
Nascido há mais de 50 anos, o Eduardo das Conquilhas passou de pequena casa de petiscos e cervejaria bem sucedida
José Oliveira
Conta mais de meio século de existência com a mesma gerência e os mesmos empregados, mas diferente serviço, porque passou de pequena casa de petiscos a cervejaria com três salas e uma cozinha grande e bem equipada. O gerente é o fundador da casa; a maior parte dos empregados são familiares próximos dele (esposa e duas cunhadas na cozinha; filho, cunhados e sobrinho nas salas). Também familiares são o ambiente e o gosto da cozinha, onde predominam os mariscos. O restaurante Eduardo das Conquilhas é um caso de sucesso que vale a pena evocar: Eduardo dos Santos arrendou uma pequena loja, com dinheiro emprestado, para instalar o negócio de petiscos com que sonhava: croquetes, rissóis, pastéis de bacalhau, coisas assim; começou mal, porque não ganhava para as despesas, até que a empregada, Isabel, lhe sugeriu que apostasse nos mariscos; ele assim fez, primeiro com as conquilhas, depois com o mexilhão e as amêijoas, estas por sugestão do maestro Lopes Graça, que morava perto e vinha ali com os amigos, a seguir com todos os tipos de marisco. A receita das conquilhas passou de Isabel para Margarida, quando esta se casou com Eduardo e veio de S. Martinho de Anta (onde Eduardo se cruzou com Miguel Torga), para a Parede. A essa receita se devem o nome e boa parte do sucesso do restaurante.
No início, Eduardo ia de comboio à Praça da Ribeira comprar as conquilhas; agora tem viveiros próprios, fornecedores certos e mariscos de qualidade excecional. As conquilhas, que poderiam dizer-se à Bulhão Pato, não fosse um toque dado por Isabel, continuam na senda do sucesso, tal como as amêijoas (à Bulhão Pato, sem toques), o berbigão, o mexilhão, o camarão de Espinho, as gambas do Algarve, a sapateira (recheada), a lagosta, o lagostim, o lavagante, as ostras, enfim, o marisco que se quiser. Entre os pratos cozinhados destacam-se o arroz de marisco (com amêijoas e gambas), a açorda de gambas, o arroz de polvo, as lulas recheadas (com os tentáculos e chouriço), todos com texturas e sabores delicados, e ainda o bacalhau estalado (no forno, com tomate e cebolada), o coelho estufado e o bife à Eduardo. Para rematar a refeição nada melhor do que o creme de marisco feito na casa, que é excelente. Doçaria usual. Garrafeira adequada com o vinho da casa a copo (branco e tinto alentejanos e um verde de Póvoa de Lanhoso).
Eduardo das Conquilhas > R. Capitão Leitão, 8, Parede > T. 21 457 3303 > qui-ter 12h-01h > €35 refeição de marisco, € 20 sem mariscos (preço médio)