As mulheres que estão a amamentar e que estiveram infetadas com o SARS-CoV-2 apresentam anticorpos no leite materno 10 meses após a infeção. A conclusão é de um recente estudo levado a cabo pelo Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque, que analisou 75 mulheres que tinham estado infetadas com o novo coronavírus e concluiu que 88% apresentavam no leite materno anticorpos capazes de neutralizar o SARS-CoV-2.
Liderada pela médica Rebecca Powell, a investigação foi ainda capaz de descobrir que os anticorpos permanecem no leite materno 10 meses após a infeção. Além disso, a especialista acredita que os anticorpos do leite materno podem ser benéficos para adultos com estados graves de Covid-19, uma vez que a Imunoglobulina A secretora (IgA) é capaz de sobreviver nas áreas mucosas, prevenindo a entrada e ação do vírus.
Os anticorpos no leite materno não são iguais aos presentes no sangue, onde predomina a Imunoglobulina G (IgG). No leite materno, revela o The Guardian, que dá conta deste recente estudo, o principal anticorpo presente é a Imunoglobulina A secretora (IgA).
Um outro estudo, desta vez levado a cabo pela Universidade de Amesterdão, analisou mais de duas mil mulheres lactantes entre outubro de 2020 e fevereiro de 2021 e concluiu que um total de 691 participantes (30,6%) tinham anticorpos específicos para o SARS-CoV-2 no leite materno. Destas participantes, 524 (23,1%) tinham anticorpos IgA e 356 (15,7%) tinham anticorpos IgG. Tal como concluiu a equipa de Rebecca Powell, também este estudo diz que “os anticorpos IgA específicos para o SARS-CoV-2 no leite humano permanecem presentes pelo menos 10 meses após a infecção confirmada por reação em cadeia da polimerase”.
No estudo da presença de anticorpos, a equipa de Powell analisou ainda o leite materno de 50 mulheres vacinadas com as vacinas da Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson e foi a vacina da Moderna e da Pfizer as que apresentaram uma maior taxa de Imunoglobulina G (IgG) no leite materno, 71% e 51% respetivamente. No caso da vacina da Johnson & Johnson, a presença de IgG foi de 38% e de IgA de 23%.
No início deste mês, um outro estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, já tinha revelado um aumento do número de anticorpos de imunoglobulina A (IgA) no leite materno após a toma da segunda dose da vacina contra a Covid-19.