Com vista sobre a Praça Carlos Alberto, o Zenith é um daqueles lugares onde nem a fila à porta, mesmo que demorada, faz o cliente desistir. É pelo brunch à carta, servido a qualquer hora, e acompanhado por um cocktail – como o Belinni (sumo de manga com espumante, €5) e a Mimosa (sumo de laranja com espumante, €5) –, que a maioria das pessoas ali entra. Às panquecas doces (€6,50), que continuam a ser o ex-líbris da casa, juntaram, nos últimos meses, as tostas de húmus de beterraba (€8) e a panqueca de francesinha (€9). “Queríamos ter um brunch descontraído, aliado à ideia de partilha e convívio à mesa”, diz Fernando Sá, um dos sócios.
Desde que abriu, em abril do ano passado, já aumentaram o número de mesas comunitárias. São agora quatro, cada uma com capacidade para sentar 10 pessoas, feitas à medida, com tampo em madeira e uma base em ferro, rodeada de bancos. “As mesas partilhadas era algo natural e obrigatório”, diz Fernando Sá, realçando que os “clientes gostam da experiência que permite o convívio entre viajantes e locais.” Com um ambiente acolhedor e decoração da arquiteta Ana Matias, no Zenith nada foi deixado ao acaso. Das plantas às flores, da louça colorida à iluminação ténue, passando pelos muitos objetos vintage que vão bem com as paredes de tijolo e as condutas à vista. Sem esquecer a banda sonora, do soul ao rock n’ roll. Pç. Carlos Alberto, 86, Porto > T. 22 017 1557 > seg-dom 9h-19h > 4 mesas, 10 lugares
2. Mezze, Lisboa
Na base da criação do Mezze, aberto há um ano no Mercado de Arroios, em Lisboa, estavam duas premissas: ter uma mesa corrida para partilhar os sabores do Médio Oriente e a cozinha aberta aos olhares dos clientes, de forma a valorizar e a incentivar o contacto com os funcionários. Mais do que um restaurante, o Mezze é o ganha-pão de uma família da Síria, que chegou a Portugal fugida da guerra, explicava há um ano a jornalista Francisca Gorjão Henriques, que fundou a Associação Pão a Pão, com Rita Melo, Nuno Mesquita e Alaa Alhariri. Agora, com 17 funcionários, a maioria oriundos da Síria, Francisca acredita que “estão mais confiantes… no fundo sabem que, independentemente do que escolherem, daqui para a frente será mais fácil”.
Com uma ementa dividida em cinco menus (entre os €13 e os €15) e sugestões à carta, a ideia é sentar-se na mesa comunitária e deixar a comida falar por si. À escolha há baba ganoush (puré de beringela assada com tahini, xarope de romã e especiarias), tabbouleh (salada de salsa picada, bulgur, tomate e hortelã) e húmus. E também pratos novos: kebseh (arroz fumado com pimentos), meshaw de borrego (espetada), m’tabbal koosa (pasta de curgete com tahini e sésamo) e mahashi (legumes recheados com arroz, carne picada e especiarias, acompanhados com caldo). Em breve, o Mezze poderá ser replicado no Porto, se se unirem forças e vontades. Mercado de Arroios > R. Ângela Pinto, 22, Lisboa > T. 21 249 4788 > ter-sáb 12h-24h > menus entre €13 e €15 > 1 mesa, 17 lugares
3. Brick Clérigos, Porto
Desde 2012 que à volta da enorme mesa – onde há revistas, livros, lápis e marcadores – se partilham comes e bebes, leituras e conversas, para fazer os clientes sentirem-se em casa. “É como se eu estivesse a receber amigos na sala; não fazia sentido ter mesas separadas”, diz Luís Almeida, proprietário do Brick, junto com Melanie Decelle. A decoração feita de pormenores deliciosos – como os utensílios de cozinha pendurados, as jarras com flores e os vasos à janela – e a comida simples, confecionada com ingredientes frescos, tornam o ambiente acolhedor e descontraído.
