Já lá vão quase dez anos desde que a Herdade do Freixo do Meio se dedica em exclusivo à agricultura biológica. Junto à aldeia de Foros de Vale Figueira, em Montemor-o-Novo, são criados ao ar livre porcos de raça alentejana, borregos de raça merina, cabritos de raça serpentina, perus pretos e vitelas de raça barrosã e mertolenga. É também produzido azeite, vinho, arroz, cereais, leguminosas, hortícolas, frutas, cogumelos silvestres, massa de pimentão, banha, ovos, pinhões, cortiça, lã e peles.
Foi esta oferta tão diversificada, resultante de um modelo eficiente, sustentado e auto-suficiente (a herdade é, em termos energéticos e de fertilizantes, totalmente autónoma), que conduziu à abertura da loja. Alfredo Cunhal, 43 anos, a face mais visível desta empresa agrícola, explica: “Para fazer bem feito, tínhamos que abrir este espaço. A reestruturação do Freixo – redução dos animais e aumento da cultura de vegetais e frutas -, com o objectivo de tornar a herdade mais equilibrada e eco-eficiente, trouxe-nos até aqui. Além disso, os canais comerciais convencionais estão formatados para a monocultura e a loja surge como resposta a uma necessidade. Aqui as pessoas sabem que os produtos são do Freixo do Meio.”
Decidido por Lisboa, faltava o “onde”. “O carinho” que sente pelos mercados, como confessa Alfredo, trouxe-o até ao da Ribeira. Para além de toda a envolvência, o facto de ser um local conhecido e de não ter oferta de produtos biológicos, contribuíram para a decisão de abrir, no final do ano passado, uma mercearia e um talho, situados nas duas lojas que ficam no final do corredor central.
De um lado fica o talho, onde Joaquim José, 44 anos, avia e aconselha quem vem pela carne: vitela (se for grelhar, o sal só se põe depois), cachaço de porco para grelhar, acém redondo (costeleta) para assar, osso buco, perna de borrego (no forno com mel e alecrim), cachaço e peito de borrego para um verdadeiro ensopado à alentejana, fígado (grelhado e temperado com alho e vinagre), ou quebab de peru preto. Em frente, para complementar estas e outras iguarias, há legumes, fruta, ervas aromáticas, ovos, vinho, azeite, polpa de tomate, azeitonas, arroz, pão (mistura, centeio e alentejano), compotas, tomate seco, frutos secos e enchidos tradicionais, entre muitos outros produtos. O que a herdade não produz está presente através de outras marcas, como as massas, sumos, água, leite, iogurtes ou tofu, tudo biológico.
Entretanto, no próximo sábado, 24 , o Freixo do Meio celebra mais um Encontro da Primavera. A entrada é livre a todos os que queiram conhecer a herdade e perceber como funciona. Haverá muitas actividades – campeonato de cães pastores, tosquia de ovelhas, bicicletas e visitas guiadas, oficina de sementes, espectáculos de dança e teatro, jogos tradicionais, passeios de burro -, e, claro, muita comida biológica.
LOJA DO FREIXO DO MEIO:
Mercado da Ribeira, Lojas 23 e 24 (no fim do corredor central). Av. 24 de Julho, Lisboa. Tel. 93 416 3204
Mercearia/Charcutaria: Ter-Sex 9h-13h, 14h-20h, Sáb 8h-14h
Talho: Sex 8h-14h, 15h-20h, Sáb 8h-14h (aceitam encomendas)