1. Mercado de Campo de Ourique, Lisboa
Todos os dias, a partir das 8 horas, há pão fresco na padaria Gleba, uma das novidades no Mercado de Campo de Ourique, renovado há oito anos e que serviu de modelo a tantos outros. Ali, são vendidas a peso mais 15 variedades de pão de fermentação lenta – feito com cereais portugueses – e panetone. “Era o sítio ideal para abrir. Além de ser um edifício notável, a loja enche-se de luz natural e está virada para o jardim da Igreja do Santo Condestável”, diz Diogo Amorim.
O balcão da For God’s Bake by Mimi, aberta em julho, é uma tentação – cupcakes, brownies e minicakes, de diferentes receitas e recheios –, assim como a nova Petiscaria de Vítor Sobral, com uma ementa de petiscos portugueses, “descontraída e de partilha, para comer a qualquer hora do dia”, diz o chefe dos restaurantes Tasca da Esquina e Peixaria da Esquina, nas redondezas. Do pica-pau de novilho à farinheira com azeitonas marinadas, tem ainda sugestões de mariscos e conservas. Ao lado, na Pizzaria Ourique, são os sabores italianos que desafiam o paladar, com pizzas de massa fina e estaladiça, preparadas com os legumes comprados nas bancas da Dona Céu e do Senhor Jorge. No final de setembro, início de outubro, abrirá o restaurante Sauvage, de Olivier da Costa, e a hamburgueria DC Brothers. R. Coelho da Rocha, Campo de Ourique, Lisboa > T. 21 132 3701 > dom-qui 10h-23h, sex-sáb até à 1h
O Melhor: Tem oferta para (quase) todos os gostos: a comida italiana do La Via, o sushi e bowls do Mikadinho, as sanduíches de cachaço de porco da Camionete, os brunchs do Bubbles, os petiscos da Tapearia Portuguesa e os cafés, crepes e afins da Caramella.
2. Praça – Mercado Municipal de Famalicão, Vila Nova de Famalicão
Reabriu em abril, após obras de requalificação profundas, que modernizaram a imagem do edifício de 1952, sobretudo pela monumental cobertura de ferro e vidro que agora abriga o terrado. Melhorar as condições e captar novos públicos era o objetivo do projeto da equipa de arquitetura da Câmara Municipal de Famalicão. A faixa etária dos clientes baixa à medida que as horas passam na praça. A procura dos frescos pelos habitués do mercado, feita de manhãzinha, é substituída pela azáfama na esplanada da área de restauração, ao almoço e ao jantar, com muitos jovens e famílias conquistados pela variada oferta, desde comida japonesa a petiscos bem portugueses.
“A praça da alimentação ajuda a trazer pessoas ao mercado, outras gerações que, se calhar, nunca cá viriam”, acredita Ângela Carneiro, 35 anos, que quis continuar com o negócio da avó na venda de fruta e legumes. No interior da praça, entre os comerciantes permanentes, há bancas de produtos hortícolas, peixe, flores e ainda as lojas como padaria artesanal, charcutaria e talhos. À sexta e ao sábado de manhã, o cíclico mercado de lavradores ganha mais vida, com dezenas de produtores locais inscritos (sobretudo, de flores e hortícolas) a aproveitarem para venderem os excedentes. Há ainda uma cozinha experimental virada para a praça central, onde os chefes residentes – este ano, o lugar é ocupado por Lígia Santos – fazem regularmente showcookings e workshops. Av. Marechal Humberto Delgado, 135, Vila Nova de Famalicão > T. 252 789 762 > mercado seg-sáb 7h-19h, restauração seg-qui 10h-24h, sex-sáb 10h-1h
O Melhor: A área da restauração está rodeada por bancas de fruta, legumes e peixe. Às sextas e aos sábados, há música ao vivo e momentos de magia. Em breve, vão voltar as Quartas com Vinho, das 18h às 20h.
3. Mercado do Bom Sucesso, Porto
Inaugurado em 1952, o mercado, de arquitetura moderna e interior desafogado, ganhou, este ano, outra dinâmica e mais “moradores”. A intervenção, ainda a decorrer, procura “resgatar memórias e recriar a ideia da antiga mercearia”, diz Marco Massano, diretor do Bom Sucesso. Há mármore de lioz nas bancadas, azulejos produzidos à mão, madeira natural e candeeiros feitos de raspadores, pipas de vinho, plantas, cestos e leiteiras. Em dez mil metros quadrados, acomodam-se 26 balcões de comida, rodeados de 40 lojas e restaurantes, supermercado e palco multiusos. “O formato faz cada vez mais sentido, dá-lhe outra vida”, afirma Carlos Santos, da Queijaria Portuguesa. A oferta gastronómica é diversificada. Estão lá o Forno do Leitão do Zé, o vegetariano Da Terra, a Confeitaria Moura (os melhores jesuítas da cidade) e, em breve, vão chegar a Tra La Pasta Fresca, do grupo Reitoria, um wine & bistro da Vinoteca À Parte e o Beher, com tapas de presunto ibérico e queijos para partilhar. Pç. do Bom Sucesso, 74, Porto > T. 93 323 8609 > seg-qui e dom 8h-23h, sex-sáb 8h-24h
O Melhor: A recente intervenção trouxe luminosidade ao mercado, mais áreas lounge e um novo palco com programação cultural, em parceria com a Fundação Manuel António da Mota.
