Estudos anteriores já tinham demonstrado que a prática de exercício físico pode levar a melhorias na qualidade do sono e reduzir o tempo passado no sono REM. Agora, um novo estudo, realizado por investigadores especialistas em psicologia da Universidade do Texas, em Austin, nos EUA, concluiu que o exercício físico diário pode ajudar-nos mesmo a dormir melhor e a termos menos sonhos intensos à noite. Mas quanto tempo precisamos de treinar diariamente para podermos ter um sono mais adequado?
Segundo a equipa, que analisou 82 voluntários, este tempo não deve ser inferior a 60 minutos, tempo a partir do qual se começará a sentir efeitos positivos.
Os investigadores concluíram também que a prática de exercício físico reduziu o tempo em que os participantes passavam pelo sono REM (“Rapid Eye Movement”, que significa Movimento Rápido dos Olhos), a fase em que ocorrem a maioria dos sonhos vívidos e intensos e em que há maior probabilidade de haver pesadelos, também devido à grande atividade cerebral registada durante esta fase.
A equipa pediu aos participantes que utilizassem, ao longo de seis meses, dispositivos de rastreamento de atividade física para que pudesse registar dados detalhados sobre a qualidade do sono, a intensidade e a duração do exercício físcio dos participantes, durante um período de seis meses.
Todo o estudo foi realizado no ambiente natural dos voluntários e não em laboratório, o que permitiu reduzir o potencial stress que o acompanhamento do sono em ambiente laboratorial cria. “Podemos utilizar este dispositivo para estudar todo o tipo de dados diferentes sobre a arquitetura do sono, relacionados com o estilo de vida, humor e as perturbações do humor, no terreno, e não num laboratório, aquilo que as pessoas pensavam não ser possível anteriormente”, refere Benjamin Baird, psicólogo e um dos autores do estudo.
Os investigadores tiveram em conta e registaram como exercício diário qualquer atividade que aumentasse o ritmo cardíaco dos participantes, que variava entre corrida e ciclismo, por exemplo, atividades mais intensas, e caminhadas, ou seja, atividades de menor intensidade.
Ao mesmo tempo, analisaram o momento em que os voluntários passavam pelas diferentes fases do sono, através de dados sobre o ritmo cardíaco – cada fase do sono é caraterizada por alterações fisiológicas no ritmo cardíaco e nas ondas cerebrais . Durante a fase de sono REM, é comum que o ritmo cardíaco aumente e se torne mais irregular em comparação com outras fases do sono, não apenas devido à intensa atividade cerebral mas também à ativação do sistema nervoso autónomo.
A equipa deste estudo, publicado no Scientific Reports, deu conta de que, nos dias em que os participantes realizaram exercício físico, passavam menos tempo nesta fase do sono e demoravam-se mais nas fases de sono profundo, que ocorrem antes do REM. É durante o sono profundo que o corpo se revitaliza, repara tecidos musculares e fortalece o sistema imunológico. Além disso, o sono profundo desempenha um papel fundamental na consolidação da memória e no processamento de informações.
Através de questionários, foi possível perceber que os voluntários se sentiram mais satisfeitos com a qualidade do seu sono numa noite após o exercício e com mais energia na manhã seguinte, o que poderá ter ligação com uma passagem menor pelo sono REM, dizem os investigadores.