O Brick tem apenas duas mesas, partilhadas, claro, onde se sentam 8 e 18 pessoas, respetivamente. No início, os clientes estranhavam, agora são muitos os que aguardam horas por um lugar. Além de uma longa lista de tostas, saladas, tábuas de queijos e petiscos, que variam de acordo com a época e o mercado, há um menu de grupo (€25), que inclui a entrada, o prato (lasanha – frango ou vegetariana – ou delícia de bacalhau), servido em travessas para partilhar, e a sobremesa, além da cerveja e do vinho à descrição. Haja apetite! R. Campo Mártires da Pátria, 103, Porto > T. 22 323 4735 > ter-sex 12h-16h, 19h30-24h, sáb 13h-16h, 20h-24h, dom 13h-18h > 2 mesas, 8 e 18 lugares
4. Atelier Henrique Sá Pessoa, Lisboa
É nesta espécie de laboratório criativo que o chefe Henrique Sá Pessoa desenvolve as novas receitas e os pratos que serve no restaurante Alma, com uma Estrela Michelin, no Chiado. Aberto há cerca de um ano, em Marvila, ali organiza também jantares, duas vezes por mês. Como em casa, a refeição é servida numa mesa corrida de madeira para 12 pessoas, normalmente à quarta ou à quinta-feira. “Evitamos o fim de semana, porque há a tendência de se sair em grupo, e o Atelier não é um restaurante, nem pretende sê-lo. Na verdade é o meu escritório”, diz Sá Pessoa, em tom de brincadeira.
“O menu de degustação é sempre surpresa, só ligamos a perguntar se os clientes têm restrições alimentares e alergias”, explica o chefe sobre estes “encontros mais intimistas e descontraídos”. Na hora de criar os pratos, não há lugar a receios: “Quando convido amigos para irem jantar a minha casa, não ligo a perguntar se gostam de marisco ou se preferem comer outra coisa. E no Atelier também não o faço”, comenta. Os jantares vão para lá da gastronomia, “funcionam como networking e são um ponto de encontro para se trocar e partilhar experiências”, nota Sá Pessoa. Enquanto no Alma, o restaurante com a ementa mais elaborada e criativa, o chefe vai às mesas perguntar como correu a refeição, “para ter o feedback dos clientes”, no Atelier “sou o anfitrião, cozinho e também me sento à mesa, partilho histórias e bebo cocktails”. R. Fernando Palha 4, Lisboa > T. 91 053 5803 > jantares duas vez por mês, por marcação > €175-€200 (bebidas incluídas) > 1 mesa, 12 lugares
5. EsteOeste, Lisboa
A mesa quadrada, para 16 pessoas, no centro da sala do EsteOeste, aberto em 2013, no Centro Cultural de Belém, é uma das mais procuradas. A “culpa” é da bonita instalação, que salta à vista, por cima da mesa composta por origamis, em que se descobrem sapos e pássaros, e por vasos com plantas, fazendo lembrar uma espécie de jardim suspenso. Mas esta não é a única mesa comunitária deste restaurante que alia as cozinhas japonesa e italiana. Junto à janela, há outra para 12 pessoas, também ela feita em madeira.
A ementa inclui focaccia, lasanha, linguini de camarão e muitas sugestões de pizza, a saborear, e ainda gyosas, makimonos (rolinhos de sushi), temakis (cones de arroz de sushi enrolados em folha nori) e teppans, os grelhados na chapa acompanhados por legumes, que nos levam aos sabores do Japão. Para lá do restaurante, onde tudo é preparado à vista, num espetáculo de cor e de movimento, o EsteOeste tem também a cafetaria, bar e esplanada com uma vista privilegiada para o Tejo. Centro Cultural de Belém > Pç. do Império, Lisboa > T. 21 590 4358 / 91 491 4505 > dom-qui 12h-23h, sex-sáb 12h-24h > 2 mesas, 12 e 16 lugares
6. Casanova, Lisboa
Há 18 anos, quando a italiana Maria Paola Porru abriu o Casanova, em Santa Apolónia, tudo soava a moderno: mesas corridas com tampo de lioz e uma lâmpada, que se acendia para se fazer o pedido. “Não havia nada parecido em Lisboa. Desde a combinação dos sabores até à origem dos produtos que chegavam de Itália, tudo se destacava nesta casa inaugurada no dia 25 de abril”, recorda Manuel Teles Grilo, gerente do Casanova. A forma invulgar de sentar as pessoas encaixava que nem uma luva na ideia de Paola: “Ter uma casa descontraída que se assemelhasse a uma cantina.” Obrigatória continua a ser a pizza Casanova, “amplamente copiada por outros restaurantes”, conta ainda. Atualmente, pode parecer banal, mas há cerca de duas décadas, “juntar mozarela, rúcula e tomate-cereja era diferente”, lembra. Av. Infante Dom Henrique, loja 7, Lisboa > T. 21 887 7532 > seg-dom 12h30-00h30 > 5 mesas, 10 e 14 lugares
7. Ceia, Lisboa
A mesa corrida de madeira é a peça-chave do restaurante Ceia, aberto em agosto, no Hotel Santa Clara. Inspirado pelas longas refeições em família passadas à mesa, Pedro Pena Bastos recria uma ceia, na qual não faltam o pão, o azeite e o vinho nem as combinações de sabores mais inesperadas, num único menu de degustação, composto por 15 momentos, e para apenas 14 pessoas.
