Um novo estudo, realizado por investigadores das universidades de Oxford e Pequim e do Imperial College London, em Londres, concluiu que a exposição prolongada à poluição do ar pode provocar problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, mesmo em níveis baixos.
A investigação, que pretendia perceber se há, de facto, ligação entre a qualidade do ar e a incidência de problemas deste tipo, acompanhou, durante 11 anos, quase 400 mil adultos no Reino Unido e chegou à conclusão de que os que vivem em áreas com maior poluição eram mais propensos a passar por episódios de ansiedade ou depressão.
Os resultados foram observados também nas situações em que os valores relativos à qualidade do ar estavam dentro dos padrões legais de controlo da poluição do ar.
Um relatório com informação relativa à qualidade do ar de mais de 6 mil países, em 2021, realizado pela empresa Suíça IQAir, concluiu que nenhum país conseguiu atingir, nesse ano, o padrão de qualidade do ar definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com a organização, a quantidade média anual de partículas PM 2,5, todas as que estão na atmosfera que não ultrapassam 2,5 micrómetros de diâmetro e que têm origem, por exemplo, nos veículos com motores de combustão, não deve ultrapassar os 5 microgramas por metro cúbico. Antes de 2021, o valor médio anual recomendado era de dez microgramas, mas mesmo em concentrações baixas a OMS alerta que estas partículas são capazes de provocar problemas de saúde graves.
“Considerando que os padrões de qualidade do ar de muitos países ainda estão bem acima das últimas diretrizes globais de qualidade do ar da Organização Mundial da Saúde para 2021, devem ser implementados padrões ou regulamentos mais rígidos para o controlo da poluição do ar”, defendem os investigadores do estudo, citados pelo The Guardian.
Para a realização do estudo, a equipa utilizou o banco de dados biológicos Biobank do Reino Unido e classificou o nível de poluição do ar nas áreas em que os participantes viviam, tendo em conta as concentrações de PM2,5 e PM10, dióxido de nitrogénio e óxido nítrico: na amostra utilizada, ao longo dos 11 anos de acompanhamento, identificou 13131 casos de depressão e 15835 de ansiedade.
O mais surpreendente no decorrer da investigação foi perceber que, à medida que a poluição do ar aumentava, aumentavam também os casos de depressão e ansiedade, e que a exposição a longo prazo a baixos níveis de poluição era tão provável de conduzir a diagnósticos relacionados com saúde mental como a exposição a níveis mais altos.
A fraca qualidade do ar, com a poluição crescente, já tem sido associada a vários problemas respiratórios, mas os investigadores deste estudo, publicado no Journal of the American Medical Association Psychiatry, afirmam agora que têm surgido grandes evidências de que a saúde mental também é afetada.