Fazer exercício físico pode ajudar a prevenir o risco de morte por gripe e pneumonia. Esta é a conclusão de um novo estudo, desenvolvido por especialistas norte-americanos, publicado na última terça-feira.
As diretrizes definidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) fixam que as crianças e adolescentes devem realizar, semanalmente, em média, 60 minutos de atividade física moderada a vigorosa. Para os adultos e idosos, recomenda-se uma atividade física moderada a intensa de pelo menos 150 minutos (2h30).
Segundo a OMS, seguir estas recomendações pode ajudar a reduzir o risco de morte precoce, doenças cardíacas, hipertensão, cancro e diabetes tipo 2.
Já as diretrizes norte-americanas estabelecidas pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (US Department of Health and Human Services, em inglês), em que a equipa da nova investigação se baseou, seguem as recomendações da OMS, referindo que devem ser feitos, também, dois ou mais dias semanais de atividades moderadas de fortalecimento muscular.
De acordo com os investigadores, que utilizaram dados de mais de 570 mil pessoas, retirados da US National Health Interview Survey, recolhidos entre 1998 e 2018, o cumprimento destas diretrizes pode reduzir o risco de morte por gripe ou pneumonia em 48%.
Esta percentagem foi demonstrada quando os participantes cumpriram tanto as recomendações para atividades aeróbicas como de fortalecimento muscular. Contudo, cumprir apenas as metas de atividades aeróbicas foi associado a um risco 36% menor de morte por gripe ou pneumonia, explicam os investigadores.
Os participantes do estudo responderam a várias perguntas relativamente aos seus hábitos de treino físico, tendo sido colocadados em grupos diferentes, de acordo com o cumprimento ou não da quantidade mínima recomendada de exercício físico.
A equipa explica que dos voluntários, que foram acompanhados, em média, durante nove anos depois de a investigação ter começado, 1516 morreram por gripe ou pneumonia durante esse período.
Bryant Webber, epidemiologista do Departamento de Nutrição, Atividade Física e Obesidade do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA, e autor principal do estudo, explica, citado pela CNN, que este estudo pode ser uma “ferramenta poderosa” para ajudar as pessoas a protegerem-se contra a morte por gripe ou pneumonia.
E acrescenta que, mesmo para os que não conseguem cumprir as recomendações à risca, mas fazem exercício físico, também existe algum tipo de proteção: fazer entre 10 e 149 minutos de atividade física aeróbica por semana foi associado a uma redução de 21% do risco de morte por gripe ou pneumonia.
“Descobrimos que qualquer nível de atividade física aeróbica, mesmo em quantidades abaixo do valor recomendado, reduziu o risco de morte por influenza e pneumonia, em comparação com nenhuma atividade deste tipo”, informa Webber.
O estudo, publicado no British Journal of Sports Medicine, também concluiu que não houve benefícios adicionais em pessoas que faziam, semanalmente, mais de 600 minutos de atividade aeróbica.
E em relação aos exercícios de fortalecimento muscular, o estudo demonstrou precisamente o contrário para aqueles que faziam sete ou mais treinos por semana, com a equipa a detetar um aumento de 41% no risco de morte por gripe ou pneumonia.
Como este foi um estudo observacional, não é possível definir o que causa ou previne as mortes por gripe ou pneumonia, apenas os fatores que foram associados a um nível maior ou mais baixo da existência desse risco, explicam os investigadores, pelo que será necessário continuar a investigar.