O parecer da Comissão Técnica de Vacinação que sugere que apenas as crianças e adolescentes com doenças de riscos sejam vacinadas contra a Covid-19 foi concluído sem unanimidade dos especialistas, apurou a VISÃO.
O grupo de peritos passou os últimos tempos a debater a questão, havendo diferentes opiniões, o que levou a que o documento tenha sido concluído com base na posição da maioria. O parecer que rejeita a vacinação geral de todos os menores de 16 anos foi já entregue à Direção-geral de Saúde (DGS), entidade que terá agora de tomar a decisão final sobre a imunização dos mais novos. Este parecer não é vinculativo.
Segundo o parecer Comissão Técnica de Vacinação Contra a Covid-19 – grupo criado pela DGS e novembro de 2020 -, a vacinação só deve ser feita aos adolescentes que tiverem comorbilidades, ou seja, uma ou mais doenças que aumentem o risco perante o vírus Sars-Cov2. É o caso do cancro, do síndrome de Down e de outras doenças. Esta decisão, que gerou um debate longo e aceso entre os elementos da comissão, surge depois de um grupo de pediatras ter também elaborado um parecer no mesmo sentido e que revelava igualmente a divisão que existe no País quanto a este assunto.
Por um lado, há médicos e especialista que consideram que as vantagens de vacinar as crianças são grandes e se deve avançar com a imunização, uma vez que a Agência Europeia de Medicamentos avaliou e deu luz verde a, pelo menos, uma vacina (a Pfizer) para os adolescentes. Após o aval deste organismo, a própria Comissão Europeia aprovou a 31 de maio, o uso desta vacina da BioNTech/Pfizer para adolescentes dos 12 aos 15 anos, explicando, no entanto, que a decisão cabe sempre a cada um dos países da União Europeia.
Por outro lado, há peritos e clínicos mais críticos que alegam que há ainda muitas incertezas quanto aos benefícios e riscos da vacinação desta faixa etária. Por isso, encontrou-se uma solução intermédia, como fez também o Reino Unido,
A Comissão Técnica da Vacinação para a Covid-19 é constituída por Válter Bruno Fonseca, médico de medicina interna; José Monteiro Marques, pediatra, Luís Graça, imunologista; Manuel do Carmo Gomes, epidemiologista; Luísa Rocha Vaz, médica de Medicina Geral e Familiar; Raquel Moreira, virologista; Teresa Alves Fernandes, bióloga; Maria de Lurdes Silva, enfermeira e três farmacêuticas: Diana da Silva Costa, Ema Paulino Pires e Maria de Fátima Ventura.
Em breve será anunciada a decisão final da DGS, sendo que a Task Force da Vacinação tinha planos para começar a imunizar os mais novos durante o verão, ainda a tempo do inicio do novo ano letivo.