É restaurante e é bar, ou simplesmente gastrobar, como se designa a nova onda de estabelecimentos que servem comidas e bebidas com assinatura dos respetivos autores em ambiente descontraído e ao som da música. Trata-se de um conceito novo, naturalmente impreciso, mas que, neste caso, se revela num quadro atraente e fácil de descrever: espaço muito amplo no quarto andar do edifício da LX Factory mais próximo Tejo, totalmente voltado para o rio, que pode ser usufruído de diferentes formas: no lounge, diante da cozinha; na esplanada, que é o seu prolongamento; na sala, ao lado; ou no terraço, em cima. Gastronomia e bar coabitam ali de forma harmoniosa. Tem ambiente convivial. Nos fins-de-semana há concerto.
A cozinha é de autor, criativa, com assinatura do chefe Diogo Noronha, e, à semelhança do que ele faz na Casa de Pasto (restaurante gourmet do mesmo grupo), apresenta pratos inspirados na tradição portuguesa e outros inovadores ou mesmo irreverentes, mas, aqui, de forma mais simplificada e mais fresca, embora a técnica esteja lá. Nota-se a preocupação do equilíbrio e da combinação dos sabores em propostas seguras, sem a pretensão de vender técnica na sala.
Tal como o ambiente, também a carta é convivial, sugerindo a partilha de petiscos, entradas e pratos principais. Entre as propostas mais convincentes, que se mantêm desde o início, com uma ou outra mudança na guarnição, contam-se: chips de mandioca e torresmos com ketchup caseiro (imagina-se como é simples, mas não como sabe bem); crocante de polenta e queijo (bolinhas leves, estaladiças e cremosas); corndogs de alheira de caça com molho de frutos silvestres e mostardas (o molho suaviza, mas não anula o sabor forte da alheira); atum, morangos marinados em soja e shiso (a carne rosada e macia do atum é uma perdição); e presa ibérica e pêssegos em calda agridoce (o toque do pêssego dá novo brilho ao prato).
As sobremesas são poucas, mas boas, destacando-se o taco de chocolate e a pavlova de frutos silvestres. A bebida mais consumida é típica da experiência de gastrobar: cocktail. Mais convencional ou mais irreverente, mas sempre bem feito, dependendo a escolha do gosto e da ocasião (no bar, na esplanada ou no restaurante). Sendo alternativa, a carta de vinhos não deixa de ter referências das várias regiões do país. Com produtos de qualidade, técnica superior e boa dose de criatividade, o Rio Maravilha flui ao ritmo do desejo. Só o preço não corre tão bem.
Rio Maravilha > R. Rodrigues de Faria, 103, entrada 3, piso 4, Lisboa > T. 96 602 8229 > 12h30-02h (exceto dom jantar, seg, ter almoço) > €35 (preço médio)