Mais do que clientes, o chefe de 28 anos gosta de chamar quem ali o visita de convidados e, por vezes, durante o jantar, tem de interromper as conversas para explicar o prato que chega à mesa. “Mas isso é positivo, significa que resulta.” E porque acredita que temos de mudar a forma como recebemos, no Ceia há duas formas de reservar lugar à mesa: até 4 pessoas ou a mesa inteira, isto para não deixar ninguém de fora da experiência. “Tenho consciência de que ter apenas uma mesa é um risco, não em termos financeiros, mas porque há pessoas que não se sentem à vontade com esta realidade”, nota Pedro Pena Bastos. Hotel Santa Clara 1728 > Campo de Santa Clara, 128, Lisboa > www.silentliving.pt > qua-sáb 20h-24h > €100 (menu), €150 (com bebidas) > 1 mesa, 14 lugares
8. Kanazawa, Lisboa
“Queria fazer comida para uma mesa de quatro pessoas, mas acabei por abrir um restaurante com oito lugares”, disse-nos Tomoaki Kanazawa, no final de 2015, aquando da abertura do Kanazawa. Um ano e meio depois, Tomoaki teve de voltar ao Japão, entregando o restaurante a Paulo Morais, que ali soube manter a filosofia kaiseki, assente nos produtos sazonais e locais, na técnica japonesa e na criatividade do autor. “Caminhamos cada vez mais para a realidade japonesa, na qual os restaurantes são mais pequenos por causa do preço do metro quadrado”, diz Paulo Morais, alertando para o elevado preço das rendas em Lisboa.
Na sua opinião, existem duas vantagens: os custos com os funcionários e a renda; e os clientes que procuram uma experiência diferenciadora. “Com uma mesa valoriza-se o serviço e o contacto mais direto.” Cozinhar para oito pessoas também levanta alguns problemas, que começam na ida às compras. Há certos ingredientes que Paulo Morais não tem com frequência na sua cozinha, por exemplo, os lírios e xaréus, duas espécies que gosta de trabalhar, devido às suas grandes dimensões. “Evito, acima de tudo, o desperdício”, remata. R. Damião de Góis, 3 A, Lisboa > T. 21 301 0292 > seg-sáb 19h30-21h30 > €60 (5 momentos), €90 (7 momentos), €100 (8 momentos) e €150 (9 momentos, este com bebidas incluídas) > 1 mesa, 8 lugares
9. Peixaria Centenária, Lisboa
Ao fim de muitos telefonemas de pessoas a marcarem mesa para jantar na Peixaria Centenária, os responsáveis começaram a pensar seriamente no assunto. Porque não servir refeições nesta peixaria tradicional, aberta há cinco anos, na Praça das Flores? A ideia ficou a marinar durante algum tempo, mas não em águas de bacalhau. Encontrada a solução para se adaptar a banca do peixe a uma mesa de jantar, com 10 lugares, convidaram o chefe Pedro Marques para criar uma ementa baseada no peixe ali vendido.
