Na correria do dia-a-dia, não é incomum queimarmos alimentos – as torradas ficam tempo demais na torradeira e as batatas queimam-se enquanto estão a ser fritas, por exemplo – e desvalorizarmos a situação.
Porém, podemos estar, desta forma, a contribuir para a contaminação das nossas refeições devido à existência de uma substância química, a a acrilamida, que se forma naturalmente em produtos alimentares amiláceos quando são cozinhados a altas temperaturas (acima de 120°C) e em condições de baixa humidade.
Estes alimentos incluem, por exemplo, os cereais de pequeno-almoço, bolachas, torradas e café, mas também produtos de batata e batata-doce, como as batatas fritas. “A acrilamida é formada a partir de açúcares e aminoácidos, principalmente um chamado asparagina, que estão naturalmente presentes em muitos alimentos”, afirma Filipa Melo de Vasconcelos, Subinspetora-Geral da ASAE, em comunicado.
De acordo com especialistas da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), a exposição a esta substância “oferece possíveis efeitos nocivos no sistema nervoso, no desenvolvimento pré e pós-natal e na reprodução masculina”.
Testes laboratoriais mostram ainda que a acrilamida na alimentação pode provocar cancro em animais e que aumenta potencialmente o risco de cancro para os consumidores de todas as idades. Contudo, os peritos da EFSA declaram que “estes efeitos não são considerados preocupantes, com base nos atuais níveis de exposição alimentar”.
Ainda assim, é fundamental evitar os seus efeitos nefastos, garantem os especialistas. Um dos métodos é cozinhar os alimentos a temperaturas mais baixas. “Evite fritar, grelhar ou assar alimentos a altas temperaturas e evite deixar a superfície dos alimentos demasiado tostada ou queimada. Se o alimento que está a cozinhar é rico em amido, tenha especial atenção e cozinhe-o por um período mais longo com uma temperatura reduzida”, lê-se, no comunicado da EFSA.
Outra solução é optar por métodos de cozedura mais saudáveis. “Ao preparar alimentos, dê preferência a métodos de cozedura mais saudáveis, como cozinhar a vapor, ferver, cozinhar no forno ou grelhar em vez de fritar. Estes métodos reduzem a formação de acrilamida”, explicam os peritos.
Por último, a EFSA aconselha a que se siga uma dieta mais variada. “Ter uma dieta variada e equilibrada é sempre recomendado. Além de ajudar a reduzir a exposição à acrilamida, garante uma ingestão variada de nutrientes essenciais”, afirma e entidade.