Investigadores do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) queriam demonstrar a eficácia e segurança das três vacinas aprovadas nos Estados Unidos contra a Covid-19, Pfizer-BioNTech, Moderna e Janssen. Através da análise de um grupo vacinado contra a doença – 6,4 milhões – e outro que não recebeu a vacina contra a Covid-19, mas tinha sido inoculado contra a gripe – 4,6 milhões – chegaram à conclusão de que, além de serem eficazes a evitar doença grave, hospitalizações e morte, tal como tinham já provado estudos anteriores, as três vacinas fazem ainda mais.
No relatório semanal do CDC publicado na última sexta-feira, lê-se que os vacinados contra a Covid-19 têm, além de menor probabilidade de morrerem por Covid-19, também menos possibilidades de morrerem por outra causa nos meses seguintes. “Quem recebeu a vacina contra a Covid-19 teve taxas mais baixas de mortalidade por causas não Covid-19 do que as pessoas não vacinadas, depois de haver um ajuste em relação à idade, sexo, raça e etnia e local de estudo”, lê-se no estudo, motivado por um anterior, com conclusões semelhantes, mas abrangendo apenas idosos residentes em lares.
Os participantes voluntários foram acompanhados entre dezembro de 2020 e julho deste ano e da análise excluíram-se todos os que morreram de Covid-19 ou os que tinham realizado um teste ao coronavírus com resultado positivo, recentemente.
Para análise dos dados foi usada a medida do “risco relativo”, que é a relação da probabilidade de um determinado evento ocorrer num grupo exposto ao objeto do estudo versus o grupo de controlo, ou não exposto. Neste caso, vacinados e não vacinados. Este rácio é usado para avaliar a força da associação entre a exposição a alguma coisa e o seu efeito.
Assim, entre quem recebeu duas doses da vacina da Pfizer, 34% apresentou probabilidade de morrer de causas não relacionadas ao coronavírus nos meses seguintes, em comparação com quem não foi inoculado com a vacina, descobriu o estudo. Em relação às pessoas que tomaram duas doses da vacina da Moderna, 31% apresentaram probabilidade de morrer em relação às não vacinadas. Já relativamente à vacina da Janssen, da Johnson & Johnson, as pessoas que receberam a sua dose única tinham 54% de probabilidade de morrer.
“As taxas de mortalidade entre quem recebeu a vacina Janssen não foram tão baixas relativamente aos que receberam as vacinas mRNA”, lê-se no relatório. “Esta descoberta pode ter a ver com diferenças nos fatores de risco, como o estado de saúde subjacente, e comportamentos de risco entre os destinatários das vacinas de mRNA e Janssen, que também podem estar associados ao risco de mortalidade”.
Entre pessoas dos 12 aos 17 anos, o risco de mortalidade não diferiu entre vacinados com a vacina da Pfizer-BioNTech e não vacinadas, sendo que 12 morreram durante o período de estudo, nesta faixa etária.
Os investigadores escrevem, ainda, que “o menor risco de mortalidade após a inoculação com vacinas contra a Covid-19 sugere efeitos substanciais (ou seja, pessoas vacinadas tendem a ser mais saudáveis do que pessoas não vacinadas)”, sendo que estes efeitos “serão explorados em análises futuras”, tendo em conta também todas as limitações do estudo, como o facto de ser observacional.