Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, utilizou uma frase proferida pelo “suíço que geria a pandemia” (Alain Berset, membro do Conselho Federal da Suíça), em abril de 2020, para refletir sobre as fase da pandemia em que nos encontramos: “Agir tão depressa quanto possível, mas tão devagar quanto necessário”.
Na sua apresentação, na reunião no Infarmed entre especialistas e o Governo para avaliar a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal, e em que está em cima da mesa a eventual redução das medidas de restrição, o especialista referiu que o “tempo da pandemia é ainda relativamente curto”, pelo que, “temos de estar muito atentos ao que ainda pode acontecer”.
Henrique Barros refere que “as pandemias não duram eternamente: mudam. O agente pode desaparecer ou pode passar a ficar presente nas populações em intensidades variadas, e reiniciar um novo ciclo de infeções e doença”. As medidas de combate foram positivas, “mudaram a relação entre o número de casos positivos e impacto da infeção”, asseverou.
E se em causa está agora um alívio das restrições, o especialista notou que “há muito se pensa em função da gravidade da doença e não dos casos”.
O vírus está “endémico”, sublinhou, mas com isso, acrescentou, não quer dizer que seja menos grave, “a tuberculose e a malária também são endémicas”.
Sobre as medidas restritivas, disse, Portugal foi um dos “países de maior liberdade”. Com exceção do fecho das escolas, o que não aconteceu nos Países Baixos, nem na Alemanha – os dois países que apresentou como comparação –, “não fomos” os que tiveram maiores limitações à circulação.
O “caminho de saída”, apontou, tem de ser feito com cautela.