
José Carlos Carvalho
1. Sumaya
Recriação da comida de rua de Beirute
Não estranhe se, ao longo do almoço ou do jantar, chegarem à mesa diversos pratos. Lembre-se de que na gastronomia do Médio Oriente a palavra-chave é “partilha”. “No Líbano, enchemos a mesa três vezes durante a refeição. Primeiro, as mezzes (petiscos, em português) frias, depois as mezzes quentes e, por fim, os pratos principais”, explica o libanês Tarek Mabsout, 36 anos, proprietário do restaurante Sumaya. “Queremos representar a cozinha tradicional libanesa, aquela que se come nas ruas de Beirute”, resume Tarek, que chegou com os pais a Portugal, em 1989, com apenas 7 anos, numa altura em que o Líbano estava a sair da guerra civil. Na ementa há falafel, as bolinhas de grão e de favas com especiarias, servidas com tahini e pickles (4 unidades/€6,50); fatayer, nome para as empadas de espinafres com limão, azeite e sumac (4 unidades/€6); e baba ganoush, de beringela com tahini, limão e romã (€6), tudo feito segundo as receitas tradicionais. A salada de frango, com espetadas de frango, tomate, alface, cebola, milho e zaatar (€12), e a shawarma, de borrego e de vaca, ou só de frango (€13), completam a lista de pratos mais apreciados pelos libaneses, na qual constam ainda as espetadas de carne grelhada. A refeição pode acompanhar-se com vinhos de origem libanesa, na sua maioria de castas francesas cultivadas no vale do Beca, o coração verde do Líbano. “Somos mais interessantes nos tintos”, diz Tarek, justificando a seleção. R. da Escola Politécnica, 40, Lisboa > T. 21 347 0351 > dom-qui 12h-16h, 19h30-23h, sex-sáb até às 24h
Hagay Elle, proprietário do restaurante Yallah
Marcos Borga
2. Yallah
Comida libanesa tradicional e reinterpretada
Durante a maior parte da sua vida, o israelita Hagay Elle, proprietário do restaurante Yallah, foi fotógrafo de moda e beleza, o que o levou a viajar pelo mundo e a conhecer diferentes cozinhas. O olhar estético para as coisas bonitas reflete-se, agora, na decoração da sala com apenas uma mesa corrida (para 10 pessoas), onde sobressaem os quadros com desenhos de ingredientes, e nos pratos que confeciona na pequena cozinha, ao fundo do restaurante. Sempre gostou de cozinhar, mas foi no Boa-Bao, ali perto, em que trabalhou durante um ano, que aprendeu o essencial. No Yallah, Hagay serve comida de rua do Médio Oriente, com a qual cresceu, recorda. Ali, juntam-se pratos tradicionais, como o falafel, as pitas e o tabbouleh, com criações suas, por isso haverá sempre novidades. O brunch, servido no domingo, e o serviço de take-away complementam a oferta. Como se diz em árabe: Yallah, que traduzido à letra significa “Vamos lá”? R. do Loreto, 54, Lisboa > T. 21 604 2000 > seg-qua 12h-24, qui-sáb até às 2h

D.R.
3. Hummusbar
Aqui o húmus é servido no pão pita, em saladas e no prato
Tudo começou em 2005, com um pequeno restaurante na rua Kertész, em Budapeste, que vendia apenas húmus, falafels e algumas saladas. Passados estes anos, o Hummusbar conta já com moradas na Hungria, Eslováquia, Bulgária e, desde dezembro, em Lisboa, dentro do Mercado de Campo de Ourique. A ementa gira em torno desta pasta, feita a partir da mistura do grão-de-bico com tahini, azeite, sumo de limão, alho e especiarias, que se serve em sanduíches de pão pita artesanal, com creme de tahini, legumes e um molho à escolha (€4,90), às quais se pode adicionar falafel ou sabich (fatias de beringela frita e de ovo cozido, uma especialidade genuína). No prato, destacam-se o húmus com salada turca (€7,90), uma das mais condimentadas do Médio Oriente; com cogumelos e cebola grelhada (€7,90) e, na sua versão mais completa, com seis bolas de falafel, cogumelos e grão-de-bico cozido (€8,90). “O húmus, além de isento de glúten, é delicioso e saudável”, diz o israelita Uri Gotlibovich, um dos fundadores do Hummusbar. Mercado de Campo de Ourique > R. Coelho da Rocha, 104, Lisboa > T. 91 365 4064 > dom-qui 12h-23h, sex-sáb 12h-24h

