Sigo de perto há décadas o percurso empresarial da The Flagate Partnership, que actualmente congrega as marcas de vinho do Porto Taylor’s, Fonseca e Croft. Foi Bruce Guimaraens quem me abriu as portas da Fonseca e depois da Taylor’s, onde dei os meus primeiros passos no complexo e fantástico mundo do vinho do Porto. Bruce Guimaraens fez 50 vindimas na sua vida profissional e dirigiu entre 1961 e 1995 a viticultura e a enologia do grupo, mantendo a tradição e seguindo o espírito inovador da Taylor’s, que em 1934 criou o primeiro vinho do Porto branco seco (Taylor’s Chip Dry), em 1958 o sing le Vintage (Quinta das Vargellas Porto Vintage 1958) e em 1970 lançou o primeiro LBV.
David Guimaraens, filho de Bruce, sucedeu-lhe na direcção técnica. A sua primeira escola foram as vindimas no Douro, a que se seguiram os estudos no Roseworthy Agricultural College, na Austrália, para concluir o bacharelato em ciências aplicadas em enologia na Universidade de Roseworthy.
David tem a seu lado António Magalhães, agrónomo que estudou na Universidade de Vila Real e também na Austrália, a superintender no terreno toda a área de viticultura. Com o saber de experiência e estudos feitos, David Guimaraens criou já no século XXI o primeiro Porto Rosé, o Croft Pink, claramente o melhor dos Portos Rosés presentes no mercado e acaba de lançar o primeiro vinho do Porto de agricultura biológica. Neste particular importa sublinhar o papel inovador da empresa na procura de uma agricultura sustentável, de que António Magalhães é competente defensor e praticante. Este Porto biológico é soberbo e consagra esse esforço de preservação do ambiente.
Fonseca Terra Prima Porto Reserva***** Em prova cega eu diria estar perante um Porto LBV, tendo em conta a sua concentração, a sua cor violeta, os aromas e os sabores a amoras maduras, a sua complexidade e vigor. A casa Fonseca considera-o um Ruby Reserva, o que eleva para bem alto a categoria dos Portos Rubies. É uma grande estreia de um vinho nascido da viticultura biológica, elaborado também com aguardente vínica de agricultura biológica.
Este empenhamento na inovação e qualidade por parte do grupo Taylor’s, Fonseca, Croft, que se dedica exclusivamente à produção de vinho do Porto, é digno de todos os elogios. Nem todo o sector parece estar em sintonia: os vinhos do Porto Tawnies que tenho adquirido no mercado estão ao nível da mediocridade suicidária para o negócio. Fala-se muito em promoção do Vinho do Porto, mas basta sentarmo-nos no meeting point do aeroporto de Lisboa, por onde saem milhões de turistas anualmente, e pedir um vinho do Porto para ver que “em casa de ferreiro espeto de pau”.