
O Paraíso Escondido está virado para a serra de Monchique
Descreva-se o lugar a partir da varanda do bungalow mais alto, à esquerda de quem sobe para o Paraíso Escondido: virada para a serra de Monchique, uma propriedade que, não sendo um latifúndio, é íngreme o suficiente para nos deixar de língua de fora na subida e extensa ao ponto de imaginarmos África na paisagem alentejana. Berny Serrão, a portuguesa nascida em Moçambique há 47 anos que aqui fez surgir o seu sonho africano, não consegue dizê-lo senão em inglês: “Como se fosse… a lion looking after his pride”. Tradução possível: um leão cheio de si, orgulhoso de si próprio, encantado consigo mesmo.
É preciso conhecer um bocadinho Berny e Glenn (o seu marido, um inglês de 57 anos que, entretanto, deixou a carreira no marketing e publicidade) para entender o espírito do lugar. Nestas coisas de turismos rurais, é costume, por exemplo, elogiar-se o sossego. Só que, no caso, não é tanto o sossego que salta à vista. O Paraíso Escondido é tranquilo, sim, seria estranho se não o fosse, ouvem-se os chocalhos das vacas, o vento nas copas das árvores, o lagarto pelo meio do medronheiro. O que, no entanto, mais apetece destacar é o modo como, neste paraíso, a Natureza e a intervenção do Homem se conjugam, numa harmonia que tem pouco a ver com aquilo a que habitualmente se chama a planície alentejana.
Desde logo porque não se trata de uma planície. O terreno (oito hectares, perto de São Teotónio, concelho de Odemira) é íngreme, já se disse, tem alguns sobreiros, mas sobretudo tem eucaliptos. Foram plantados pelo antigo proprietário e eram, juntamente com uma barragem alimentada pela água das chuvas, a únicas duas coisas que aqui existiam. Por isso, para Berny, não fazia sentido cortá-los: “Já cá estavam antes de nós chegarmos.” Uma maneira verdadeira de dizer que o Homem tem tanto direito à paisagem como a Natureza.
Desde que cá estão, há 13 anos, que Berny e Glenn já acrescentaram uma casa-mãe (inicialmente tinha cinco quartos, hoje apenas três), dois bungalows e cinco suítes, árvores de fruto e uma horta biológica, uma decoração que mistura África e Ásia, um spa e um restaurante. E um modo especial de receber, de servir, de fazer: sem esperar nada em troca, apenas por prazer.

São três os quartos na casa-mãe, além dos dois bungalows e das cinco suítes
Pedro Mendes (chefe do Maria Pia, em Cascais) assumiu, recentemente, a consultoria do restaurante do Paraíso Escondido. A carta inspira-se nos produtos locais: da carne de São Teotónio ao peixe e à fruta do mercado de Aljezur, passando pelos ovos da vizinha D. Glória e pelas compotas do projeto solidário Alma da Nossa Gente.
Paraíso Escondido > Casa Nova da Cruz, São Teotónio, Odemira > T. 91 247 0206 > info@paraisoescondido.pt > €135 a €250 (época baixa), €185 a €300 (época alta)

Sossego e natureza são garantidos no Paraíso Escondido