Quem disse que num festival de música não cabe um restaurante de fine dining, com cozinha de autor, serviço de mesa, toalhas em algodão, pratos de loiça e copos de vidro? A organização do NOS Primavera Sound já tinha tido a ideia há algum tempo e, agora que o festival regressa ao Parque da Cidade, após dois anos de ausência motivada pela pandemia, esta será a grande novidade. O restaurante Prima, assim se chama, já está a aceitar reservas para os dias 9 a 11 de junho.
Situado num ponto alto do parque do Porto, com janelas viradas para o verde e para o mar, o restaurante Prima (diminutivo de Primavera) vai servir um menu surpresa (€50, cinco momentos, vinhos incluídos) pensado pelos chefes de cozinha Vasco Coelho Santos (Euskalduna Studio e Semea, Porto) e Maurício Ghiglione (Belos Aires, Porto).
Em cada um dos três dias do festival, há quatro turnos de jantares disponíveis, com 50 lugares cada e a duração de cerca de uma hora, “para permitir que as pessoas façam a sua refeição com calma, mas usufruam da música lá fora”, diz José Barreiro, diretor do NOS Primavera Sound. Do menu, pouco ou nada se pode revelar para não estragar a surpresa. Sabe-se apenas que tudo será cozinhado no fogo, terá quatro pratos principais (dois de cada um dos chefes de cozinha) e uma sobremesa, criada em conjunto, e que poderão incluir alguns dos pratos emblemáticos dos restaurantes dos chefes – quem sabe, a rabanada do Euskalduna, o pão de massa de fermentação lenta da Ogi, ou as carnes e as empanadas argentinas do Belos Aires?
“O objetivo é que as pessoas confraternizem durante aquela hora”, salienta Vasco Coelho Santos, que nunca tinha participado num festival desta dimensão (em 2019, passou pelo PortAmérica, na Galiza), esperando ter tempo para assistir, no sábado, 10, ao concerto dos Gorillaz, a banda britânica da sua infância. Montar um restaurante do zero será também uma estreia para Maurício Ghiglione, embora o chefe de cozinha argentino já tivesse passado pelo Primavera Sound noutros anos com a sua food truck El Argento.
Jesuítas da Moura e uma sex shop
O restaurante Prima não será, no entanto, a única novidade da oitava edição do festival. A Confeitaria Moura, loja histórica nascida em Santo Tirso em 1892, célebre pelos seus jesuítas e limonetes, também se estreia na zona VIP do Primavera Sound.

De resto, a área de restauração vai contar com mais de 50 projetos, entre os quais estarão, como tem sido habitual, alguns dos cafés e restaurantes mais icónicos do Porto com o que têm de melhor: as sandes de pernil da Casa Guedes (com a presença do Sr. César Correia, garantem!), as bifanas da Conga, os cachorrinhos do Gazela, as francesinhas do Madureira’s ou as pizzas napolitanas do Il Fornaio 178. “Valorizamos a ligação ao Norte e à cidade do Porto, são uma mais-valia”, salienta Ana Neto, da S.P.O.T. (Sociedade Portuense, Outras Tendências), responsável pela gestão do mercado e da área de restauração. O sushi do Kyoto da Baixa, a bolacha americana do Zé da Tripa, as kombuchas d’Aquela Kombucha, além de várias food trucks com baos, bagels, tacos, comida asiática, também vão marcar presença no festival que este ano terá “um grande crescimento na área da comida vegan, vegetariana e macrobiótica”, anuncia Ana Neto.
Na zona do mercado, com mais de 20 lojas, participam, pela primeira vez, a sex shop Nude Vibes e o Centro Comercial de Bombarda que levará candeeiros e outras peças de autor ao Parque da Cidade. A Águas Furtadas terá à venda ilustrações relacionadas com música junto às bancas de marcas de roupa e calçado (Metralha, Foursoul, Daily Day, ShoesArt…), de ilustração (Fio Água, illustrART, Little Badger, Laroca…), de discos (a habitual Tubitek), e dos tatuadores da Nervo Tattoo. “Este ano, há ainda uma maior aposta na sustentabilidade”, salienta Ana Neto. Exemplo disso são os cosméticos da Masala Crua, as sandálias e sapatilhas da Zouri Shoes, cuja sola é feita de plástico recolhido nas praias, os rolos fotográficos descartáveis transformados em ímanes da Setes, as peças vintage da Chiclete ou a roupa em segunda mão da Vintage for a Cause.
Mais zonas de circulação
O NOS Primavera Sound marca o arranque dos grandes festivais de música de verão no pós-pandemia. José Barreiro, o diretor, destaca o gigantesco anfiteatro natural do Parque da Cidade como uma das mais-valias deste festival, “sem que se sinta uma grande pressão do público”. Apesar disso, serão criadas “mais zonas de circulação e de esplanada nas áreas de restauração.”
Com 35 mil visitantes por dia, nesta oitava edição verifica-se “um aumento significativo de público estrangeiro”, que é superior a 15 mil pessoas por dia (500 dos quais são americanos). “É quase um regresso às origens do festival, em 2012, em que tínhamos mais estrangeiros do que portugueses”, relembra José Barreiro. No verde do parque, os cinco palcos estão a ser montados e, de novo, com a colaboração do artista João Paulo Feliciano. A contagem decrescente já começou.
NOS Primavera Sound > Parque da Cidade do Porto > 9-11 jun, qui-sáb > a partir €70 > primaverasound.com