António Costa revelou esta noite as linhas vermelhas que o País não pode ultrapassar: os 120 casos por 100 mil habitantes a 14 dias e um Rt (índice de transmissão) superior a 1. Quando estes dois fatores estiverem acima desses valores, avisou o primeiro-ministro, terá de se regredir. Porém, o gráfico gerou surpresa entre os especialistas, pois são valores muito mais rígidos do que tinham sido propostos pelos peritos que estavam a estudar o assunto para o Executivo.
Segundo o documento entregue ao Governo na terça-feira e elaborado por vários peritos, a linha vermelha, que obrigaria a um novo confinamento, surgiria quando houvesse 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias ou um Rt superior a 1.2. Entre os dois cenários, a zona de conforto (120 casos e um Rt menor de 1) e a zona de alerta (mais de 240 casos e um Rt superior a 1.2) existe ainda uma zona intermédia em que os peritos recomendavam apenas cautela.
Mas o gráfico de cores com os níveis de risco apresentado esta quinta-feira pelo primeiro-ministro era mais simplista e apenas mostrava um critério para medir o risco em quatro fase : os 120 casos por 100 mil habitantes a 14 dias e o índice de transmissibilidade inferior a 1.
Níveis de risco apresentados pelo Governo
Assim, ou apenas se tratou de uma simplificação do quadro, o que está a gerar confusão por fazer parecer que quando se ultrapassam aqueles dois valores ao mesmo tempo se entra na zona vermelha, ou o Governo decidiu mesmo ser muito mais exigente nos critérios do que as propostas dos peritos. Isto porque, segundo especialistas ouvidos pela VISÃO, não é difícil Portugal ultrapassar aqueles dois valores de risco definidos por António Costa na Páscoa. Até porque, o Rt está já nos 0.84 e os casos nos 105 por 100 mil habitantes
Segundo especialistas ouvidos pela VISÃO, não é difícil Portugal ultrapassar aqueles dois valores de risco definidos por António Costa já na Páscoa
O documento com a definição das linhas vermelhas começou a ser elaborado há algum tempo num grupo que integrava vários elementos da Direção-geral de Saúde, como André Peralta Santos, Baltazar Nunes, Carla Nunes e Bernardo Gomes, e tinha a colaboração de Manuel Carmo Gomes e do matemático e investigador Carlos Antunes – os autores do primeiro trabalho sobre linhas vermelhas sobre o qual Costa chegou a pedir consenso.
Entretanto, e depois da proposta de Raquel Duarte e do matemático Óscar Felgueiras sobre o plano de desconfinamento ter sido apresentada, segunda-feira, na última reunião do Infarmed, António Costa pediu que os grupos se juntassem e chegassem a consenso quantos aos critérios a ponderar para o desconfinamento. E foi assim que num documento enviado na terça-feira, os peritos sugeriram a Costa que considerasse uma situação de conforto quando os casos fossem menos de 120 por 100 mil e o Rt menor de 1 e uma situação de alarme máximo quando o Rt chegasse aos 1.2 e aos 240 casos.