Há aqui algo de anacrónico, desde o primeiro momento. Como se pedaços destas canções pudessem chegar diretamente dos anos 60, 70, 80. Ecoam tanto os primeiros discos de Sérgio Godinho como a escrita de canções do século XXI feita por nomes com B Fachada, Samuel Úria ou Jorge Cruz. Isso significa que Luís Severo entra, aos 24 anos (ou aos 22, quando editou Cara d’Anjo), numa estrada que vem de longe.
E entra com os dois pés, corpo inteiro e toda a convicção.
A língua portuguesa continua a não ser a melhor amiga do formato canção e reconhece-se em Severo um talento (natural e trabalhado) para fintar todas as curvas difíceis e obstáculos. Amor e melancolia espreitam a cada esquina, mas a atualidade também mora aqui: “Lisboa chora agora, não há filho teu que não te venda” canta em Amor e Verdade. Chegados à oitava e última faixa, Olho de Lince, já não restam dúvidas: temos escritor de canções.
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