Há quase um mês que não havia tantos casos de infetados e internamentos em Portugal com Covid-19. Esta sexta-feira, foram divulgados 377 novos casos, dos quais 89% na Região de Lisboa e Vale do Tejo,. A 8 de maio tinham sido 553. Segundo os dados da Direcção-geral de Saúde (DGS), os número têm mostrado sinais de subida nestes primeiros dias de junho, altura em que ultrapassou os 300 casos por dia. Subida que se verifica intensamente em seis concelhos da Grande Lisboa onde as infeções com Covid-19 cresceram 150%: Amadora, Loures, Montijo, Odivelas, Seixal e Moita.
Apesar deste cenário, na conferência de imprensa diária sobre a evolução da pandemia, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, referiu esta sexta-feira que “o nosso país está à beira de controlar a situação epidémica e portanto temos de fazer um esforço final”. Uma situação que causou alguma surpresa.
Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, diz-se “apreensivo” com o que se passa nesta zona. “Não há um aumento exponencial, mas também não há está a baixar”, nota. O médico diz que não vê como “uma situação crescente possa corresponder a controlada”, no entanto, ressalva que a diretora-geral da Saúde pode ter mais informações e números que não são conhecidos publicamente.
Graça Freitas fez um “apelo muito sério” aos portugueses que estão positivos para a Covid-19 ou que estão sob vigilância das autoridades devido a contactos próximos com infetados para que “mantenham o isolamento durante 14 dias”, sublinhando que “essas pessoas não devem ir trabalhar e os seus filhos não devem ir à escola nem a nenhum outro sítio público”.
Na próxima semana há dois feriados (três, no caso de Lisboa) e muitas pessoas prepararam-se para uns dias de férias. Não descurar os cuidados de distância física é muito importante. “Serão férias diferentes, com outras regras, em que podemos descontrair, mas com cuidado”, concluiu Graça Freitas. Ricardo Mexia corrobora: “É importante que as pessoas da zona de Lisboa não relaxem”.
Segundo explicou a DGS à VISÃO, “controlar” significa “manter uma baixa incidência da doença (de casos novos), sem haver atividade epidémica”. “A DGS acredita que é possível controlar a doença se forem observadas as medidas de saúde pública preconizadas, com especial destaque para o distanciamento físico e para o confinamento e isolamento nas circunstâncias determinadas pelas autoridades de saúde”, referiu.
A ideia de Graça Freitas ao pedir um último esforço aos portugueses é, assim, alertar a população para o facto da situação estar agora nas mãos dos cidadãos. As autoridades de saúde têm apostado tudo em atuar localmente nas zonas com mais infeções e parecem acreditar que, perante os números altos, mas não avassaladores, e a estabilidade em grande parte do País, é possível controlar a pandemia.