1. Exposição “Meisel 93”, Muelle de la Batería
Organizada pela fundação de Marta Ortega Pérez – presidente da Inditex, empresa-mãe da Zara, cuja primeira loja nasceu em 1975, numa esquina da Rua Juan Flórez, na Corunha –, apresenta mais de uma centena de fotografias de grandes dimensões de um dos fotógrafos de moda mais conhecidos: o norte-americano Steven Meisel, atualmente com 68 anos. Em Steven Meisel 1993, A Year in Photographs, que ocupa um silo do porto da Corunha transformado em galeria, revisitam-se as imagens captadas por Meisel durante um ano, numa altura profissional apoteótica, em que foi responsável por 28 capas da revista Vogue e mais de uma centena de editoriais de moda. A exposição apresenta mais de 100 retratos (a maioria, a preto e branco) de personalidades do mundo da moda e do cinema, como Linda Evangelista, Carla Bruni, Naomi Campbell, Kyle MacLachlan, Claudia Schiffer ou Barbra Streisand, cujas carreiras Meisel ajudou a impulsionar. Até 1 de maio, entrada gratuita. Mais informações em meisel93.coruna.
2. Rota de Picasso
Apesar de ter nascido em Málaga, foi na Corunha que Pablo Picasso começou a pintar. Em 1891, aos 9 anos, mudou-se com a família para a cidade galega (onde o pai daria aulas na Escola de Belas-Artes), e foi aqui que o autor de Guernica fez a sua primeira exposição (numa loja de móveis da Calle Real). “Descobri um mundo inteiro, o meu mundo, na Galiza”, confessaria, mais tarde. A casa onde o artista viveu durante quatro anos, na Rua Payo Gómez, n.º 14, é o início da Rota Picassiana, que atravessa as inspirações do mestre do cubismo, como as ruas, a Torre de Hércules (a que chamava “de Caramelo”), as praias de Riazor e Orzán, o Teatro Rosalía de Castro, o Parque de Santa Margarida ou o Cemitério de Santo Amaro (onde foi enterrada a sua irmã mais nova, Conchita). Em 2023, celebram-se os 50 anos da morte de Pablo Picasso, que serão assinalados a partir de março, no Museu de Belas-Artes, situado num antigo convento do século XVIII, com a exposição Picasso branco na lembrança azul.
3. Museu Estrella Galicia
É impossível percorrer a cidade sem beber a cerveja criada, na Corunha, por José Rivera, em 1906, e que ainda hoje se mantém na família. A marca está por todo o lado, e a visita à fábrica, com o primeiro e único museu de Espanha dedicado à cerveja, é irresistível. O Museu Estrella Galicia é “pouco convencional”, avisam, pelo facto de dar maior ênfase à experimentação do que à área expositiva. A visita (€15) inclui a oferta de uma caña, por supuesto.
4. Torre de Hércules
É o farol romano mais antigo do mundo ainda em funcionamento, Património Mundial da UNESCO desde 2009 (€3). Construído em pedra, entre a praia Orzán e o golfo Ártabro, pelo arquiteto Caio Sévio Lupo, natural de Coimbra, na segunda metade do século I, ergue-se em 37,2 metros de altura, ao som das águas do mar a bater nas rochas. Ao longo da História, foi protagonista de mitos e lendas, mas continua a ser essencial aos navegadores que atravessam o Atlântico.
5. Peixe e marisco
Numa cidade abraçada pelo mar e pelas rias, praticamente todos os restaurantes servem bom peixe e mariscos frescos, como ostras, gambas, mexilhões, ao natural ou em arrozes. Os restaurantes Terreo e La Taberna de Miga são boas propostas. O cardápio inclui também a carne de presa ibérica, os queijos e, cada vez mais, produtos das hortas de produtores locais e vinhos das cinco regiões demarcadas da Galiza.
6. Passeio Marítimo e galerias de vidro
Tomando como ponto de partida a Torre de Hércules, por exemplo, sugere-se uma caminhada a pé pelo longo Passeio Marítimo, que rodeia quase toda a cidade. Na Avenida da Marinha, observem-se os edifícios com as galerias de vidro de estilo modernista – construção que deu à Corunha o epíteto de cidade de cristal –, desenhadas no século XIX por Juan de Ciórraga e que foram morada dos pescadores locais.
7. Domus – Casa do Homem
A frase “Conhece-te a ti mesmo” serve de mote àquele que se intitula como “o primeiro museu interativo do mundo dedicado ao ser humano”. Construído em frente ao Atlântico, em 1995, pelo arquiteto japonês Arata Isozaki (Pritzker 2019), o Domus – Casa do Homem (€2) é um lugar para famílias (tal como o são o Aquarium Finisterrae ou a Casa das Ciências), com quase 200 módulos interativos que ajudam a entender a espécie humana. O vídeo de um parto é um dos mais populares, bem como um quadro com mais de dez mil fotografias de pessoas, que reproduz a imagem da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci.
8. Cidade Velha
O Casco Antiguo atravessa ruelas, praças e igrejas medievais. A visita à Praça María Pita – nome da heroína que, no século XVI, com a bandeira de Inglaterra em punho, encorajou a população a vencer as tropas inglesas durante o cerco à Corunha – é obrigatória, pelo seu simbolismo histórico. Ali perto, o Teatro Rosalía de Castro (século XIX) leva o nome de outra mulher: a autora da primeira grande obra da literatura galega contemporânea, Cantares Gallegos (1883).
TOME NOTA
Como ir De Lisboa à Corunha são 610 km (301 km a partir do Porto), a fazer de automóvel ou de autocarro. Há voos via Madrid.
6 000 Número de trabalhadores do grupo Inditex (5 500 na casa-mãe, em Arteixo, Corunha; os restantes nas lojas da cidade).
Festas e música As Festas de María Pita (agosto) incluem feiras do livro e de banda desenhada, artesanato e recriações históricas. Os festivais de Mozart (maio) e da Ópera (setembro), bem com o São João (23 junho), com fogueiras na praia de Riazor, marcam a agenda anual.
À mesa O polvo à galega (pulpo a la gallega) é uma das especialidades da região. Servido em pequenos pedaços, é temperado com azeite e acompanhado com batata cozida.