4. Praça – Mercado Municipal de Braga
O edifício dos anos 50, projetado pelo arquiteto Alberto Pereira da Cruz, ainda guarda características do Estado Novo, como as alas ocupadas por talhos, mercearias, charcutarias…. Com a recente reabilitação, a zona central ganhou uma escultórica cobertura de aço e madeira que protege os comerciantes de fruta, flores e legumes das adversidades atmosféricas – nem todas, mas estão a ser estudadas melhorias. Ainda assim, “não tem comparação com o antigo mercado, que não tinha condições nenhumas”, diz Juliana Miranda, 36 anos, que se juntou à mãe no negócio. O mercado reabriu em dezembro, com 80% dos antigos ocupantes a retomarem as suas bancas – há ainda lugares provisórios para dezenas de produtores locais. No início de agosto, entrou em funcionamento a Mesa na Praça, com uma oferta variada. Para já, ali estão o Chakburger, a Vinoteca à Braga, o Frigideiras da Praça, O Forno do Leitão do Zé, o Siamo in Due Restaurante & Pizzeria, o Tribunal da Cerveja, a Confeitaria Moura e a geladaria Pappa’lab, podendo optar-se entre as mesas no interior, a varanda superior e a esplanada na praça fronteira, igualmente requalificada. Pç. do Comércio, Braga > T. 253 214 671 > Mercado seg-sex 7h-17h, sáb 7h-14h, Mesa na Praça seg-qui, dom 11h-23h, sex-sáb 11h-24h
O Melhor: O sistema de cacifos refrigerados, gratuito, permite ali deixar as compras e recolhê-las mais tarde, através de um QR Code, dentro do horário de funcionamento do mercado. Há ainda uma área para exposições, com cozinha para showcookings.
5. Mercado de Arroios, Lisboa
Junto à Rua Ângela Pinto, os desenhos de grandes dimensões pintados no chão vieram dar cor à zona envolvente, recentemente requalificada, do Mercado de Arroios. São mais de mil metros quadrados desenhados pelo coletivo Boa Hora Estúdio (Frederico Mendes, Paulo Ferreira, Miguel Brum, João Miguel Santos e Vasco Costa), pelos quais se pode passear, e ainda dois parklets, nome para as zonas de descanso com mobiliário urbano. Dentro do mercado também se notam diferenças. Alguns restaurantes têm agora lugares na esplanada interior, a mercearia Zaytouna está maior e tem mais iguarias do Médio Oriente, mas a grande novidade é a loja de discos Flur, que se mudou de Santa Apolónia para aqui. “Perdemos a vista do rio, mas ganhámos vida de bairro”, diz André Santos, um dos sócios. S.L.F. R. Ângela Pinto, Lisboa > T. 21 351 1617 > seg-sáb 7h-14h
O Melhor: O pão de fermentação lenta da Terrapão; a comida do Médio Oriente do restaurante Mezze; e as soccas doces ou salgadas (panqueca de grão-de-bico) do Pequeno Café Bistro.
6. Mercado de Carcavelos, Cascais
São três as novidades e, se isso soar a pouco, escreva-se que este mercado tem a graça de ser pequeno e sossegado, a merecer uma visita. Desde julho passado, no lugar do Eduardo dos Petiscos está o Matcha Brunch, com esplanada própria e uma oferta de tostas, bowls, panquecas doces, sumos naturais e cocktails. Os pratos que saem da cozinha têm ótimo aspeto e surpreendem pelo sabor – como a tosta aberta com molho romanesco, espinafres salteados, burrata e salada, que acompanhámos com uma margarita. Frente a frente, entre a banca do peixe e a dos legumes e fruta, encontram-se agora a taqueria mexicana El Negro e o Castiço Wine Bar, com vinhos e petiscos para picar, como queijos, chouriço assado, conservas e pão artesanal. À sexta ou ao sábado, ali pela hora do jantar, há música ao vivo. I.B. Pç. Dr. Manuel Rebello de Andrade, 3, Carcavelos > ter-qua, sex-dom 12h-22h30
O Melhor: A oferta dos novos negócios que tomaram conta do mercado, com opções para um brunch, sabores mexicanos e vinhos a copo com um petisco. Mesmo ao lado, fica a loja de gelados da Santini.
E AINDA
7. Mercado Beira-Rio, Vila Nova de Gaia
Mantém o espírito tradicional da praça com bancas de fruta, legumes, pão e charcutaria, lado a lado com petiscos da Queijaria Portuguesa, opções vegetarianas do restaurante Da Terra e doces da Brigadão. A estes, juntaram-se recentemente o Tripas Coração, com pratos de cozinha portuguesa, e o Botequim à Brasileira, com comida típica dos botecos, exemplo dos dadinhos de tapioca, pão de queijo e coxinhas de galinha. Av. Ramos Pinto, 148, Vila Nova de Gaia > T. 93 041 5404 > mercado seg-sáb 8h-19h, restauração seg-dom 10h-22
8. Mercado de Matosinhos, Matosinhos
O luminoso e amplo edifício está em constante renovação. À entrada, sente-se a azáfama nas bancas de frescos, do peixe à fruta, passando pelos legumes e plantas. No exterior, está agora A Loja da Saudade, dedicada ao artesanato português, o mais recente “morador” do Mercado de Matosinhos, e a Pão da Terra, que serve café e pão artesanal acabado de sair de forno, à mesa. Em breve, o restaurante Mafalda’s abrirá renovado e ampliado.