Há cerca de um ano, anunciaram, nas redes sociais, a data do primeiro jantar. “Foi um sucesso imediato, tivemos bastante aceitação”, diz à Visão Se7e Joana Mateus, uma das proprietárias da Peixaria Centenária. Depois, começaram por estipular um dia fixo na semana, sempre à sexta-feira, mas desde o verão que os jantares funcionam só por marcação. Após a venda do pescado, faz-se a limpeza e pousa-se o tampo de madeira em cima da banca. A porta volta a abrir-se aos clientes que marcaram o jantar, para se servir o menu – ronda os 40 euros por pessoa, dependendo do pedido, e é composto por uma entrada e um prato de peixe, acompanhados por vinhos e uma sobremesa. E é em ambiente descontraído e informal que se dá início a uma refeição com sabor a mar. Pç. das Flores, 55, Lisboa > marcação através do email abancanapeixaria@gmail.com > 1 mesa, 10 lugares
10. Mondo Deli, Porto
No Mondo Deli, os jantares começam às oito em ponto, mas, a partir das quatro da tarde, servem-se pratos ligeiros, cocktails ou um copo de vinho, numa das duas mesas comunitárias – de formato retangular e largas o suficiente para não ficarmos uns em cima dos outros. “A ideia é partilhar o momento da refeição”, diz Catarina Garcias, a chefe de cozinha. Se no início houve alguma resistência, aos poucos esta foi sendo ultrapassada e, agora, “os clientes até acham piada”.
É sobretudo quem anda a viajar que “mete” conversa com o desconhecido, ao seu lado. “A interação é quase imediata, e todos acabam a trocar experiências e dicas”, frisa. Da cozinha criativa, inspirada em sabores do Médio Oriente e do Mediterrâneo, sugere-se um dos clássicos da casa: o salmão marinado com beterraba, iogurte com pepino e aneto. R. do Almada, 501, Porto > T. 22 203 3084 > ter-sáb 16h-24h > 2 mesas, 12 lugares cada
11. Mesa, Lisboa
Há um restaurante na LX Factory que leva o seu nome à letra. Para que não restem dúvidas, no Mesa só há mesmo uma mesa corrida, de grandes dimensões: 15 metros de comprimento e 1,10 de largura, para um almoço ou jantar rodeado de pessoas desconhecidas, umas mais animadas e conversadoras, outras que se percebe que não estão ali para grandes conversas. Prepare-se, por isso, para uma refeição “ruidosa”, mas animada.
Neste restaurante de cozinha italiana, a ideia é “fomentar a partilha na hora da refeição”, diz Paulo Lucas, o proprietário do Mesa. E há várias sugestões: nas entradas, bruschetta parmigiano, prosciutto di Parma, rúcula e carpaccio de salmão fumado, alcaparras, azeite e orégãos. Nas pizzas, de massa fina e crocante, com nomes de bairros lisboetas, destaca-se a Santos com manteiga de alho, mozarela, pepperoni, tomate seco, cebola frita, parmigiano e pesto. “A mesa corrida promove a relação entre as pessoas, mas há clientes que não gostam desta ideia”, garante Paulo Lucas. LX Factory > R. Rodrigues Faria, 103, Lisboa > T. 21 362 4351 > seg-sáb 12h30-15h30, 20h-23h, dom 12h30-17h > 1 mesa, 50 lugares
12. Traça, Porto
Tornou-se ponto de encontro desde que abriu, há oito anos, este que é um dos primeiros restaurantes do Porto a ter mesa comunitária. “As pessoas não levantam objeção em se sentarem ali, e muitos reservam mesmo a mesa alta, da entrada”, frisa Catarina Mendes, a gerente. Instalado num prédio do século XVII, naquele que é um dos largos mais animados da Baixa, o Traça está dividido em três andares.
Entre a decoração simples e sóbria sobressai a mesa com dois metros de comprimento, cuja base é um antigo aparelho de barras paralelas, rodeada por cadeiras altas. Sem menu de grupo e com uma ementa focada nos pratos de caça, de influência ibérica, o Traça tem opções originais, como a salada de cecina (€13,50), o carpaccio de lombo de veado (€12,50) ou as laminas de foie, acompanhadas com uma sangria de champanhe (€9,90). Lg. São Domingos, 88, Porto > T. 22 208 1065 > seg-sex 12h-15h30, sáb-dom 12h30-16h, dom-qui 19h-23h30, sex-sáb 19-1h > 1 mesa, 8 lugares