No restaurante Zá’atar, no Cais do Sodré, há um novo menu para duas pessoas partilharem
D.R.
4. Za’atar
José Avillez e Joe Barza, chefe de cozinha libanês, assinam a carta do restaurante
À descoberta do Líbano com Joe Barza dá nome ao novo menu para duas pessoas (€70), composto por 11 pratos, no restaurante Za’atar, aberto em meados de outubro, no Cais do Sodré. Para este banquete, o chefe Joe Barza – com mais de 30 anos dedicados à gastronomia libanesa, convidado pelo chefe José Avillez para assinar a ementa – sugere uma viagem pelos diferentes sabores do seu país. Sobre esta cozinha do Médio Oriente, conhecida por usar muitos vegetais, ervas aromáticas, especiarias, ervilhas e tahini, o chefe libanês acrescenta ser bastante variada e rica, tanto em sabor como em produtos. O novo menu inclui, por exemplo, o fattouch, uma salada de alface-romana, agrião, tomate, pepino, pimento e pão frito com sumagre; o húmus, pasta de grão com tahini, azeite e sumo de limão, e o tajin arnabit, uma couve-flor marinada e assada com curcuma, coentros e azeite, servida com tahini – sugestões que podem também ser pedidas à carta. R. de São Paulo, 24, Lisboa > T. 21 135 0860 > seg-dom 12h30-15h, 19h-23h
No Lebanese Corner, o pão pita é feito todos os dias
Marcos Borga
5. Lebanese Corner
Shawarma, falafel e húmus são as especialidades
Antes de os clientes entrarem para almoçar, Yasser prepara os pastéis recheados com tomate picante (€1,50), que há de servir quentinhos. A seguir, parte em bolinhas a massa do pão, feita com farinha, açúcar, sal e água, e estende-as com um rolo, para lhes dar uma forma arredondada e fina. Por fim, são postas no saj (uma espécie de forno), para aquecer e alourar. “Cada bolinha vai dar uma fatia deste pão”, explica Yasser, refugiado da Síria, a viver por cá há cerca de dois anos. No Lebanese Corner, aberto em novembro, a ementa inclui, entre outras opções, shawarma (de frango e de vaca, €5/pão, €9,50/prato), húmus (€4,50) e falafel (€4,50/pão, €8,50/prato), que podem acompanhar com pão e salada de tomate e pepino: “Não é street food, é mais fast food”, diz o libanês Mohamed, proprietário, a viver em Lisboa há sete anos. E nós acrescentamos, fast food bem-feita e cheia de sabor. Lg. do Rato, 3A, Lisboa > T. 21 586 7171 > seg-dom 12h-21h30
Na mercearia e restaurante Casa dos Cedros saboreia-se uma mezze tradicional, composta por vários petiscos libaneses
Marcos Borga
6. Casa dos Cedros
Uma mercearia que é também um restaurante
Foi com a ideia de abrir uma mercearia que a libanesa Safaa Dib começou a desenhar os contornos da Casa dos Cedros. “É muito difícil ter acesso aos nossos produtos”, justifica Safaa, filha dos proprietários do Fenícios, o primeiro restaurante libanês de Lisboa. A funcionar desde finais de novembro, a Casa dos Cedros ganhou, entretanto, um serviço de refeições ao almoço, take-away e cafetaria. “Lisboa está cada vez mais cosmopolita; há um crescimento da procura pelas cozinhas de outras longitudes. De todas as gastronomias do Médio Oriente, o Líbano soube divulgar e internacionalizar a sua”, esclarece Safaa.
Nas estantes, estão arrumados diferentes produtos, entre eles, o licor Arak, feito à base de anis, considerado a bebida nacional do Líbano, embalagens de bulgur (€2,90) e zaatar (mistura de especiarias, €5,50). Ao lado, há café com cardamomo (€6), cervejas Almaza (€2,80), entre outros sabores e ingredientes. Para comer, numa das mesas, sugere-se a mussaca de legumes, com grão-de-bico, curgete, tomate e beringela, e a mezze tradicional que combina kibbeh, húmus, fattouch, fatayer (de carne e de zaatar) e labné com azeitonas. Av. Duque de Loulé, 1E, Lisboa > T. 21 353 0850 > seg-sex 9h30-19h30, sáb 10h30-18h
Ramira e Alaa, refugiados sírios, são os proprietários do novo restaurante Taybeh, em Moscavide
Marcos Borga
7. Tayybeh
Cozinha tradicional e genuína da Síria
Perseverança e coragem não faltam a Ramia e a Alaa, 36 anos, refugiados da Síria que, há três anos, recomeçaram do zero em Portugal. Há cerca de um mês, o casal abriu o Tayybeh (em português, significa amável e delicioso), em Moscavide, onde serve uma cozinha tradicional e genuína. Nas entradas (3, €7), há húmus (grão-de-bico misturado com tahini, limão e azeite), yalanji (folhas de videira recheadas com arroz, tomate, salsa, hortelã, azeite e molho de romã) e kibbeh (massa de carne e bulgur com carne, cebolas e nozes). Nos pratos principais, a molokhia (planta) com frango, coentros, alho e nozes é a sugestão mais original mas também uma das mais difíceis para o nosso paladar. Já o uzi (massa recheada com arroz basmati, ervilhas, cenouras, carne picada e nozes, €8,75) é simplesmente delicioso. A baklava com pistácio (€3,50) e warbat queshtah (massa filo recheada com queijo-creme, €3,50) são duas das sobremesas mais apreciadas. Ramia e Alaa têm muitos planos, como começar a fazer pão, dar aulas de cozinha libanesa e abrir à hora do almoço, mas tudo a seu tempo. Estr. de Moscavide, 62A, Moscavide, Loures > T. 91 091 3667 > seg-sáb 19h-22h30
O The Saj Bakery é especializado em sandes libanesas
Marcos Borga
8. The Saj Bakery
Sanduíches libanesas na Baixa
Na cozinha estão Mariam, Mona e Hiba, três refugiadas da Síria, de ar tímido mas doce, que Isabella Aquilina, nascida no Brasil mas com raízes libanesas, conheceu no Festival Todos. São elas que, diariamente, fazem as duas variedades de pão libanês no The Saj Bakery, aberto há dois meses na Baixa, sem mesas e apenas com um balcão. São estas especialidades – a que se dá o nome de saj – que servem de base às sanduíches que ali podem ser saboreadas. Escolhido o pão (um é feito com farinha, levedura, água, sal e azeite; o outro mistura ainda nove cereais), opta-se pelo recheio (salgado ou doce): The Lebanese, com labné, tomate, hortelã e zaatar (€6), The Cheese, queijo, tomate, azeitona e orégãos (€6,50) e The Sweet, com ricota, mel, doce de figo e pistácio (€5,50), entre outras combinações. R. do Arsenal, 118, Lisboa > seg-dom 12h-20h

O guisado de miúdos é um dos pratos à prova no restaurante Ararate, especializado na cozinha da Arménia
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