Todos os anos, na data em que se comemora do dia mundial das hepatites virais, a 28 de julho, volta-se a tocar nas mesmas teclas: prevenção, diagnóstico e vacinação. São estas as três palavras que podem mesmo salvar ou melhorar a vida aos 325 milhões de pessoas que, neste momento, têm algum tipo de hepatite (A, B, C, D ou E). A este número, há que somar todos aqueles que desconhecem ser portadores da doença, porque os sintomas nem sempre se manifestam, permitindo assim o alastrar dos danos colaterais. Só em Portugal, deverá haver cerca de 40 mil portugueses infetados com o vírus da hepatite C sem o saberem. Mas basta uma simples picada no dedo para deixarem a ignorância e garantirem o acesso ao tratamento permite salvar vidas, evitar transplantes e devolver a qualidade de vida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já decretou a urgência de promover os esforços necessários para eliminar as hepatites B e C como uma ameaça à saúde pública até 2030. Este ano, o mote da campanha mundial é “As hepatites não podem esperar”.
Ao mesmo tempo, alerta-se para a realização regular de análises ao fígado, de modo a detetar-se atempadamente as doenças como a hepatite crónica, a cirrose e o cancro do fígado, e iniciar os respetivos tratamentos.
Embora, na generalidade dos casos, a hepatite seja uma doença evitável, tratável e até curável, no caso da hepatite C, ainda causa 1,4 milhões de mortes por ano. Em Portugal, segundo os dados Infarmed, foram autorizados, desde 2015 até ao dia 01 de julho de 2020, 27.239 tratamentos e iniciados 26 mil. A taxa de cura mantém-se nos 97%, com 15.909 doentes curados e 572 não curados.
No caso da hepatite A, como explica Ana Miranda, internista do hospital Beatriz Ângelo, “o vírus é transmitido pelo consumo de alimentos ou água contaminados por fezes de uma pessoa infetada”. Esta variante não evolui para a cronicidade. A vacina existe e recomenda-se a quem viaja para países menos desenvolvidos.
A B transfere-se através do contacto com fluidos do corpo e é o tipo mais perigoso e grave, mas pode ser prevenido com a vacinação que é administrada em três doses e faz parte do plano nacional, sendo por isso gratuita. A hepatite C também se transmite da mesma forma, através do contacto com drogas injetáveis ou contacto sexual desprotegido. “Em cerca de 80% dos doentes infetados, a hepatite evolui para doença crónica. Em 20% deles, a infeção pode levar a cirrose ou cancro do fígado”, alerta a médica. As versões D e E são mais raras e menos graves.
Os sintomas (ver caixa) são parecidos em todos os casos. Perante as queixas, o médico deve perguntar pela história clínica, descobrir qual o tipo de hepatite que está em causa, através de análises ao sangue, e rematar com uma ecografia. A partir do diagnóstico, levar-se-á o tratamento a diante, que é mais agressivo no caso da B e da C – em correndo bem, elas acabam por tornar-se crónicas.
Além das hepatites virais, ainda existem as tóxicas, causadas por abuso de medicamentos, álcool e drogas. e as autoimunes, em que o sistema imunitário produz anticorpos que atacam as células do fígado.
SINTOMAS
As doenças do fígado têm natureza assintomática. Esteja por isso atento aos seguintes sinais de alerta:
- febre
- mal-estar
- fadiga
- perda de apetite
- urina escura
- fezes claras
- desconforto abdominal
- pele e olhos amarelados
COMO PREVENIR
Alterando alguns comportamentos de risco, diminui-se a probabilidade de se apanhar algum tipo de hepatite viral:
Praticar uma boa higiene
Ter cuidado com alimentos crus e com a água não potável
Não partilhar objetos cortantes
Usar preservativos nas relações sexuais
Não consumir bebidas alcoólicas ou drogas em excesso
Não abusar de medicamentos ou de plantas desconhecidas
Ser vacinado