Acredita-se que este pode ser o teste “revolucionário” que irá permitir identificar precocemente o cancro da mama, dos ovários, do útero e do colo do útero, utilizando uma única amostra. Este novo método é denominado WID-Test e utiliza as amostras retiradas no exame ginecológico de citologia cervical, já utilizado para verificar a saúde do colo do útero e conhecido por Papanicolau.
De acordo com dois artigos publicados na Nature Communications, os investigadores, utilizando as amostras deste exame, descobriram que o novo teste pode identificar mais mulheres com alto risco de diagnóstico do cancro de mama ou de cancro no ovário do que os atuais testes baseados em genética.
O que os investigadores fizeram foi utilizar amostras do teste como um tecido para medir marcas no ADN das células cervicais e descobriram que elas podem estar especificamente relacionadas com o facto de alguém ter cancro.
À medida que as pessoas vivem, o seu ambiente e o estilo de vida vão mudando e essas alterações mudam a forma como o ADN é expresso. A metilação do ADN é um dos processos que faz com que existam essas alterações, que podem ser indesejáveis na forma como as nossas células se comportam, e influenciar a predisposição a doenças, incluindo o cancro. É isso que é analisado no novo método.
“O teste WID procurará as pegadas no DNA de uma mulher ao longo da vida, registando a sua condição e se ela está a desenvolver cancro”, disse Martin Widschwendter, da Universidade de Innsbruck e UCL, que liderou a pesquisa.
Os primeiros resultados sugerem que este novo método é capaz de identificar mais de 76% das mulheres com maior risco de cancro da mama, em comparação com 47% dos métodos que estão a ser utilizados atualmente. Para o cancro nos ovários, identificou-se quase dois terços das mulheres com maior risco, acima dos 35% alcançados pelos testes atuais.
Apesar de ainda não terem sido divulgados, os resultados sobre a capacidade do teste na previsão do cancro no útero e no colo do útero são animadores. O novo teste, garantem os investigadores, pode ajudar a identificar os quatro cancros ginecológicos, que representam mais de 50% de todos os cancros em mulheres na Europa.
“Criar uma nova ferramenta de triagem para os quatro cancros que mais afetam mulheres e as pessoas com órgãos ginecológicos – particularmente aqueles que atualmente são mais difíceis de detetar num estágio inicial – a partir de um único teste pode ser revolucionário”, disse Athena Lamnisos, diretora executiva do Eve Appeal, que está a financiar a pesquisa, lado a lado com o Conselho Europeu.
A equipa espera agora conseguir testar a nova tecnologia em grandes ensaios populacionais para ver se o teste WID prevê com precisão o cancro antes que ele ocorra e fazer comparações realistas com os testes atuais.