“Não é para viverem mais calmas que as pessoas devem combater o stresse. É para viverem mais tempo”, defendeu o cardiologista Luís Bronze na edição desta semana das Conversas da VISÃO Saúde.
Amanhã, 17, assinala-se o Dia Mundial da Hipertensão, e o stresse é considerado um dos “novos fatores de risco” da doença, sobretudo o stresse laboral, mas existem outros.
A solidão, por exemplo, também é apontada com um potenciador da hipertensão, assim como dormir pouco ou dormir demais (mais de sete horas, no caso dos adultos). E até a qualidade do ar pode prejudicar quem já tem predisposição para a doença.
Os portugueses, em média, ingerem 10,7 gramas de sal diariamente, o que corresponde ao dobro da dose recomendada.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) não deixou de referir outros fatores de risco, há muito conhecidos, como o consumo excessivo de sal. Os portugueses, em média, ingerem 10,7 gramas de sal diariamente, o que corresponde ao dobro da dose recomendada.

O progressivo abandono da Dieta Mediterrânica, além de implicar um maior consumo de sal, também é sinónimo da ingestão de mais calorias, que contribuem para o aumento da obesidade, muito associada ao incremento de hipertensão. Até porque as pessoas com excesso de peso sofrem, muitas vezes, de outras doenças associadas, como a dislipidemia (colesterol elevado) ou a diabetes.
Vigiar e prevenir
O cardiologista Luís Bronze deixou várias recomendações para prevenir a hipertensão. Praticar exercício físico e manter um peso saudável é uma delas. “No mínimo, devemos caminhar vinte minutos por dia”, relembrou.
Optar por substitutos do sal é uma boa estratégia para uma alimentação mais equilibrada, por exemplo, cozinhando com salicórnia, uma planta que contém apenas 40% do sódio presente na mesma quantidade de sal.
O tratamento da hipertensão passa sempre por alterações do estilo de vida, ao nível da dieta, do exercício físico, da diminuição do stresse ou mesmo da regulação do sono, entre outras. Contudo, em muitos casos também é necessário recorrer a medicação.
Menos de metade das pessoas que sofrem de hipertensão tem a doença controlada – um problema que se terá agravado durante a pandemia. A SPH estima que é prescrita medicação a 74,9% dos doentes, mas cerca de metade deixa de a tomar ao fim de um ano.
Uma boa estratégia para uma alimentação mais equilibrada é cozinhar com salicórnia, uma planta que contém apenas 40% do sódio presente na mesma quantidade de sal
O facto de a hipertensão ser silenciosa e de os medicamentos provocarem efeitos secundários a algumas pessoas dificultam a adesão à terapêutica. Luís Bronze apela, no entanto, à responsabilidade dos médicos e à paciência dos doentes: “É possível ajustar a medicação às necessidades de cada um porque existem muitos fármacos no mercado”.
Sendo uma doença silenciosa, a prevenção e a vigilância são essenciais, já que as queixas tendem a surgir em fases avançadas. “Eu não confio nos sintomas, porque o primeiro sintoma pode ser um AVC”, alerta o cardiologista. O acidente vascular cerebral (AVC) e o enfarte do miocárdio são duas das potenciais consequências mais graves da hipertensão, se não for controlada.
Por isso, o ideal é quem não tem um diagnóstico de hipertensão medir a tensão arterial duas vezes por ano, enquanto quem tem historial familiar deve fazê-lo trimestralmente, a partir dos 45 anos.
Luís Bronze alertou, ainda, para o aumento da prevalência da hipertensão nos adolescentes. O consumo de alimentos ou bebidas estimulantes, a falta de exercício físico, dormir pouco e a obesidade são as principais ameaças para os jovens.
Para saber mais, veja ou ouça a entrevista completa do presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão.
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