um dos últimos hits dos Trovante (letra de Luís Represas) ganha uma nova identidade na interpretação inconfundível, ritmada, quase falada, de Carlão (ex-PacMan, dos Da Weasel) com a ajuda de Lúcia Moniz. Temas como Senta-te Aí (dos Rio Grande), Esplanada, Saudade e Memórias de um Beijo (dos Trovante) parecem escritos para quem aqui os canta (Miguel Araújo, Tiago Bettencourt, Raquel Tavares e Márcia).
A elegância de Carlos do Carmo sublima-se a cantar as palavras de Verlaine em Il Pleure Dans Mon Coeur. Em dois casos, estes registos são pura festa de camaradagem musical, como a música popular deve ser muitas vezes: O Copo (com Vitorino, Jorge Palma, Tim, Rui Veloso e o próprio Gil) e História do Zé Passarinho (com Herman José, Quim Barreiros, Júlio Pereira e Nani Nadais). Um disco com história(s).
Veja aqui o vídeo da nova versão de 125 Azul (dos Trovante) cantada por Carlão e Lúcia Moniz